IV - Aceitação

525 76 24
                                    

Cody à parte, Nathan não conhecera nenhuma outra pessoa de sua idade em Warren.

Ele tinha visto alguns meninos na vizinhança e passou por outros indo até o supermercado, mas os evitou intencionalmente e os lugares que seu amigo havia mencionado anteriormente.

Não que fosse tímido, mas ainda não estava preparado para lidar com o tédio do ensino médio. Cody retratou a escola de Warren como o esgoto do inferno, e quanto mais tempo ele pudesse evitá-la, melhor.

Quando viu outros adolescentes na cidade que lhe deram olhares curiosos sem falar com ele, Nathan decidiu fazer o mesmo. Uma semana antes do início do ano letivo, sua sorte o deixou.

- Nathan. - seu pai ligou certa tarde quando ele estava prestes a sair de casa. - Você gostaria de ir almoçar na cidade alta?

- Por que cida alta quando tudo é do mesmo nível?

Seu pai inclinou a cabeça enquanto dava um sorriso.

- Não tenho ideia agora que você disse isso. Talvez seja o modo como se dividem as cidades pequenas?

Nathan deu de ombros.

- Tanto faz.

Eles permaneceram em silêncio por alguns minutos até chegarem ao que era considerado o centro da cidade de Warren. Foi só quando o carro estacionou que Nathan entendeu para onde estavam indo.

- Na Drug City?

- Joe me disse que era um bom lugar para comer bem e rápido.

- Vamos procurar um restaurante em vez disso.

- Nós comemos no chinês duas vezes esta semana!

Ele estava certo, e Nathan também se cansava disso, mas se explicasse ao pai as verdadeiras razões de sua resistência, ele nunca entenderia. Nathan suspirou e o seguiu para dentro.

O saguão era o mesmo que os que ele vira antes, menor apenas com seus cartões de felicitações, pirulitos e brinquedos de plástico. A parede dos fundos era ocupada pelo balcão e por uma fonte de soda de outra era, cercada por banquetas. No outro extremo estava outro balcão e era lá que os adolescentes também estavam, alguns nas mesas, outros nas banquetas.

Nathan e seu pai escolheram lugares no balcão o mais longe possível dos outros jovens, cujos olhares curiosos ele ignorou. Eles pediram presunto grelhado e sanduíches de queijo, acompanhados de leite maltado.

Após a refeição, seu pai pediu licença a ele e foi ao banheiro. Nathan não queria ficar sozinho, nem por um minuto, mas resistiu à vontade de segui-lo como uma criança assustada.

- Você é o novato. - disse um dos adolescentes no minuto em que seu pai desapareceu.

Ele era um clichê de garoto rico com o paletó usado sobre uma polo com o colarinho para cima. Nathan não teve dificuldade em imaginar o desprezo de Cody e estava certo de que o sentimento teria sido recíproco. Ele próprio se vestiu assim quando chegou ali, mas mudou sua endumentaria aos poucos.

- Sim, Nathaniel Bradford. - ele disse, já que não tinha como ignorá-lo.

- Já vimos você pelos cantos.

O que ele deveria responder? Eles se sentaram em silêncio constrangedor até que uma das meninas começou.

- Venha à velha mina hoje à noite, gostaria de vir?

- É! - acrescentou um segundo que era gordinho e o cabelo ondulado.

- Além disso, você mora apenas duas casas da minha, você sabe disso, podemos ir juntos.

MarginalOnde histórias criam vida. Descubra agora