Depois de ter dito aquilo, Serena correu para o meio das flores. E aquela frase ecoava em minha mente “eu te desafio a me amar”. Corri atrás dela e a mesma parou bem no meio do campo, de braços abertos e olhos fechados enquanto sentia a luz do sol sobre ela. Parei ao seu lado e fiz o mesmo. Continuamos assim por mais alguns instantes e então resolvi perguntar.
- Como você está se sentindo hoje? - Olhei para ela, que continuava na mesma posição.
- Ainda dói lembrar. E, provavelmente, isso irá me assombrar por algum tempo. - Ela abriu os olhos e me fitou. - Mas agora eu sei que com um passo de cada vez, e tendo as pessoas certas ao meu lado, será menos difícil de seguir em frente. - Serena se aproximou e apoiou a cabeça em meu ombro. Fiquei acariciando seus cabelos e admirando a vista.
“Eu nunca imaginei que alguém poderia se tornar tão importante para mim em tão pouco tempo.” Pensei comigo. A vida pode mesmo te surpreender.
Depois de mais um tempinho aproveitando aquele lugar, fomos a caminho da cachoeira. E admito que aquele passeio foi revigorante até pra mim. Tinha me esquecido do quão bom é quando você se desliga um pouco da sua rotina e se reconecta com a natureza. Ainda mais se você estiver acompanhado de uma pessoa como Serena.
A temperatura da água estava agradável, não muito gelada. Nadamos, desfrutamos o sol que estava fazendo, jogamos água uma na outra. Foi bem divertido.
10:00
Voltamos para a casa da vovó antes do almoço pois eu tinha que voltar pra casa e o caminho era longo. Chegando lá, tomamos um banho e eu aproveitei para hidratar meu cabelo, já que a água havia o deixado um pouco ressecado. Quando saí do banheiro, encontrei Serena e minha avó conversando na varanda. As duas se deram muito bem. Vovó até fez cookies para ela levar e comer depois.
13:10
Ao chegar em casa, meu pai também estava lá.
- Serena, essa é minha mãe, e meu pai você já conheceu.
- Oi, tia, desculpe ter feito a Sarah me levar tarde da noite pra casa da sua mãe. - Ela se virou para meu pai. - E desculpe eu ter meio que expulsado o senhor da minha casa ontem.
- Tudo bem, não se preocupe com isso. - Respondeu meu pai.
- É, eu sei que Sarah faria qualquer coisa que estivesse a seu alcance para ajudar uma amiga. - Minha mãe colocou uma mão em seu ombro, como sinal de conforto. - As duas estão com fome? O almoço já está pronto.
- Ah com certeza estou. - Falei, puxando Serena para a cozinha.
Nos sentamos os quatro na mesa para almoçarmos juntos. Meus pais estavam tentando ser o mais delicados possível. Aos poucos Serena foi se abrindo para eles. Contou como era sua vida em Curitiba, falou sobre sua família e do porquê ter resolvido vir pra cá. Conversamos bastante sobre muitas coisas. Gostei do fato de ela ter confiado em nós para se abrir.
Quando acabamos de comer e cada um ter lavado sua louça, falei com a minha mãe que Serena iria ficar um tempo com a gente. Ela aceitou numa boa, não fiquei surpresa. Depois meu pai perguntou se ela já estava pronta para falar sobre isso e Serena concordou. Ele disse que já havia achado uma advogada para cuidar do caso dela e que ele iria ajudar no que pudesse para que ela fosse transferida para outra faculdade. E que, caso fosse necessário, ajudaria na questão do dinheiro também. Ela então agradeceu e disse que essa semana iria para Curitiba, mas meu pai a aconselhou a ir apenas quando o processo estiver resolvido.
Ao terminarem a conversa, Serena foi ligar para seus pais para explicar a situação, e só aí eu lembrei que meu celular estava cheio de mensagens e ligações perdidas. Fui para meu quarto e peguei meu celular, no bolso.
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Um só coração
RomanceSarah é uma garota lésbica, de 20 anos que está decidida a fazer com que esse novo ano seja diferente, em relação a tudo. Arrumou um emprego, resolveu seguir seu sonho e decidiu não focar muito em paixões. Nunca se deu bem no amor, e estava prestes...