Tic-tac

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Dedico à SabrinaBarbosaSantos

---------- Ω ---------

Os minutos estão passando, exceto o mal estar que estou sentindo. A ampulheta continua lá, inerte... Apenas cumprindo a sua função: de me torturar lentamente. Pelo tamanho de sua sombra, acredito que deva ser perto do meio dia. Não está muito quente, o que é muito bom já que estou sem a minha pulseira, mas os raios de Sol ainda me incomodam. O inverno começa no mês que vem e isso está amenizando os efeitos destrutivos que o Sol teria em mim, num dia de verão, bem ao meio dia.

Tento me levantar para mudar de lugar, pois o Sol já está refletindo onde estou. Não consigo dar um passo e preciso me locomover me esgueirando na parede. Estou com uma exaustão fora do normal. Caio e acabo me arrastando para conseguir chegar ao outro lado do enorme cômodo. Sento-me no canto mais escuro e fico em posição fetal. Quando abraço as minhas pernas, sinto a minha pele muito rígida e seca. Olho para os meus braços e vejo as minhas veias muito saltadas e escuras igual daquela vez quando viajei à Romênia com Viktor para...matar uma família inteira de lobos.

Santo Drácula! Estou passando por tudo aquilo outra vez! Chegue logo Viktor! Se eu tiver que morrer, não quero morrer nas mãos dos inimigos!

------- Ω -------

[Viktor Bartholy]

-DESGRAÇADO! MALDITOS SEJAM ESSES LOBOS! ARRRGGGGHHH!

Estou descontrolado. Sentado no meu carro, sinto-me preso. Um sentimento que há séculos não me dominava agora vem com toda força como se fosse um furacão: desespero! Lágrimas rolam pelo o meu rosto como se eu fosse uma criança. Eu bato as minhas mãos no volante do carro incessantemente. Choro, xingo e me xingo. Aperto as minhas mãos na minha cabeça e grito de ódio, raiva e medo. Medo de fracassar...medo de perdê-la.

- AAAAAAAAAAAAAHHHHH!

Estou arfando. Eu destruo o interior do carro. Arranho os bancos como se fosse um animal selvagem que acabou de ser tirado de seu habitat natural.

Apoio as minhas mãos no capô do carro. Olho para os meus sapatos ultrabrilhantes e ouço os ponteiros do meu relógio de pulso fazerem "tic-tac, tic-tac...". Eu olho para mim no reflexo do espelho lateral do carro. Estou acabado, machucado por fora e por dentro. Sempre soube que o amor era uma furada. Era uma furada até eu conhecer Helena.

(Isso me torna um pedófilo?)

Eu a conheci quando ela era apenas uma garotinha, mas só começei a ter interesse por ela quando já era uma mulher.

Eu não acreditava que um vampiro como eu se deixaria levar por emoções tão devastadoras, tão usurpadoras como as que o amor nos proporciona...me proporciona. Emoções essas que usurpam toda a nossa capacidade de ser apenas uma "misera pilha de segredos".

"Tic-tac, tic-tac..."

Eu olho no meu relógio outra vez. Já se passaram quinze minutos desde que aquele verme me telefonou.

"Viktor, deixe de frescura e lute pela mulher que ama." - eu falei comigo mesmo enquanto chutava a lataria do carro.

- Olha, ficar conversando sozinho e surtando a cada cinco mimutos não vai trazer a sua mulher de volta. Então, sugiro que você mexa o seu traseiro e vá buscá-la.

Eu olho para o lado e vejo Drogo. Ele tem razão. Eu me aprumo, arrumo a gola da minha camisa e dou alguns passos em direção ao lado do motorista, mas Drogo se aproxima rapidamente e me para.

- Não, não, não! Vamos no meu carro. Com essa lata velha que você transformou o seu carro, nunca chegaremos a tempo.

Ele tem um ponto muito importante. Eu concordo e vamos para o seu carro.

Ao chegarmos no carro de Drogo, eu o empurro para o lado e me sento no banco do motorista. Drogo, é claro, fica puto.

- Ah, paizão! Qual é?

- Drogo, preste muita atenção: vocês e a Helena só estão nesta confusão por causa de um erro meu no passado. Então, EU dirijo. E outra, só eu sei a direção que temos que ir e não estou com o pingo de paciência para ficar dando instruções para você de como chegar lá. Fui claro?

- Tah! Fazer o quê! Faça como quiser! Nosso tempo está contado.

-Ótimo! Submisso! Assim que eu gosto.

Quando nos sentamos - cada um em seu respectivo lugar - vejo Peter, Lorie e Nicolae se sentando no banco de trás. Lorie no meio dos dois. Eu olho confuso para eles. Nicolae apenas assente com a cabeça. Peter com seu ar melancólico de sempre, porém com uma raiva emando de sua áurea, olha pela janela com uma expressão bem séria e concentrada. Lorie, com sua inocência de criança, brinca tranquilamente com seu coelho de pelúcia. Mas eu sei que ela, assim como Peter, são os mais perigosos dos quatro irmãos. Dependendo de seus estados de espírito, acredito que sejam até mais perigosos do que eu.

Olho para o meu relógio mais uma vez. Vejo que se passaram dezessete minutos. Eu coloco o cinto e todos fazem o mesmo, não que precisamos dele, mas vamos entrar em terreno de humanos. Não quero ter que parar numa blitz e ter que matar um policial.

- Todos prontos? -eu pergunto.

Eles assentem com a cabeça e Lorie me dá um sim animado.

- Pisa fundo! - Drogo diz.

Eu piso no acelerador e partimos para o covil dos lobos.

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E aí? Como está o coração de vocês?
O meu está saltando e quase saindo pela boca.
Aguente aí morceguinhas! Mais emoções estão a caminho.
Beijos e tchau!💖😍😰😰😰😰😰🚘

Lua de Sangue - Is It Love? Viktor BartholyOnde histórias criam vida. Descubra agora