Capítulo 5

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Acordei as 8:30 da manhã, me espreguicei e virei pro lado, ele não estava ali, mas o cheiro dele estava presente, estou ficando louca só pode, levantei e alonguei.

-Então Nina o que vai ser hoje, pintura ou vamos espancar o Bob? -perguntei a mim mesma.

Suspirei e fui ao meu armário, coloquei uma regada preta, e um short jeans rasgado, e as pantufas do pateta, desci as escadas cantando, humm que cheirinho bom, ovos fritos.

-Mãe, achei que tinha ido traba... o que faz aqui?

-Seu café da manhã!-disse meu ladrão.

-Você literalmente é louco?

Ele colocou um omelete em um prato na minha frente, me sentei na bancada.

-Quando é que vai parar de entrar na minha casa sem ser convidado?

Comi um pedaço, estava muito bom, ele sentou na minha frente.

-Quando eu tiver seu coração?!

Coloquei a mão no peito fingindo estar assustada.

-Eu sabia, você é um traficante de órgãos!!

Ele ficou apavorado tentando se desculpar.

-Não, que isso, você entendeu mal, eu jamais teria coragem pra uma coisa dessas...

-Ei calma, to brincando!- ele suspirou de alivio.-Mas sua cara ficou engraçada!

-Boba!

-Mas diz ai pra que você quer meu coração, apostou quanto em troca dele?

-Não apostei seu coração, acho que é uma troca justa!

-Já posso até imaginar. -Fiz uma voz diferente e depois uma tentativa da voz dele.- Verdade ou consequência ladrãozinho? "consequência!" então vai ir até a casa da novata maloqueira do bairro e ganhar seu coração depois dar um pé na bunda dela!

-Você tem uma boa imaginação, mas sinto muito te decepcionar, você está errada!

-Como posso ter certeza?

-Confie em mim!

-Não!

-Isso doeu!

-Vai ter que ralar muito pra roubar meu coração!

-É justo!

-Já ganhou um ponto pelo omelete!

-Yes!

-Mas perdeu dois por entrar na minha casa pela terceira vez sem bater!

-Aaaah, tá, mas e ai o que você faz pra se distrair ou se divertir?

Olhei pra fora e suspirei, eu me divertia com a Luly, agora não a tenho mais, deu Nina, não chore na frete do garoto, respirei fundo.

-Acho que você vai desistir facinho de mim...

-Aposto que não!

-Veremos!

Terminei meu omelete, lavei os pratos, ele só me observava.

-Quer ver como me divirto?

-Claro!

O levei até o porão, desci as escadas e ao descer o último degrau liguei meu som.

-Bem vindo ao meu mundo!

-Nossa que demais!

Peguei o último quadro que fiz e o coloquei de costas pra mim em uma mesa, ele olhava minhas telas atentamente.

-Você é uma artista talentosa!

-Você acha?! 

-Tenho certeza, olha só isso aqui!

-Você desenha bem também!-falei.

-É, acho que sim!

-Quero que faça um desenho igual pra mim!

-Eu faço, mas vai ter que fazer um meu também!

-Isso é um desafio?-perguntei.

-Por quê?

-Porquê adoro um desafio!

-Então é um desafio!

-Pegue o que quiser, fique a vontade!

-Ok!

-Ele pegou uma tela e a levou para o cavalete, escolheu umas tintas, eu tirei uma tela que já estava seca de um cavalete e o levei para o outro lado do cavalete que ele usava, peguei uma tela do mesmo tamanho.

-Posso te olhar?

-Não, é um desafio, vai me desenhar sem me olhar!

-Está bem!

Fui até a entrada e levantei o volume da música.

-Munford and sons?-gritou ele.

-Isso!-gritei.

-Já fui em um show deles!

-Adoraria ir num show deles!

-Um dia te levo!

Sorri pra ele, peguei uma banqueta e me sentei, comecei a pinta-lo, começou minha música preferida I will wait (música na mídia) ele começou a cantar em alto e bom tom, calcei os pés no calço do banco e me levantei para olha-lo por cima dos quadros, ele sorriu.

-Dança essa comigo?

-Eu não sei dançar!

-Eu te ensino!

Ele largou tudo e me puxou fazendo girar, ele fazia os gestos de acordo com a letra da música, gargalhei com seu teatro desajeitado, mas o acompanhei, cada vez que ele cantava que ia esperar por mim, meu coração pulava no meu peito, a música terminou ele beijou minha mão e me levou para meu banco, voltamos a pintar, usei as mãos para fazer boa parte da pintura, depois da tela preenchida, comecei a usar os pinceis mais finos para marcar melhor os olhos e os contornos, eu estava me divertindo, começou a dar outra música que amo Florence the machines-Dog days are over, comecei a cantar e ele me espiou.

-Não trapaceie!

-Já terminei!

Segui cantando, tem uma parte da música que tem umas batidas, terminei o quadro, larguei as coisas e bati palmas acompanhando a música e o som foi desligado, olhei em direção as escadas e meu pai sorria pra mim.

-Pai!

Ele  veio em nossa direção. 

Você roubou meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora