- Eu acho que a Lea não é tão evoluída assim. - Opinei.
- É... um “acordo” desse tipo poderia vir de qualquer uma de nós, menos dela. - Concordou Isa.
- De qualquer uma de nós, uma vírgula né, meu amor? - Marina olhou para ela com as sobrancelhas arqueadas. - Tu lembra quando eu perguntei se você aceitaria abrir nosso relacionamento, e a gente acabou brigando?
- Claro, eu pensei que você estava falando sério, não que você queria saber minha opinião sobre isso. - Respondeu ela, cruzando os braços.
Antes que a Mari pudesse retrucar, eu a interrompi.
- Ok, mas o assunto agora é a Naya, lembram? - As duas assentiram e voltaram sua atenção à ela.
- E eu concordo com a Sarah, a Lea não é assim.
- Então o que as madames sugerem? - Questionou-nos Mari.
- Vai que ela realmente está gostando do tal garoto e não queria ter beijado a Naya. - Sugeriu Isa.
- Essa é a opção mais chata. - Replicou Mari.
- Tenho que concordar. - Dei uma risada. - E, se ela está gostando mesmo dele, por que ela não falou nada sobre ele pra nós?
- Será que ele existe mesmo?
- Ai, amiga, sei que você é criativa, mas tem hora que tu vai longe demais. - Respondi, enquanto ela deu de ombros e se aconchegou a Isa, na cabeceira da cama.
Nisso eu percebi que Naya nem prestava mais atenção na conversa.
- Naya? - Ela olhou-me, um pouco aérea. - Mas e você? Como você está se sentindo com isso tudo? E nem adianta dizer que não é nada porque, se não fosse, a gente não estaria aqui tendo essa conversa.
Ela deu um suspiro e fez um biquinho.
- Eu não sei... não sei de verdade. - Ela fez uma pausa. - Eu nunca tive que passar por isso, de ter que parar e analisar o meu sentimento por alguém. De todas as vezes que eu fiquei com alguém por um tempo maior, não passava de um sexo casual, então eu não sei lidar com as coisas, se elas ficam sérias. E eu não entendo porquê só um beijinho daqueles tá fazendo isso comigo. - Ela apoiou os cotovelos no colchão e pôs sua cabeça sobre suas mãos.
Eu, Isa e Mari trocamos olhares, sorrindo.
- Porque você gosta dela! - Respondi, apertando suas bochechas.
- A Naya tá apaixonada! - Acrescentou Mari, a abraçando e rindo.
- Pela primeira vez, a rainha de gelo derreteu. - Completou Isa, nos fazendo cair na gargalhada.
- Se é isso que vocês sentem, eu não quero mais. - Respondeu Naya, pegando um travesseiro e afundando o rosto no mesmo.
Nós fizemos um montinho em cima dela só para zoar com ela. Em 2 anos de amizade, eu nunca vi a Naya apaixonada e, cada vez que alguém se dizia estar gostando por dela, a mesma deixava claro que não queria nada sério e se afastava. A coisa mais romântica que eu já a ouvi falando foi “Eu me casaria com a bunda daquela mulher.”, logo, já se imagina que namoro é algo bem distante da sua realidade.
No começo, chegamos a pensar que Naya era assim por ter sofrido alguma desilusão amorosa, mas não, ela só gosta de se sentir livre, sem a responsabilidade e exigências de um namoro. Sempre dizia que o compromisso traz um peso muito grande e desnecessário para qualquer relacionamento com alguém. Eu até a entendo, mas sua mentalidade está a anos luz da minha, que sem mesmo beijar a pessoa já me vejo apaixonada.
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Um só coração
Roman d'amourSarah é uma garota lésbica, de 20 anos que está decidida a fazer com que esse novo ano seja diferente, em relação a tudo. Arrumou um emprego, resolveu seguir seu sonho e decidiu não focar muito em paixões. Nunca se deu bem no amor, e estava prestes...