Monstro

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Os últimos dias passaram como uma névoa: rápidos e sombrios! O clima, aqui na mansão, não é dos melhores, mas o clima que realmente está me incomodando, é o que existe entre Viktor e eu. Essa muralha da China que ele fez questão de colocar entre nós está quebrando o meu coração.

Viktor ainda não deixou a mansão, como de costume, o que me frustra mas ao mesmo tempo me acalma, já que a sua presença estranhamente tem me confortado. É! Eu sei que é estranho, mas...sei lá! Nem sei o que dizer.

São duas horas da madrugada agora. A mansão está muito silenciosa. Estou sozinha na sala, de frente para a televisão assistindo filmes para a hora da "bad". Já assisti: "Um Amor para Recordar", "De repente Acontece", "A Culpa é das Estrelas", "O Segredo de Átila", "O Som do Coração" e por aí vai...

As lendas contam, que humanos quando se tornam vampiros, perdem a sua capacidade de ter sentimentos e expressá-los, de sentir a dor outro. Perdem a capacidade de amar. Tudo porque só pensamos em sangue!
Às vezes, fico me perguntando: "Será que isso é verdade mesmo? Será que é por isso que Viktor se afastou de mim? Mas então... Porque que EU continuo amando e sofrendo? Ainda bem, que essas palavras não passam de uma lenda!

Escuto um barulho na porta do hall de entrada da mansão... Fico atenta! Sinto uma energia estranha...ameaçadora. Minhas presas estão cavando os meus lábios inferiores. Meus olhos mudam também. Fico em posição de ataque. A porta se abre...

- Helena...? Acordada ainda?

(É claro! Só podia ser ele!)

Nada respondo. Não sei porquê, mas sinto um ódio crescer dentro do meu peito.

Desligo a televisão e arrumo a bagunça que eu fiz no sofá.
Enquanto eu pego todo o resto de pipoca, chocolate, vinho, catuaba...sinto o olhar de Viktor em mim. Finjo não notar. Ouço-o rir. Ele quebra o silêncio.

- É sério isso? Haha!

Eu olho para ele.

(Argh!Dráculas! Por que ele tem que ser tão lindo?)

- Não sabia que uma vampira tão imponente como você, tenha uma lado dão doce e sentimental assim...haha! Você é hilária, Helena!

Nada digo. Sinto uma lágrima escorrer. Limpo-a rapidamente e passo como furacão por Viktor. Ele me segue. Jogo as embalagens no lixo!
Viktor se aproxima da pia e pega uma garrafa vazia. Ele ri e diz num tom bem...bem...bem Viktor mesmo!

- Catuaba... Sério, Helena? Nossa! Você deve estar mal mesmo, hein? Hahaha!

Sinto outra lágrima escorrer. As observações dele estão me deixando muito mais triste do que eu já estou.

Lavo as minhas mãos e pego um pouco de sangue do congelador.
Viktor se senta em um dos banquinhos do enorme balcão de mármore da cozinha e fica me observando. Ele me acompanha com os olhos. Sinto-me incomodada. Não estou nas minhas melhores vestimentas. Geralmente, estou sempre de baby doll ou uma camisola bem sexy, mas hoje, justo hoje, estou parecendo uma mendiga. E ele continua tentando se comunicar comigo!

- Eu conversei com o conselho sobre uma ameaça interna que ronda o meu clã. Parece que já pegaram o traidor.

Quando estou saindo da cozinha, Viktor agarra o meu pulso e me obriga a ficar de frente para ele. Eu reluto, mas é óbvio que ele é mais forte!

- Helena... Por que me ignora? Você...está estranha... Nunca agiu assim... Há algo de errado?

Eu levanto a minha cabeça e olho em seus olhos azul-acinzentados... Finalmente decido falar.

- Não, Viktor! Está tudo bem! Tudo ótimo! Nunca estive tão bem em todos esses séculos! Me fingindo de otária, perdendo o meu tempo e gastando os meus neurônios tentam te ENTENDER! ENTENDER o que se passa pela sua cabeça TODA VEZ que VOCÊ VÊ O MEU ESTADO e age como SE EU FOSSE MAIS UMA BOLSA DE SANGUE E NÃO A MULHER QUE ESTEVE AO SEU LADO POR TODOS.ESSES.SÉCULOS!

Estou ofegante! Estou cheia de raiva, mas ao mesmo tempo estou destroçada em mil pedacinhos! Cada pedacinho meu, pronto para ser pisado e descartado por Viktor Bartholy. Este, está me olhando chocado! Está confuso. Sinto o seu aperto afrouxar no meu pulso. Eu me solto dele. Estou em prantos! Viktor se afasta e vira de costas. Ele passa uma de suas mãos pelos seus cabelos. Ele suspira, coloca as mãos nos quadris, olha para baixo e balança a cabeça negativamente sem parar. Eu o observo. Estou chorando muito. Sinto-me como uma criança.

Viktor se vira para mim, só que desta vez, ele não está mais com a sua arrogância de sempre. Ele parece...envergonhado.

- Eu sinto muito, Helena. Eu não queria...te magoar assim... Eu sou... Eu sou um monstro! É por isso que... É por isso que não devemos...ficar... - ele hesita. Está nervoso. As palavras saem de seus lindos lábios como farpas.

- DIGA, VIKTOR! DIGA O QUE NÃO DEVEMOS FAZER! É TÃO DIFÍCIL ASSIM? EXPRESSAR-SE?!? Você já teve tantas mulheres e nenhuma delas te ensinou a dizer o que sente?!? - estou soluçando. Estou no limite do desespero.

Viktor franze o cenho, mostrando a sua irritação. Então, é a vez dele de falar.

- NÃO! NÃO, HELENA! Não aprendi nada com nehuma delas porque não tinha nada para elas me ensinarem sobre amor! Elas não me fizeram ver o mundo do jeito que VOCÊ me faz ver! Elas não me beijaram do jeito que VOCÊ  me beijou e me abraçou! Elas nunca se importaram verdadeiramente comigo como VOCÊ se importou por todos esses séculos! Elas não ficaram ao meu lado quando eu mais precisei, mesmo achando que não precisava! ELAS, Helena...NUNCA amaram o monstro que eu sou como VOCÊ...ama. - a voz de Viktor está fraca. Ele está frágil. Ele finaliza: - Você me ama...do jeito...que eu sou. Sem a capa, sem a armadura, sem o poder.

Eu choro e soluço ainda mais.

- Viktor... - a minha voz é fraca, não passa de um sussurro.

-Helena... -Viktor se aproxima de mim.

- Por que você não quer? -eu o questiono, procurando os seus olhos.

Viktor toma o meu rosto encharcado de lágrimas em suas mãos e sussurra:

- Eu cometi erros com você. Eu feri o que você mais tinha de precioso. Eu tirei o pouco que você tinha. E ainda assim,você escolheu... Me amar?!? Eu não te mereço!

- Os nossos erros...podem virar acertos, Viktor. Eu estou te dando uma chance...eu te perdoei. Use isso ao teu favor...

- Como...? Por quê?

- Porque eu te amo! Eu aprendi a te amar.

-Aprendeu?

- Sim!

- Então...eu também quero aprender...o amor...

- Eu vou te ensinar. Vamos aprender juntos!

- Juntos...

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Aeeeeeee! Mais um capítulooooo!
Desculpem a demora! Final de semestre...
Beijos e mordo vocês!

Lua de Sangue - Is It Love? Viktor BartholyOnde histórias criam vida. Descubra agora