Vermes

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[Peter]

O caminho de volta para a mansão é angustiante. Ninguém fala uma palavra, até mesmo Drogo e Lorie que estão sempre com alguma respostinha na ponta da língua ficaram quietos e de cabeça baixa o trajeto inteiro. Viktor está muito nervoso e posso ver culpa em sua linguagem corporal. Mas agora, isso não adianta, pois Helena continua inerte e cianótica no banco de trás do carro.

---------- Ω ---------

Chegamos na mansão e a chuva continua bem forte. Eu coloco Helena no maior sofá da sala e apoio a sua cabeça em uma almofada. Não demora muito e Nicolae chega com uma bandeja cheia de porções, alguns instrumentos cirúrgicos e utensílios de curativo ( panos, gazes, espaladrapo, algodão, linha de sutura...).

Estamos todos ao redor de Helena. Nicolae se ajoelha e começa os procedimentos. Ele limpa os ferimentos e dá pequenos pontos neles. Ele pega duas porções da bandeja e mistura as duas em um recipiente pequeno.

- Por favor, preciso que alguém segure a cabeça dela para que o líquido desça por sua garganta. - pede Nicolae.

Eu, sem hesitar, prontifico-me e seguro a sua cabeça. Tenho dificuldade de erguê-la. O corpo de Helena está cada vez mais rígido e por consequência, pesado.

Viktor está segurando a mão de Helena. Ele está assustado e em choque. Não diz nada e não se mexe. Ele mantém os olhos nela e em cada movimento de Nicolae. Às vezes, nossos olhos se encontram, mas ele desvia, o que me dá mais raiva ainda! Covarde!

- A porção vai fazer o coração de Helena voltar a bater. O efeito deverá acontecer nos próximos 15 minutos, senão...

- Senão o que, Nicolae? DIGA! -implora Viktor.

- Senão...só teremos uma resposta  daqui a três dias.

Nós nos entreolhamos.

Eu vou matar Viktor Bartholy!

- E até lá? O que acontece com ela? -pergunta Drogo.

- Até lá, ela ficará em uma espécie de coma. Terei que ministrar mais umas doses da porção, para que fique constantemente com o líquido circulando pelas suas veias e pelas suas artérias. Mas, devo avisá-los: se dentro dos próximos 15 minutos, o coração dela não voltar a bater, será...quase que...- Nicolae hesita mais uma vez.

- Diga, Nicolae! Não hesite em nos contar a verdade. -eu o encorajo.

- ...quase que impossível ela passar pelos três dias. Dado que a porção é muito forte e seu organismo está muito fraco para receber repetidas doses do líquido.

Eu solto devagar a cabeça de Helena no travesseiro e me sento no chão, próximo à ela e coloco as minhas mãos na minha cabeça. Viktor continua segurando a mão dela. Drogo está escorado na parede com as mãos no bolso. Nicolae se senta no sofá de frente para o que Helena está deitada. Lorie aperta o seu coelhinho contra o seu peito e encara o chão.

Mais uma vez...silêncio.

Passados os 15 minutos, ouvimos o som de uma batida...a batida de um coração. Está bem fraca e tímida.

Tum...tum...tum...tum...

Eu e Viktor, nos levantamos na mesma hora. Nos aproximamos de Helena e a observamos. Eu chego o meu ovido um pouco mais perto do coração de Helena. Os batimentos estão ficando mais fracos.

- Só mais algumas batidas... Vai você consegue, Helena! Você é forte! -eu sussurro em seu ouvido

Viktor está tremendo e todos estão com os olhos e ouvidos em Helena.

Tum...tum...

O coração dela não continua a bater. Eu me levanto e derrubo uma mesinha de canto. Nicolae põe as mãos em meus ombros me dando apoio e Viktor abaixa a cabeça. Lorie chora e corre para o colo de Drogo. Ele a pega e deposita beijinhos no topo de sua cabeça e conversa baixinho com ela, que soluça e balança a cabeça negativamente de um lado pra o outro.

Nicolae pega a bandeja e vai para a cozinha. Viktor solta a mão de Helena e perambula pela sala. Drogo sai com Lorie e vai para o andar de cima. Provavelmente, vai colocá-la para dormir. Apenas eu e Viktor restamos na sala. Quando ele, enfim, para de vagar pela sala, eu me aproximo dele e digo:

- Feliz Viktor? Feliz em ter acabado com Helena? Satisfeito agora?

Ele me olha com ódio e diz:

- Eu matei o NOSSO pior inimigo! Ele foi causador de toda essa confusão! Eu tentei negociar com ele para ele me devolver Helena, mas ele não quis!

- Negociar? -pergunto indignado. - Negociar o quê, Viktor? Desde quando negociamos com inimigos? E que história é essa de "NOSSO" inimigo??? Hã? Me diga!

- Ele queria o meu trono! Queria ser o líder de todos os sobrenaturais, começando com os vampiros. Vocês não iam querer um lobisomem como líder, queriam? -ele diz sarcástico.

- Aaah, Viktor! Faça-me o favor! Olha como você é vazio! FÚTIL! A mulher que você diz amar estava com o tempo contado para sobreviver e você me perde o tempo fazendo uma negociação com um inimigo pela vida dela, como se ela fosse um mero objeto! E ainda por cima, ficou se preocupando com um maldito de um trono! -estou com sangue nos olhos!

- Olhe bem como você fala do MEU REINADO, SEU VERME!

Eu me aproximo dele e ficamos frente a frente. Eu falo num tom de voz baixo, porém intimidador:

- Eu salvei a sua morceguinha enquanto você resolvia suas questões pessoais. Fissurado em algo vão e meramente jocoso, somente para alimentar a sua vaidade de se manter no poder, no controle de tudo.- eu faço um curta pausa e olho com deboche para ele. -Tão temido por muitos. Vencedor de muitas guerras, que aqui entre nós: você sabe muito bem que quem as venceu foi Helena. E depois de todos esses títulos, de toda a fidelidade de Helena, o Grande Viktor Bartholy não conseguiu salvar a sua amada e a sua mais fiel guerreira. Enquanto eu a tirei de sua própria cova indigente. EU! O INSIGNIFICANTE! Muito paradoxo, não? Então, diga-me, Viktor: Quem é o verme agora?

Antes que ele pudesse me atacar, eu saio da sala e vou para o meu quarto. Sento-me ao meu piano, mas não sou capaz de tocar um tecla sequer.

---------- Ω ---------

Eitaaaass! Gente!
Tem mais por aí!
Beijos morceguinhas!😘🙋🌷💖😰😨😫

Lua de Sangue - Is It Love? Viktor BartholyOnde histórias criam vida. Descubra agora