Satisfações

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Voltamos para casa depois de todo aquele fusuê. O silêncio reinava no carro e nos constrangia, mas nenhum de nós ousava dizer uma única palavra.

Enquanto eu olhava pela janela a paisagem que ia tomando cor a medida que o sol surgia no horizonte, percebi que Viktor estava inquieto. Ele estava sentado ao meu lado. Não parava de se mexer. De vez em quando, ele me olhava, mas quando eu olhava de volta, ele desviava o olhar.

O caminho da festa até a mansão foi longo e eu estava exausta, apesar de ser vampira.

- Bom...acho que por hoje...é só! - eu disse enquanto tirava os meus sapatos e jogava a minha bolsa num sofá qualquer da sala de estar.
Viktor não disse nada. Apenas se afastou.

(Ele se arrependeu do beijo e da declaração que me deu???)

---------- Ω ----------

As semanas passaram, as aulas na faculdade e as pesquisas com Sebastian estão a todo vapor e Viktor continua aqui. Mas ao mesmo tempo que ele está tão perto, ele está tão longe! Isso está acabando comigo! Eu sei que eu deveria odiá-lo cada dia que passa e continuar planejando a minha vingança contra ele, mas algo, aqui dentro, toda vez que o ouço me chamar de "morceguinha" ou "saborosa" me faz ter palpitações. Ou quando ele me olha intensamente e através de nossos olhares, conversamos sem ninguém perceber.

Tentei uma aproximação, mas...foi em vão. Parece até que me converti em um outro sobrenatural tipo: um lobo, uma bruxa ou coisa do tipo! Sempre que chego perto dele...

- Viktor... Precisamos conversar.

- Não posso Helena. Tenho que resolver umas coisas na empresa. Até logo!

- Mas...Viktor... Eu só... Por favor...

- Não posso! Sinto muito! Talvez, uma outra hora...

.... Ele sempre vai embora!

Estou cansada deste comportamento infantil e covarde dele. Como assim? Por que ele está agindo assim? Ou ele me quer ou não me quer!
Sentei-me num banquinho no pátio principal da faculdade e fiquei arrancando as pétalas de uma flor que estava ao lado de onde eu me sentara.

- Bem me quer... Mal me quer... Bem me quer... Mal me...

Sou interrompida por uma sombra.

- Você realmente está se sentindo solitária, hein? Está pior do que eu...

Peter...

- Cuidado ou isso virará um hábito! Haha!

- Haha! Seu bobinho! - eu dou um soquinho nele.

Peter se senta ao meu lado de forma bem relaxada. Ficamos encarando os alunos da faculdade passarem para lá e para cá por alguns minutos. Eu volto a mexer na minha florzinha. Peter apoia os cotevelos em suas pernas. Ele olha para mim e pergunta:

- Você e o Viktor...são "alguma coisa"?

(Uau! Que direto!)

Dou um pulo no banco e me viro bruscamente para ele.

- Não! Não somos!

- Ah, é? Então... Me explique o beijo e a declaração de amor que ele te fez no baile.

Fico constrangida com a sua lembrança. Fingo-me de desentendida.

- Você ficou maluco?!? Do que você está falando, Peter???

- Ah! Para com isso, Helena. Numa festa em que 95% dos convidados eram vampiros e o resto...era todo o resto, você acha realmente que o "flerte" de vocês passou despercebido???

Eu jogo o pouco que ainda resta da margarida em minhas mãos no chão e tento disfarçar olhando para um ponto fixo na grama. Peter ainda me encara.

- E entaãããoo???

(Que garoto insistente!)

- "E então" o quê? -eu tento ser despojada.

- Haha! Olha, Helena, não é por nada não, mas...toma cuidado, tah?

Eu olho para ele. Agora, é Peter quem está encarando a grama. Ele ficou sério de repente.

- Olha...Viktor não é um homem de confiança. Ele é capaz de fazer qualquer coisa para conseguir mais poder ainda. - seus músculos faciais se contraem.

- O que você quer dizer com isso? - sinto a raiva me consumir.

- Não é por nada, mas... Ele matou a sua família inteira na sua frente! Ele pode estar te usando...sei lá... - Peter passa as mãos pelos cabelos bagunçados.

Eu me levanto e transpassando a alça de minha bolsa pelo meu corpo, olho friamente para Peter e digo:

- Olha, Peter...eu sei que você tem os seus problemas, seus medos, suas angústias mal resolvidas, sei também que os seus irmãos não são muito chegados no Viktor, mas isso é problemas de vocês! Eu não sou otária e se ele quisesse realmente só me usar, já o teria feito!

-Aaahhh! Então você confessa...

- Peter... Vai à merda! Eu não lhe devo satisfações da minha vida, aliás... Nem pra você, nem pra Lorie, nem pra Drogo, nem pra Nicolae, nem pra NINGUÉM!

Peter se levanta. Ele ficou bravo também, mas parece até surpreso e chateado com a minha atitude.

-Helena, eu só quero ter certeza de que aqule miserável não vai te machucar! Só isso!

- Por que você está agindo assim? Há algum tempo você está agindo estranho... O que foi, hein?

- Nada! Só pensei que como moramos na mesma casa e estudamos na mesma faculdade e por acaso no mesmo curso, pensei que eu poderia me preocupar e me importar com a sua segurança.

- Peter... Eu venci LUTAS! Lutas, essas, que você não faz ideia da complexidade e periculosidade delas. Estou há anos vagando por esta Terra sem a minha família. Há anos eu luto pela minha própria sobrevivência. Viktor, só me deu casa e roupas caras. Alimento, só recebi dele quando ainda era uma pobre mortal. Além disso, sou centenas de séculos mais velha que você. Então, não me venha com "mimimis". Você PENSOU ERRADO!

Estou ofegante. Peter me encara com aquela melancolia de sempre.

- Não diga que eu não avisei!

Ele sai da minha frente e some no meio dos alunos.

Olho para os lados, ajeito o meu uniforme. O sinal toca, avisando sobre a última aula do dia. Finalmente! Se não fosse a última, não sei se ia aguentar ficar por muito tempo olhando para a cara do Peter!

------------- Ω -------------

Aeeeeeeee!
Consegui postaaarrr!
Estava estudando até agora pouco.😖 Decidi parar e abrir a minha imaginação.
Enfim, boa leitura!
Morod vocês 😁😘💁

Lua de Sangue - Is It Love? Viktor BartholyOnde histórias criam vida. Descubra agora