XVIII - (Des)Confiança

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Cody trabalhou no dia 31 de dezembro e Nathan o pegou no final de seu turno.

- Prometi ao meu pai que não iria sair amanhã à noite. - disse ele. - Mas como ele vai trabalhar a noite toda, você pode vir pra minha casa se quiser.

Eles eram muito mais cuidadosos quando se encontravam na casa dele do que na de Cody porque nunca sabiam quando o pai dele poderia voltar. Mas havia uma enorme TV à cabo para assistir e uma despensa cheia de lanches. Deixando de lado a limitação nas atividades sexuais, a casa de Nathan era muito mais agradável para passar o tempo.

- Eu gosto da ideia.

Nate saiu do estacionamento Tomahawk e se dirigiu para a casa de seu namorado. Eles estavam indo para passar duas horas juntos antes dele ter de regressar para o seu toque de recolher e o interior da caminhonete parecia cheio de promessas.

Desde o Natal, eles gastaram muito tempo testando maneiras agradáveis ​​de usar suas mãos como suas bocas para dar e obter prazer e Cody sabia que ambos pensavam muito a esse respeito quando estavam sozinhos em seus quartos e nessa noite de véspera de Ano Novo. Mas toda a excitação e expectativa que ele sentia pela noite morreu quando passaram sob os trilhos.

Lá, estacionado em frente à sua casa, estava o carro de sua mãe, como se ela nunca o tivesse deixado. Nathan estacionou ao lado dele e olhou em sua direção. Ele nunca lhe fizera nenhuma pergunta e Cody não sabia se ele percebera que ela havia sumido ou se supunha que ela estivesse no trabalho.

- Você ainda quer que eu fique? - ele perguntou, segurando o freio de mão.

O coração de Cody estava acelerado, o estômago tremeu com espasmos de nervosismo. As luzes que se filtravam através de suas cortinas diziam que ela estava na sala de estar e assistindo TV.

- Não vai dar pra fazer isso hoje à noite eu acho.

- Ok. - Nathan agarrou a mão dele. Eles não podiam se abraçar aqui, mesmo no cockpit, porque estavam em risco também de ser vistos pelos vizinhos, mas suas mãos estavam baixas o suficiente para estar fora de vista. Cody se confortou com a suave pressão em seus dedos. - Você pode me ligar quando quiser, desde que seja antes das dez horas.

Cody assentiu, hesitante. Naquele momento, queria ficar escondido no carro dele para sempre. Eles também poderiam se virar e sair. Entrar na rodovia e dirigir para fora do Estado. Nesse ponto, ele não se importava com a direção tomada e não importava se acabariam em Utah, Colorado ou Nebraska, desde que fugissem de Warren.

"É isso aí Cody, vocês ficarão muito bem com cinco dólares no bolso e o tanque pela metade." - Ele apertou a mão do namorado uma última vez antes de sair do caminhão. Subiu lentamente os degraus para casa, tentando descobrir o que estava sentindo. Não sabia se estava aliviado por ela ter voltado ou por ela ter saído em primeiro lugar.

Ela não se virou para ele quando  Cody entrou. Ela deve ter tomado banho quando chegou porque seu cabelo ainda estava molhado. E estava assistindo Simon & Simon, uma lata de cerveja aberta na mesa de café, um cigarro preso entre os dedos.

- Você voltou. - ele se conteve pensando que o óbvio era a única coisa sobre a qual ele conseguiu falar.

Ela assentiu, seu gesto seco e abrupto.

- Sim. - Sua voz estava tensa assim como seus ombros, embora ele não soubesse se ela estava com raiva, vergonha, ou não queria falar com ele. Ela se inclinou para deixar cair as cinzas de seu cigarro no cinzeiro cheio. - Eu estava preocupada, mas... - Ela limpou a garganta, envergonhada. - Você se virou bem, não foi?

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