Somos Carentes!

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No caminho de volta para casa, reflito sobre a estranha discussão que tive com Peter. Jamais pudera eu imaginar a quantidade de cicatrizes que ele carrega por todo este tempo e o quão grande é o seu sofrimento.

O sol já está se pondo e vejo alguns casais passeando pelo centro. Alguns estão conversando, outros estão demostrando afeto um pelo o outro. Há aqueles que estão em silêncio contemplando a companhia um do outro. Eu decido parar um pouco a minha caminhada para continuar a observá-los e percebo o quão carentes somos. Um pouco de amor sincero é capaz de preencher de tal forma o nosso coração que nada mais é importante do que a nutrição que esse ato proporciona.

Lembro-me de uma conversa que Peter eu tivemos há cinco anos... Ele nunca foi verdadeiramente amado por alguém! Por onde ele passava, não havia ninguém que o considerasse "digno" ser amado, como ele mesmo disse. Talvez, a única pessoa que o amasse de verdade, provavelmente, seria a mãe dele, mas que infeizmente partiu antes mesmo de pegá-lo nos braços.

Peter é sem dúvida, um homem apaixonante. Acho todas essas pessoas estúpidas! Ele tem uma personalidade íncrivel! Mas não sei como dizer isso...e também...ele não vai ouvir.

Respiro fundo, olho para alguns pássaros voando e sinto uma tristeza profunda me invadir. É hora de voltar para casa e me afundar nos braços de Viktor.

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Já faz algumas horas que a minha doce Helena foi embora, mas as lembranças dos últimos momentos ainda estão tão frescas que sinto como se ainda estivessemos...discutindo...aqui...no meu quarto.

Olho para o meu corpo e vejo que ainda não estou vestido adequadamente, mas não me importo muito porque estou sozinho mesmo.

Sozinho...

Eu sempre me pergunto se um dia essa solidão vai passar, se um dia vou aprender a me amar e sentir que na verdade, eu não preciso de alguém para me fazer enxergar que...eu sou...

O que eu sou na verdade? Além de um sanguessuga?

A brisa fria da noite toca o meu rosto e balança as cortinas da janela do meu quarto. Eu fecho os meus olhos e o rosto que eu vejo é o de Helena.

Flashback...

"Sinto muito por ter invadido o seu quarto. A melodia era tão linda que...não pude evitar em segui-la. Isso não se repetirá."

Lembro-me da primeira vez que nos encontramos. A expressão assustada que seu rosto expressava ao perceber a minha ligeira irritação ao vê-la no meu quarto. Entretanto, esse sentimento logo passou quando senti o seu perfume e me aproximei de seu corpo. Fiquei até surpreso ao perceber que ela estava...com medo de mim.

"E-E-Eu...sinto muito...muito mesmo! Não queria te incomodar."

Dou uma risada triste com a lembrança. Se eu soubesse o quanto eu seria louco por ela, não a teria mandado sair.

De repente, uma onda de memórias com Helena e da minha longa vida invadem a minha mente acelerando os meus pensamentos. Eu abro os olhos e num sobressalto me levanto e encaro as minhas mãos por alguns segundos. Olho para o meu piano...

Um bom momento para compor...

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-Viktor...?

Caminho pela entrada da minha casa e vejo Viktor ao telefone. Eu me aproximo dele, enchendo seu pescoço e seu rosto de beijos.

- Helena, espere um pouco querida...

Viktor me afasta. Eu estranho essa atitude e decido insistir. Sento-me em seu colo e passo uma de minhas mãos por seu torso à mostra pela camisa preta desabotoada. Com a outra mão acaricio os seus cabelos e continuo beijando o seu rosto e movimento lentamente o meu corpo contra o seu.

Ele não vai resistir!

- Helena! -ele diz o meu nome num tom irritado enquanto tampa o telefone. - Não vou falar de novo!

Viktor me empurra com tanta força que sinto meu corpo arder. Ele mal me olha. Eu me levanto e vou para o nosso quarto.

Sento-me na cama e mexo no meu celular. Vejo uma notificação de solicitação de amizade de uma rede social.

Sara...? Humm...

Demoro um pouco para lembrar da bela morena na foto descontraída segurando um sorvete azul e fazendo uma careta. Decido dar uma olhada no perfil dela.

Nossa! Ela gosta de uma festa!

Surpresa com a vida social dessa garota e me recordando do nosso encontro há um tempo, aceito sua a solicitação de amizade.

Deixo o meu celular no criado-mudo e troco de roupa, colocando uma camisola que Viktor me deu de presente quando completamos três anos de casados. Mais uma vez, deito-me na cama e ligo a televisão. Viktor entra no quarto com uma expressão não muito boa...

- Helena...deculpe-me pela minha rispidez. Estava resolvendo um assunto muito sério.

- Hum...tudo bem... Você...parece estressado.

- É... -ele tira a gravata e o cinto da calça.

Eu penso em safadezas.

- O que você acha de tomar um banho e se deitar ao meu lado? Eu posso aliviar o seu estresse... -eu insinuo.

Viktor me olha frio e tirando a sua roupa ele me ignora e vai para o banheiro.

Alguns minutos mais tarde, Viktor sai do banho, veste o pijama e se deita ao meu lado. Ele me dá um beijo no rosto e se vira para o lado.

Eu fico intrigada com a sua atitude, pois sempre que algo o incomoda, ele sempre conversa comigo. Contudo, esta noite...

- Vi, não quer me contar que assunto sério estava resolvendo? Está relacionado ao clã?

Viktor se vira para mim, impaciente e pede:

- Helena, por favor! Deixe-me dormir! E...desligue esta televisão barulhenta!

Eu o observo por alguns segundos e desligo a televisão. Dou um beijo no seu rosto e a sua barba rala os meus lábios. Viro-me para o sentido oposto de seu corpo e repasso os acontecimentos do dia.

Flashback...

"Eu te amo...eu te amo... Sinto sua falta"

Balanço a minha cabeça negativamente, fecho os meu olhos e pego no sono.





Lua de Sangue - Is It Love? Viktor BartholyOnde histórias criam vida. Descubra agora