XIV - Fatalidades

424 71 4
                                    

Estava nevando muito quando Nathan deixou o baile e por um momento ele ficou ali parado, olhando para o céu, deixando flocos gordos e fofos pousarem em suas bochechas.

Deveria ficar escuro, mas não estava. Nuvens encobriam a lua e as estrelas, mas o céu brilhava suavemente, refletindo a luz de lâmpadas da rua de modo que era quase tão brilhante como o dia, em tons de cinza.

- Está nevando! - Ele exclamou e poderia ter rido de alegria se seu coração não sofresse tanto neste momento.

Os mórmons balançaram a cabeça, rindo docemente para ele.

- Você não vai ficar tão empolgado quando a nevasca voltar em março. - Stacy sorriu para ele.

Nevou a noite toda e todo o dia seguinte. Nathan se sentou perto da janela e repetiu os mesmos pensamentos várias vezes até achar que estava ficando louco.

"Cody está com Logan."

"Não, isso não é verdade, é ridículo. Logan não é gay, você o ouviu dizer no boliche."

"Sim, mas abra os olhos, ele estava francamente defensivo quando Larry o chamou de bicha e ele foi rápido em dizer que não estava vendo ninguém. Talvez seja porque ele realmente ama Cody e ele disse isso apenas para manter sua conexão em segredo."

"Não! Eles são amigos e não há mais nada."

"Mas ele o beijou na festa quando havia três de nós a observá-los."

"Isso não significa nada!"

"Pelo contrário! Significa tudo!"

Nathan ficou feliz por ter apenas dois dias de aula na semana seguinte. Teria que se submeter a ver Logan e Cody na segunda-feira e terça-feira e, em seguida, não iria vê-los dobrar em direção ao outro ao longo do corredor para falar calmamente ou até rindo, embora o sorriso de Cody soasse um pouco forçado.

Na quarta-feira, o primeiro dia do feriado de Ação de Graças, a neve parou de cair. O céu estava claro e brilhante, de um azul surpreendente, o vento soprando mais forte do que nunca estava tão congelado que parecia perfurar todos os casacos que ele possuía. Seu pai não falou em mandá-lo para casa de sua mãe para as festas tradicionais.

E já não estava na sua agenda desde que ele ligou para ela, muito menos agora, em sua cabeça, pelo menos. No entanto, ele sabia que não poderia evitar o assunto de sua mãe duas vezes na mesma semana. Não lhe surpreendendo, seu pai bateu na porta de seu quarto naquela noite.

- Nathan? - Ele acabara de voltar do trabalho e ainda usava o uniforme, o coldre pendurado no quadril. - É hora de ligar pra sua mãe.

Nathan estava deitado em sua cama no escuro e olhando. Ele havia passado as últimas quatro horas imaginando o que seu amigo estava fazendo. Para tentar não imaginar se ele estava com Logan, para tentar não imaginá-lo tocando-o e beijando-o enquanto sussurrava segredos para ele em um quarto escuro e distante. Ele estendeu a mão e apertou o botão para levantar a agulha do disco e deixar o silêncio assentar.

- Não tenho nada a dizer pra ela.

Seu pai cruzou os braços e encostou-se ao batente da porta, mesmo que fosse desconfortável empurrar a arma para o seu quadril.

- Está tudo bem, Nathan?

- Sim, estou bem.

Seu pai esfregou o bigode com um dedo.

- Eu sei que você nunca quis vir pra cá e achei que seria melhor quando as aulas começassem e você pudesse conhecer garotos da sua idade, mas isso não parece funcionar. Parece estar piorando.

MarginalOnde histórias criam vida. Descubra agora