XVII - Presente

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Cody acabou desistindo da idéia de fazer o loiro entender por que eles não deveriam mostrar que eram amigos.

Nada do que lhe dissera o fizera mudar de ideia, por um lado e, por outro, tinha que admitir que estava realmente feliz pela mesa ao lado da sua não ficar mais desocupada. Todas as manhãs, o encontrava para ir a escola e depois o deixava em casa ou no trabalho no final do dia, alguns dias até o levava de volta para casa depois do trabalho.

Cada hora que não era gasta no restaurante, na escola ou na dormindo, eles passavam juntos. Às vezes, apenas assistiam TV ou jogavam as cartas que o loiro trouxera da carroceria. Outras, quando o tempo estava bom, pegavam o carro de Nathan e exploravam as estradas ao redor de Warren.

As noites de fim de semana eram muitas vezes dedicadas ao dever de casa na mesa da cozinha, lado a lado. Se Cody sentia o peso da presença um pouco insistente demais, se notou que ele estava um pouco perto demais dele no sofá ou que ele encontrou todas as desculpas possíveis para tocá-lo, decidiu não ver aquelas atenções como nada além de amigáveis.

Algumas noites, ficou surpreso ao mergulhar nesse calor entre sonho e realidade, onde imaginava, no meio desses momentos de neblina, beijar seu amigo. Às vezes repetia a cena onde encontrara um motivo para contornar a mesa e pegar a sua mão e iniciar um lânguido processo. Mas quando sua consciência emergiu, se recusou categoricamente a reconhecer esses pensamentos.

A lembrança do período de silêncio gelado entre eles era o suficiente para trazê-lo de volta à Terra. Ele havia arriscado tudo uma vez, para vê-lo virar as costas e não podia suportar que isso acontecesse novamente. Além disso, tinha preocupações maiores, como sua mãe. Ou, para ser mais exato, a completa ausência de sua mãe.

Ela estava saindo à noite algumas semanas antes do baile de ex-alunos, o que significava que ela estava chegando quando ele já estava no trabalho ou na escola. Ela estava saindo antes que ele voltasse e não voltava para casa até que ele estivesse dormindo. Nestas condições eles raramente se viam. Aconteceu antes e ele estava acostumado a se cuidar sozinho.

Mas depois de um tempo, Cody finalmente percebeu que ela não estava voltando para casa. A pilha de cartas estava crescendo no balcão, algumas exibindo o selo de pagamentos atrasados ​​espalhados pelos envelopes. Na terça-feira antes das férias de Natal, ele acordou com o som de um trem passando pelos trilhos a poucas centenas de metros de sua casa.

Por hábito, ele olhou para o despertador digital ao lado da cama. A tela estava preta, o que o fez franzir a testa e se sentar, esfregando os olhos. A casa estava numa escuridão total, assim como o céu lá fora. Isso significava que não eram nem sete da manhã, sem dúvida, e bem antes de Nathan chegar.

Ele foi até a cozinha para descobrir que nada acontecia quando apertava o interruptor. E estreitou os olhos para decifrar o velho relógio pendurado na parede e ver que eram apenas seis e meia. Ele teria tempo de voltar para a cama, mas sem eletricidade, iria tomar banho frio.

Acontecia regularmente na primavera e no outono, quando as tempestades eram comuns, mas no inverno, apenas uma nevasca poderia causar uma falha de energia. O chão ainda estava coberto por uma espessa camada de neve da última tempestade, mas as estradas estavam claras.

Isso significava que não nevara naquela noite. Cody viu Vera pela janela e correu para a varanda para aborda-la antes que ela entrasse no carro para chegar ao posto de gasolina.

- Ei, Vera?

Ela se virou para ele, embora ele não pudesse ler sua expressão naquela luz fraca.

- Sim?

- Tem eletricidade aí?

- Sim, tudo funcionando bem.

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