No Longer You And Me

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[Viktor]

Abro a caixa de correio e vejo um envelope de papel pardo selado com uma etiqueta dourada com a palavra "divórcio" escrita nela. Eu respiro fundo e imediatamente abro a embalagem. Enquanto tiro a papelada, vou para dentro de casa.

Chamo por meus servos para limparem o quintal dos fundos da casa, pois está uma bagunça! Sirvo-me um copo de Whisky e sento-me no sofá e abro o envelope. Tiro os papéis e leio cada um, pacientemente, mesmo sabendo do que se trata. Dou um gole em minha bebida e olho ao redor: silêncio total. Se não fosse pelo maldito acordo que fiz... ela ainda estaria aqui. Sinto uma tontura, mas pisco algumas vezes e me sinto melhor.

As últimas palavras do documento ecoam em minha mente como uma maldição:

"O júri do Conselho solicita a ilustre presença de Viktor Bartholy à sede da dita organização para a Audiência de Anulação de Votos Matrimoniais a realizar-se no dia 25 deste mês, às 21h."

Eu amasso os papéis em minhas mãos e os jogo no chão. Encosto na poltrona que estou sentado e esfrego o meu rosto, almaldiçoando o meu próprio ser.

"Maldito seja eu!"

Levanto-me, pego a minha bebida e paro em frente a janela da sala. Olho para o céu e vejo as estrelas e a Lua. Parece que estão me olhando e me condenando pelo o que fiz e pelo o que eu tenho feito desde sempre.

"Fodam-se!" -eu xingo.

Dou um último gole, levo o copo para cozinha e o coloco na pia. Olho para a geladeira e tenho um déja-vu:

Flashback

"Morceguinha! Assaltando a geladeira! Hehehe"

"Quem?!? Eu??? Hahaha! Não! Só estou checando nosso estoque de sangue..."

Eu me aproximo dela após deixar um copo na pia.

"Sua mentirosinha! Vem aqui, vem!"-eu abraço seu pequeno corpo.

"É sério! Seu bobo!" - ela beija a ponta do meu nariz.

"Você que é boba!" -eu belisco a sua bunda e beijo os seus lábios.

Sorrio com essa doce lembrança que logo muda para o dia em que eu a fiz sofrer outra vez. Ao passar pela sala, mesmo que tudo esteja no seu devido lugar, ainda posso ver os estilhaços de vidro no chão e Helena me olhando com medo. Eu balanço a minha cabeça e vou para o quarto. Talvez, se eu pegar no sono, as lembranças boas e ruins desaparecerão por alguns instantes.

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[Helena]

Nem consigo acreditar que estou perto de me formar! Talvez, eu faça outra faculdade no futuro, mas por enquanto, fico apenas com esta aqui mesmo.

Vejo Sara conversando com algumas pessoas na lanchonete e eu nem sei porquê eu insisto em vir aqui, não posso comer nada e nem beber "suquinhos"! Ela acena para mim e eu retribuo com um sorriso. Mas, ainda assim, eu insisto em me sentar em uma das mesas vazias na parte dos fundos da lanchonete. Mexo no meu celular, respondo algumas mensagens e coloco os meus fones de ouvido. Olho pelo janela e vejo Drogo agarrado a uma morena em frente a fonte que adorna o pátio principal e caminhando para a saída da faculdade, vejo uma silhueta que sempre me agradou muito. Decido ir até lá.

- PETEEEERRR!!!! - eu grito como uma louca enquanto corro até ele já que não posso usar a minha velocidade sobrenatural aqui no meio de tantos humanos.

- Não precisa gritar, Helena. - ele diz sorrindo e me olhando de um jeito zombeteiro. - E por que você está correndo? Era só sussurrar o meu nome que eu pararia de andar e iria até você.

Eu engulo em seco e sorrio de minha própria "babaquice". Finjo recuperar o meu fôlego.

- É...pois é...enfim...

Nós sorrimos.

Caralho! Que sorriso lindo que ele tem.

- Sabe...você deveria sorrir mais, Peter.  - eu sugiro.

- Ah, é? E.. eu posso saber porquê? - ele me questiona divertido.

- Porqueeee...o seu sorriso é tão...-eu suspiro. -...bonito...

Ele sorri para mim e balança a cabeça negativamente.

- Ah, certo! Vou pensar a respeito. - ele pisca para mim.

- Pare de fazer charme! -eu dou um soquinho nele.

- Ah, então você me acha charmoso? -ele diz brincalhão.

- Eu não disse isso!

- Disse sim!

Nós rimos ainda mais e ficamos um tempo em silêncio nos olhando. Eu desvio o meu olhar e pergunto:

- Você está indo pra mansão?

- Na verdade não. Estou indo à uma loja de piano. O meu está horrível! Está bloqueando minha inspiração. Preciso de um novo urgentemente!

- Ah sim! Posso ir com você?

- Humm...se Viktor souber...- eu o interrompo.

- Está tudo bem! Eu sou livre! Faço o que quiser, com quem quiser, onde quiser! - eu digo tentando parecer forte.

Os olhos esmeralda de Peter me sondam. Vejo que ele nota uma certa tristeza em mim, mas como se respeitando o meu espaço, ele não me questiona e aceita a minha companhia. E assim, nós deixamos o pátio da faculdade e vamos para o paraíso do Peter.









Lua de Sangue - Is It Love? Viktor BartholyOnde histórias criam vida. Descubra agora