Entre Livros e Mitos

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Chego no ponto de encontro que Sebastian havia me dito e o espero ali.
O clima está fresco, mas conforme o tempo passa, uma brisa fria começa a soprar, indicando que o outono se aproxima.

Já se passaram 15 minutos desde que cheguei aqui e até agora, nenhum sinal de Jones! Pego o meu celular para mandar uma mensagem para ele, mas sou interrompida por um toque quente no meu ombro direito.

- Helena...? Desculpe o atraso! Tudo bem?

Olho para o homem enorme à minha frente. Sebastian está ofegante.

(O que ele estava fazendo?!?)

-Hum... Estou bem sim! Você... Você parece...um pouco... - eu digo, avaliando o estado dele.

- Ofegante...? - ele completa.

- E... - eu tento continuar, mas ele me interrompe outra vez.

- E...um pouco descabelado e sujo também? - ele sorri ao fazer essas observações.

(Que sorriso lindo!)

Não tinha reparado que ele estava descabelado e sujo. Sebastian está coberto de pó e tem alguns pedacinhos de papel no cabelo dele.
Vendo a minha cara de interrogação, ele me assegura:

- Venha! No caminho, eu te explico. - ele indica o caminho com as mãos e me dá uma piscadela divertida.

- Certo! - eu respondo animada.

--------- Ω ----------

Fizemos um tour pela Universidade inteira. Não era necessário, já que a sala de Jones era logo nos fundos da biblioteca do segundo andar. Contudo, como ele queria me mostrar o meu novo ambiente de estudos, decidimos andar por cada centímetro daquele lugar.

- Por fim, esta é a sala do Memorial. É aqui que artefatos que marcaram a história de Mystery Spell são preservados.

- Interessante! Que tipo de artefatos? -eu ando pela sala.

- Roupas e escritos de mártires, objetos que usaram em guerras, frascos de porções mágicas, diários e muitas outras coisas que você nem imagina...

- Uau! Jones! Isso é uma arca do tesouro! - meus olhos brilham.

- Está um pouco abandonado. As pessoas não valorizam a suas origens... Mais precisamente, a sua história.

Pisco algumas vezes. Não entendi o que ele quis dizer. Percebendo a minha confusão, ele sana a minha dúvida.

- Há anos, este Memorial está assim. Não há uma alma se quer que tenha a compaixão de ser curador deste local único.

Seus olhos perdem o brilho. Isso realmente o entristece.

- Mas por que ninguém quer cuidar deste lugar? - eu pergunto indignada.

-Paga-se pouco, é insalubre, tem aracnídeos por todos os cantos, cheira a mofo e... -ele hesita um pouco

- E...? -eu insisto.

- Ninguém vem aqui!

(Lamentável! Não sabe o que estão perdendo!)

- Então... Se não tem alguém que cuida e ninguém vem aqui, como que este lugar ainda existe?

- Por minha causa!

Meu coração erra uma batida! Sebastian continua.

- Desde que o último reitor da universidade morreu, eu decidi assumir as rédeas cinco dias depois. Esta sala estava vazia e sem vida. Eu acabei trazendo todas as minhas pesquisas de todas as minhas viajens para cá. Organizei-as por data, assunto...

-Hum... Entendo a sua paixão por este pequeno lugar.

- É mais que paixão, Helena! Eu amo este lugar. Amo o meu trabalho. Passo horas aqui. Muito mais do que em minha própria casa. Estou sempre tentando arrumar tudo e deixar mais aconchegante. É por isso que eu estou assim: desgrenhado! - a risada dele é triste. Ele continua. - E... Cada parte daqui, lembra...

Ele abaixa a cabeça. Sua voz fica mais baixa

- Lembra...? - eu me aproximo dele.

- Lembra a minha família.

O clima fica meio pesado na sala. Sinto que, assim como a minha família, a dele não deve ter uma história muito "bonita".
Jones corta o climão me oferecendo um copo de Wiskey.

-Servida? É aqui que vamos ficar. É o melhor lugar para tratarmos de assuntos tão...sobrenaturais!

Eu rio. Ele se senta em uma poltrona elegante, indicando-me a poltrona da frente. Eu me sento e ele me dá um livro muito pesado.

(Ainda bem que sou vampira!)

- O que é isso? -digo apontando para o objeto pesado e empoeirado.

- Uma parte de mim!

-Ahn? - eu arqueio uma sobrancelha.

- Meu diário de excursões. Tem tudo sobre tudo! Ele vai te nortear sobre como ser uma pesquisadora de primeira mão! E claro, eu terei o prazer te guiar nessa fase incrível da sua vida!

Eu olho admirada para cada página daquele documento único.

- E então? Tem alguma dúvida, Helena?

- Não! Nenhuma!

- Ótimo! Podemos começar?

- Sim, mas...antes...só deixe-me...

- O quê?

Eu me aproximo dele. Tiro todos os pedacinhos de papel que repousavam em seus cabelos negros selvagens, como folhas que caíram de uma árvore alta. Eu tiro um pouco da poeira que estava em seus ombros musculosos também. Ele fica surpreso com o meu gesto. Sebastian sorri e me agradece.

- Obrigado...Helena!

- Por nada! Agora,sim! Podemos começar!

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Capítulo bônus pra vocês!
Boa leitura e...
MORDO VOCÊS!
😁😍📒🌌

Lua de Sangue - Is It Love? Viktor BartholyOnde histórias criam vida. Descubra agora