Segunda-feira começou mal e rapidamente piorou. Nathan se sentiu como se fosse tóxico, o conhecimento terrível do acidente de Logan e Shelley preso em um canto escuro de seu coração.
Ele havia orado pela primeira vez em anos na noite anterior, perguntando a Deus, porque Ele fora lamentavelmente capaz de deixá-lo sofrer desse jeito e pediu que polpasse sua vida. E na luz fria da manhã, pareceu-lhe algo realizável. Logan estava ferido, mas era forte. Ele era enorme e cheio de vida. Se alguém poderia superar isso, era ele.
Nathan foi à escola com um pequeno lampejo de esperança. Como não podia dizer nada, ele apenas assistiu a repercussão. Havia poucos alunos na primeira aula. Era cálculo, e como era a turma mais avançada do ensino médio, eram poucos a participar. Meia dúzia geralmente, mas neste dia, eram apenas quatro.
Nathan olhou para a mesa deserta que normalmente estava ocupada pela silhueta imponente do quarterback. Na segunda aula, as pessoas começaram a sussurrar. Ele viu duas alunas do segundo ano chorando nos braços uma da outra. Amigas de Shelley, sem dúvida. As coisas se concretizaram na terceira aula.
A professora chegou atrasada e quando ela finalmente apareceu, seus olhos estavam vermelhos e inchados. A turma desordenada se acalmou imediatamente, pressentindo que seu mundo estava prestes a entrar em colapso. Era claro que os sussurros nos corredores haviam se encerrado, naquele momento, porque em cada sala de aula, os professores fizeram o mesmo anúncio.
- Alguns de vocês podem ter ouvido os rumores, mas acabamos de tomar conhecimento. - Ela colocou as mãos nos lábios na tentativa de se recompor. - Houve um acidente na noite passada. Shelley e Logan... - Ela engasgou. - Nós perdemos eles...
- Apenas Shelley. - alguém corrigiu. - Ouvi dizer que Logan está no hospital.
A professora sacudiu a cabeça, novas lágrimas nos olhos.
- Ele estava, mas... não mais.
A pequena faísca de esperança no coração de Nathan se apagou. Os estudantes permaneceram em silêncio, deixados numa escola anestesiada, povoada por pessoas chocadas. Nathan trabalhou no modo automático o resto do dia. Seus professores nem se deram ao trabalho de dar palestras e permaneceram em silêncio, alguns chorando mesmo sem restrição dos estudantes.
Os estudantes... Antes do acidente, Nathan havia pensado que teria sido difícil odiar a escola mais do que já fazia, mas ao longo do dia, sua raiva foi cristalizando. O que deveria ter sido uma lembrança coletiva rapidamente se transformou em uma forma de competição.
Cada garota proclamou que tinha saído com Logan. Todo mundo tinha visto Logan no dia anterior. E ele tinha certeza de que a mesma coisa estava acontecendo entre os colegas de Shelley.
"Eu falei com o Logan no telefone na sexta-feira."
"Eu disse a Shelley pra não ir a Casper."
"Eu disse que sairíamos juntos esse final de semana, mas isso nunca acontecerá agora."
"Eu sei que ela ia me pedir pra sair comigo."
"Eu lamento que tenhamos terminado..."
"Eu", "Eu", "Eu", - Era tudo o que ele ouvia, as pessoas estavam trocando memórias que pareciam aumentar a cada minuto, tentando demonstrar que tinham mais razão para lamentar ou para chamar a atenção para seus soluços nos corredores. Todos, exceto um.
Nathan não precisava ver Cody para saber que ele não estaria contando histórias em seu armário nem tagarelando ao lado do bebedouro. E procurou por ele nos corredores, concentrando-se nesse familiar tufo de cabelos negros. Ele chegou adiantado em seu único curso em comum e permaneceu empoleirado na beira de seu assento entre os mórmons, ansioso para se juntar a ele no segundo em que entrasse.
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Marginal
Teen Fiction"Apenas pare de chorar. É um sinal dos tempos. Vai ficar tudo bem. Eles me disseram que o fim está próximo. Temos que sair daqui." Sign of the Times - Harry Styles 1986 O que deveria ter sido o melhor verão da vida de Nathan Bradford azeda quando se...