"Queridinha"

272 30 6
                                    

O meu relacionamento com Viktor é mais complicado do que desativar uma bomba na Broadway. Tem horas que estamos nos amando loucamente, como se não houvesse amanhã e tem outras, que nos comportamos como se o amanhã já tivesse chegado e terminado! É tudo tão estranho que nem sei mais o que pensar! Para falar a verdade, eu nem sei em que pé estamos! Não sei se ainda sou sua serva, sua namorada, sua peguete, ou apenas... Arghhh! Prefiro não pensar mais nisso! Estou gastando o meu tico e teco demais com toda essa loucura! Deveria estar gastando-os com outras coisas...

- Senhorita, Aragão?

- Humm...Sim, professora!

-A senhorita poderia me dizer, em qual circunstância Jane Eyre foi morar num orfanato quando era uma criança?

("Jane Eyre"??? Que diabos é essa criatura! Quem é???)

Eu fico no ar, olhando a professora com a minha boca entreaberta. Ela, é claro, não ia perder a oportunidade de me dar uma correção.

- Senhorita Aragão, pela sua cara, vejo que não está lendo o livro sobre a história de Jane Eyre, que aliás, vou cobrar na prova da semana que vem.

Os alunos dão risada. Eu reviro os meus olhos.

- Mas.. Professora...eu tenho lido sim, mas é que...

- Então, recomendo que leia com mais atenção até semana que vem! Aliás, isso vale para todos aqueles que se encontram em mesma situação. Nossa aula de literatura está encerrada! Boa semana para vocês! Helena, não vá embora! Quero conversar com você!

(Que ótimo! Só o que me faltava!)

Enquanto os alunos saem, eu arrumo o meu material. Olho de relance para o fundo da sala e vejo Peter me fuzilando com os olhos. Ele também está guardando o seu material. Preciso conversar com ele!

- Senhorita Aragão...? -meus planos são interrompidos.

- Sim?

-Na minha mesa, por favor.

Eu caminho para a mesa da professora. Parando em frente à ela, a professora Estela para de mexer nos seus papéis e me diz:

- Helena, o que está havendo? Você anda muito aérea ultimamente. Está passando por algum momento difícil? As suas notas estão péssimas! O semestre vai acabar em três meses! Você precisa recuperar as suas notas!

- Eh...as coisas...não andam muito bem para mim...realmente...mas...isso vai mudar. É uma questão de tempo! Eu prometo! - eu estralo os meus dedos freneticamente. Estou muito nervosa com essa conversa.

- Não prometa isso para mim! Prometa à você! Você é a responsável pelo seu sucesso! Eu posso te ajudar, se quiser, mas depende de você! Só de você!

Acho estranho o jeito que a professora Estela fala. Parece que ela está me dizendo algo nas entrelinhas!

Vejo Peter sair da sala. Meu foco muda. A professora acompanha os meus olhos e dá uma risadinha.
Eu olho para ela.

- Garotos! Esse...até que vale a pena!

Eu solto um suspiro de surpresa.

- Pode se retirar, Helena. Obrigada por ter ficado.

- Eu peço desculpas! Passar bem!

- Igualmente.

Me despeço com um sorriso amarelo e saio a mil pelos corredores da Universidade atrás do pianista marrento.

-------------- Ω ------------

Avisto ele no final do corredor.

- Peter! -eu grito.

Ele para de andar. Peter vira a cabeça para o lado e o ouço dizer:

Não precisa gritar, Helena. Somos vampiros, esqueceu? Posso te ouvir só por um sussuro.

(Ouch!)

Olho ao redor para ver se não tem nenhum aluno me encarando como se eu fosse uma louca falando sozinha.

- Desculpe! Eu só...não queria te perder de vista.

Ouço risadas irritantes atrás de mim. Contudo, não dou bola.

- O que você quer? -Peter pergunta, longe de mim ainda. Ele finge amarrar os cadarços.

- Prefiro ter essa conversa frente a frente. - eu finjo pegar o meu celular na minha bolsa.

Peter vira o rosto para mim. Seu olhar ainda está frio.

- Encontre-me na biblioteca.

- Certo!

Ele se levanta e vai para a biblioteca. Eu engulo em seco. Quando estou prestes a me mexer, sinto uma mão no meu braço.

- Além de burra, é louca também? Hahaha.

- Samantha! -eu me viro para ela.

- Vejo que sabe o meu nome! Algo de bom pelo menos, não é querida! Talvez, você não seja tão louca assim! Haha.

- Mas é claro que eu sei o seu nome! Já que ele é tão rodado como você!

Ela fecha a cara e suas escravinhas, olham-na esperando uma atitude, que eu não dou oportunidade para ela ter.

- Olha, Samantha...eu não tenho tempo para aguentar as suas frustrações diárias em querer extravasar a sua infelicidade e falta de amor próprio em cima de mim, não tah? Queridinha! Aliás, quem é louca aqui, é VOCÊ!

- O que DISSE?!? Você perdeu o JUÍZO?!?

Eu apenas me viro e saio andando. Mas, Samantha está realmente interessada em fazer a terapia dela em mim, então:

- Olha aqui garota... - ela me vira bruscamente. - NINGUÉM VIRA AS COSTAS PARA SAMANTHA BERKELEY !

- Ah, Não?!? -eu arqueio uma sombrancelha, cruzo os meus braços e empino os meus peichos! Eu me aproximo-dela de forma intimidadora.

- NÃO! SUA...

- Sua o quê? -eu a enfrento.

- Sua insignificante!

Eu suspiro debochadamente. Olho para baixo, medindo aquela 1,63, achando que é 1,80. Não preciso de muito para colocá-la no seu devido lugar. Samantha está fulmegando. Eu chego ainda mais perto e a surpreendo dando um belo tapa em seu rostinho de boneca. Quando ela está prestes a revidar, eu agarro o seu braço, virando-a de costas para mim. Passo uma rasteira nela, deixando-a de quatro no chão. A universidade inteira está nos assistindo. Ela tenta se levantar, mas eu não deixo. Subo em cima dela, e dou um gran-finale.
Finalmente, saio de cima dela. A coitadinha tenta se levantar...em vão, é claro!

-É assim que você deveria sempre ficar, Samantha! De quatro!

Todos batem palmas e riem dela. Eu apenas me arrumo e saio...triunfante em meio aos gritos de uma mimada que foi humilhada perante os súditos que ela acredita ter.

Eu me divirto com a cena. Saio cantarolando uma melodia qualquer e me preparo psicológicamente para a verdadeira batalha que teria a seguir...

Lua de Sangue - Is It Love? Viktor BartholyOnde histórias criam vida. Descubra agora