Que assim seja!

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A viagem foi tranquila. Não houve nenhum imprevisto ou nenhum tipo de tentativa alheia dos inimigos de nos derrubar. Viktor sabia o que estava fazendo e no quesito "confundir e deixar o inimigo despreparado", era maestria dele.

Chegamos na Romênia exatamente às 10h da manhã, como o previsto. Fomos para uma casa que Viktor possui na região e nos alimentamos de umas pessoas que foram hipnotizadas para nos servir pelos dias que ficaremos aqui.
Eu estava muito cansada. Mesmo me alimentando, continuava me sentindo fraca e indisposta. Viktor percebeu e ordenou que eu descansasse um pouco antes da "missão".

- Helena? Deite-se um pouco. Você precisa estar indestrutível para sua missão.

Já me senti assim antes. E mesmo assim, enfrentei batalhas muito piores e venci TODAS elas. Tentei insistir..

- Não será necessário! É questão de segundos para o sangue começar a fazer efeito em meu organismo.

Viktor me olha com um olhar divertido, arqueando uma sombrancelha. Ele se aproxima e diz:

- Bom, tudo bem. O organismo é seu! Você o conhece melhor do que eu!

Assim que ele terminou a sua frase, eu me levanto da cadeira em que estava sentada. Ao fazer isso, sinto uma tontura enorme e a minha visão fica turva. Quando estou prestes a cair ao chão...

- Opa, opa, opa! Peguei você!

Num piscar de olhos, Viktor me segura em seus braços musculosos. Eu olho para ele um pouco confusa. Tento empurrá-lo, mas sinto meu corpo tremilicar e, novamente, perco o equilíbrio. E mais uma vez...

- Xii...Calma, morceguinha. Eu tô aqui...Vou te colocar na cama.

("Morceguinha"?!? Prefiro este ao "saborosa"!)

Quando Viktor me pega em seus braços para me colocar na enorme cama de casal do luxuoso quarto, eu acabo vomitando em seus sapatos ultrabrilhantes.

(É agora que ele me mata!)

- Viktor...m-me...me desculpe! - eu disse, um pouco arfante.

- Não se preocupe. Apenas deite-se! - ele diz de forma calma.

Ele sai em direção ao banheiro em alta velocidade. Viktor volta de lá com uma toalha molhada. Ele se senta ao meu lado na cama e limpa a minha boca. A sua atitude me deixa em choque.

(Viktor Bartholy sendo...gentil?)

Ele faz movimentos suaves e delicados com o pano. Ele limpa os meus lábios e o meu pescoço. É tanta ternura e atenção, que sinto a sua áurea ficar mais leve e menos sombria.

Olho brevemente para os seus sapatos...ainda estão sujos. Viktor, se levanta e vai ao banheiro. Vejo-o jogando a toalha no lixo, junto com os seus sapatos. Ele volta para o quarto e coloca um novo par de calçados. Ele pega o seu celular e pede para um dos servos tirar o lixo e limpar o tapete (onde eu vomitei também!). Após essa rápida ligação, ele volta para mim e susurra:

- Descanse, Helena. Você ficará bem. - ele me cobre com dois cobertores e sai do quarto.

----------- Ω -----------

Acordo sobressaltada. Olho no relógio da cômoda ao lado da cama, e vejo que já são oito horas da noite.

- Dráculas! A missão! Viktor vai me matar!

Me levanto da cama e começo a me arrumar bem depressa. Prendo o meu cabelo em rabo de cavalo bem alto e pego a minha arma e as balas de prata. Corro em direção à porta do quarto e vou em direção ao elevador. Este demora para chegar, e sem paciência, eu saio feito um trem desgovernado e desço as escadas da imensa casa. Sim! Temos elevador aqui! Ao chegar no térreo, sinto meu coração desacelerando gradualmente e todos aqueles terríveis sintomas voltam a se apossar do meu corpo. E mais uma vez...

- Helena...? O que faz aqui? Estás louca?!? Por que saístes do quarto? - Viktor me questiona um pouco surpreso. Ele olha para as minhas roupas como se eu fosse uma palhaça.

- Viktor... A missão! - eu insisto, já me sentindo tonta.

- Esqueça a missão, Helena! Já está tudo resolvido! - ele me assegura.

- Como assim?!?

- Está resolvido!

Eu olho ao redor tentando entender o que está acontecendo e com um suspiro de dor...

- Vi-Viktor... Meu co-coração... Do-do.. Dói...demais!

Uma lágrima cai dos meus olhos. Eu me apoio em seus ombros. Ele está assustado. Ao olhar para as minhas mãos, vejo que minhas veias estão muito saltadas e muito escuras. Elas vão estourar!

Viktor me coloca contra ele em seu colo e corre para o elevador. Sinto muita falta de ar e um gosto de sangue podre na minha boca. Eu encontro força para o beliscar e me jogo no chão do elevador, vomitando em todo o chão e paredes daquele apertado ambiente. Viktor se ajoelha ao meu lado e segura o meu cabelo para eu vomitar. Tudo dói em mim. Neste momento, já não enxergo mais nada. Está tudo escuro e a única coisa que eu faço é vomitar e vomitar sangue. Ouço Viktor gritando pelos servos e pelos capangas. Ouço passos apressados. Paro de vomitar por alguns instantes. Sinto-me sendo erguida e sendo coberta pela capa de Viktor. Ainda que eu esteja perdendo a minha consciência pouco a pouco, consigo ouvir as ordens que Viktor dá a todos que nos cercam.

- VAMOS! ANDEM LOGO COM ISSO! CUIDADO COM ELA! TROQUEM OS LENÇÓIS! QUERO UM AQUECEDOR AQUI! SAIA DA FRENTE, IDIOTA!

Ele está preocupado e parece...desnorteado! Nunca o vi assim!

Meu corpo está em uma superfície macia. Presumo que seja a cama. Deixo-me ir. Se esta é a minha hora de morrer, que seja! Verei a minha família outra vez e para sempre ficarei com eles.

Lua de Sangue - Is It Love? Viktor BartholyOnde histórias criam vida. Descubra agora