Simples Assim

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- E aí? Está pronta?

- Quase! Falta só passar um batom.

- Pra que isso, meu amor?

- Pra...sei lá...pra realçar os meus lábios, Peterzito.

- Mas você não precisa disso! Seus lábios têm um tom rosado natural tão lindo que não precisa de batom. E outra, eu quero beijar essa boca! Então, não vai adiantar de nada, pois você ficará toda borrada!

- Peter seu safadinho! Pare de fogo!

- Sinto muito! Não consigo! Você me deixa louco!

- Bobo!

Desisto de passar o batom e me aproximo do meu lindo vampiro e lhe dou um selinho.

- Vamos? -eu lhe convido.

- Sim!

Peter me oferece o seu braço para que eu entralaçe o meu com o dele e assim, vamos para o nosso encontro.

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O centro da cidade está bem movimentado. Há vários casais como nós aproveitando a noite. Luzes coloridas enfeitam a ruas e cantores de rua compõem a trilha sonora dessa noite tão charmosa e acolhedora.

Nos dirigimos a um banquinho e nos sentamos bem perto um do outro. Uma brisa fria toca o meu rosto me trazendo uma sensação de paz que me fazia falta por algum tempo. Peter me envolve em seus braços fortes e musculosos e dá vários beijinhos e roça o nariz na minha cabeça. Eu fecho os olhos curtindo o seu gesto delicado. Não imaginei que ele fosse tão carinhoso. Viktor era muito carregado de luxúria, quase não tínhamos momentos assim. Não que eu não goste de sexo, mas...sei lá...às vezes é bom dar uma acalmada. Acho, inclusive, que esses momentos mais "tranqulilos" tornam o sexo melhor.

Após alguns minutos apreciando a música de fundo e as pessoas se divertindo, eu enfim, decido contar a Peter o que aconteceu nos últimos meses e...no dia de hoje. Contudo, tenho dificuldade de colocar tudo para fora.

- No que está pensando? -sou surpreendida por sua pergunta certeira.

- Hum... Como sabe que estou pensando em alguma coisa? Não sabia que você tinha o dom de ler mentes assim como Nicolae. -tento parecer descontraída.

- E eu não tenho...é só que...eu conheço você, Helena. E sei que algo está te preocupando e te deixando muito triste.

-Está tão na cara assim? -eu olho para ele.

- Sim...-ele diz num tom melancólico. -Eu só não te perguntei nada antes porque não queria te pressionar. Seria bom se você desabafasse comigo, se você quiser.

A sensibilidade de Peter me toca ao ponto de uma lágrima escorrer. Ele percebe e trata de enxugá-la rapidamente com um beijo delicado na minha bochecha. Eu sorrio sem graça.

- Tudo bem. Eu...eu vou te contar... -eu respiro fundo.

- No seu tempo, Helena. -ele me assegura.

Enfim, após longos suspiros, eu conto a ele tudo o que me aconteceu. Conto sobre a suspeita de traição, sobre a forma estranha e repentina da mudança de Viktor, das agressões e da forma como Sara me ajudou a me curar. Falei do dia fatídico de hoje...do divórcio e da forma fria que ele agiu...como se nunca tivesse me conhecido.

Peter fica em silêncio por alguns minutos. Ele está com o olhar perdido e parece processar as informações que acabou de receber. Há dúvidas em seu olhar.

- Peter, não quero que pense que vim atrás de você porque estou te usando para esquecer Viktor. A verdade é que... o meu coração sempre teve um espaço para você, mas por um tempo, ficar com Viktor, me parecia mais "comodo". -ele continua em silêncio e agora está encarando suas mãos. - Peter, eu sempre nutri sentimentos por você... -ele esboça um sorriso triste como se não acreditasse. - Sim! Sempre! Nós últimos dias, eu pensei sobre muitas coisas e uma delas foi sobre o fato de você estar sempre comigo. Você me salvou da morte naquele porão horrível rodeado por lobisomens, você se arriscou por mim. Você me fez rir, me encorajou a fazer coisas que já não me agradavam mais como tocar o meu violino depois de tantos séculos. E agora, mais uma vez, você está aqui comigo...me amparando...me amando. E eu quero fazer o mesmo por você.

Peter suspira e finalmente, resolve falar.

- Eu não sei o que dizer, Helena. -meus olhos enchem de lágrima.

-Peter, eu não quero só...chegar na mansão...que nem uma louca quando tudo estiver ruindo e transar loucamente com você no sofá e esperar o Drogo aparecer e cortar o clima. Eu quero...quero receber e retribuir o seu amor na mesma intensidade. Eu quero ser sua. Quero que você seja meu. Não quero errar mais. Eu perdi você uma vez e me recuso a te perder de novo.

Vejo lágrimas em seus lindos olhos esmeralda. E acaricio os seus cabelos negros-azulado.

- Helena, eu quero você...quero muito. E sim! Eu também não quero só transar com você no sofá da sala e esperar o Drogo aparecer e cortar o clima. Eu também quero ser só seu e ponto final. E eu quero muito, nossa! Como eu quero receber de volta o seu amor, mas sabe...acho que devíamos apenas...curtir esse sentimento que está...renascendo. -eu olho confusa para ele. - Eu e você já passamos por muita coisa, não só no amor, mas nas nossas vidas também, então...vamos dar um passo de cada vez. Temos a eternidade para isso.

Eu pisco algumas vezes, mas sinto desesperançada. Ele não está errado, afinal! Eu estou um misto de emoções, apesar de saber bem o que eu quero e...o que eu não quero.

Peter nota o meu desconforto e entrelaça os seus dedos nos meus. Ele me olha com carinho e me assegura:

- Vamos combinar um coisa?

- Aham...

- Que tal...você ser você e eu ser eu?

Eu franzo a testa e tento entender a sua proposta. Tudo para Peter ou é música ou é filosofia. Por fim, entendendo o que ele quis dizer e concordo.

- Sim! Eu serei eu e você será você.

- Simples assim. -ele diz descontraído.

- Simples assim. -eu repito animada.

Nós nos beijamos e nos aconchegamos um nos braços do outro ao som de James Bay, Let it go.

Eu...

E

Você

Ponto final.







Lua de Sangue - Is It Love? Viktor BartholyOnde histórias criam vida. Descubra agora