44 - A Verdade.

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Ficamos nos olhando até eu conseguir reagir. Então abri um sorriso a abracei.

- O que você está fazendo aqui? - Perguntei, rindo.

- Quer que eu vá embora? Eu posso ir. - Respondeu, tentando se desprender de meus braços.

- Não, bobona. - A soltei. - Entra.

Valentina se sentou na cama e eu me juntei a ela.

- E aí, quer me dizer o que houve?

- Primeiro você não tem que me dizer o que veio fazer aqui. - Cruzei os braços.

- É crime querer agradar uma amiga a qual você sente falta? - Sorri e neguei com a cabeça. - Eu vim no mesmo avião que você, na verdade.

- Não! Tá falando sério?! - Soltei uma gargalhada.

- Aham. - Ela começou a rir. - Mas comprei um lugar na primeira fileira pra não ter a chance de você me ver. E como você já tinha me dito tudo sobre onde ia ficar, não foi muito difícil de me organizar.

- Na próxima eu tomo mais cuidado ao compartilhar minhas informações. - Estreitei meu olhar à ela - Ainda não descobri se você é uma espiã disfarçada ou não.

- Se eu for, você nunca saberá. - Nós rimos. - E agora? Vai me dizer ou não?

Me joguei de costas na cama.

- Eu não sei bem o que aconteceu. - Respirei fundo. - No avião, eu comecei a tremer do nada e fiquei com uma falta de ar terrível. O Dani até me ajudou mas, quando cheguei aqui no quarto, tudo o que eu queria fazer era chorar.

- Isso me parece mais uma crise de ansiedade.

- Mas eu nunca senti nada parecido antes.

- Pra tudo se tem uma primeira vez. Até para a ansiedade, infelizmente. - Virei meu rosto para ela, que permanecia sentada. - Você faz alguma ideia do que te fez sentir isso?

Voltei a mirar o teto.

- Eu estou muito cansada. - Fiz uma pausa. - Não da minha vida, nem nada do tipo, mas exausta fisicamente mesmo. Desde que eu comecei a viajar todo final de semana, não tenho tempo mais pra nada. A não ser terça e quinta, depois das cinco da tarde, que é quando eu saio do trabalho. Mas, ainda assim, nesse tempinho eu preciso conciliar família, amigos, namorada e eu, que não tenho cuidado muito ultimamente. - Parei de falar para retomar o fôlego e Valentina permanecia em silêncio, olhando-me atentamente. - E ainda tem os problemas com a Serena, que deixam minha mente fatigada, como se já não bastasse o meu corpo.

- Esses problemas com a Serena envolvem o que, exatamente?

- Ela tem se mostrado muito insegura com a nossa relação. Ainda que eu não dê motivos, ainda que eu me esforce para mostrar à ela o quanto eu a amo, nada tem funcionado.

- Nossa, e isso se torna frustrante, não é? - Eu assenti. - Mas você já conversou com ela?

- Não. Nós meio que temos evitado isso.

- E você quer que a situação se resolva como, então?

- Não sabia que estava conversando com a minha mãe.

- Desculpe. - Ela deu uma leve risada. - Mas é a verdade. Você só teve essa crise por ter ficado guardando tanta coisa para si.

- Eu sei… acho que só estou com medo de ouvir que o problema sou eu.

- E porquê seria?

Nós ficamos em silêncio por um tempinho.

- Quer pedir uma pizza e assistir a um filme? Você deve estar esgotada. - Questionou-me ela.

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