Capítulo 3

172 42 12
                                    

Eu estava com a tela que faria de presente para Maria em mente, chegando em casa já começaria a rabiscar, me despedi de Maria no portão da escola, nossas direções eram opostas, fui caminhando até meu carro e os carros que passam na frente de casa vinham vindo, então passei na reta do meu carro eles passaram devagar admirando meu Banguela, e a loira que estava no carro do meu ladrão de araque gritou pra mim.

-De que gang você saiu novata?

Coloquei meus fones e não escutei o resto do que ela gritou, só sei que ele acelerou e ultrapassou os amigos, quando dobraram na esquina dei volta correndo pro meu carro.

-Oi bebê estava com saudades da mamãe?

Liguei o carro e além do meu coração bater de acordo com o rugido do motor, meu estômago roncou, e eu ri.

-Acho que vou ao drive thru e dar uma volta em você, o que acha?

Acelerei fazendo o motor roncar, após dobrar a esquina diminui a velocidade ao ver o carro do meu ladrãozinho parado no meio da quadra, ele estava discutindo com a lora azeda, os dois pararam para admirar meu carro de boca aberta, eu sorri, sabia que não estavam me vendo, ao passar por eles acelerei, peguei hambúrguer, batata frita e água, peguei a auto estrada e cheguei a um lago lindo fora da cidade, só haviam campos em volta, parei ali, subi no capô e mandei uma mensagem pra mãe, avisando que não iria almoçar em casa, fiquei admirando a paisagem enquanto comia, que lugar de paz.

Meu telefone tocou me despertando.

-Au!-dormi toda torta no capô do carro.-Oi pai!?

-Onde estás filha?

-Num lugar lindo aproveitando a paisagem e meu presente!

-Que bom filha, vai demorar muito?

-Eu queria ver o pôr do sol daqui, depois eu vou!

-Só um pouquinho filha!- ele abafou o celular, mas eu consegui ouvi-lo.-Ela vai chegar tarde hoje, quer que eu deixe um recado?

*Não precisa, outra hora eu volto!

-Até mais rapaz!

*Até!

-Quem era pai?

-Um amigo seu, me esqueci de perguntar o nome, to gostando de ver hein, fazendo amizades, isso é bom filha!

-Pois é...

-Filha vou desligar to terminando de arrumar um negocio aqui, tira bastante fotos pra mim ver!

-Pode deixar, te amo pai!

-Também te amo filha!

Desliguei o telefone e pensando em quem devia de ser, fiquei rabiscando em meu caderno até o pôr do sol, tirei varias fotos, mandei algumas pelo whats pro meu pai, entrei no carro e meti o pé no acelerador.

-Uruuuuu é como voar!

Antes de entrar na cidade diminui a velocidade, cheguei em casa e guardei o banguela na garagem, Luly veio me receber com sua bolinha vermelha na boca.

-E ai garota, isso não é hora de brincar com sua bolinha!

Ela largou a bolinha no chão e latiu.

-Tá quase escurecendo como é que vai achar a bolinha?

Ela tornou a latir.

-Ok, só um pouquinho!

Ela abanou o rabo e joguei, ela correu e pegou a bolinha me trazendo faceira, joguei de novo e a bolinha caiu na cerca viva, ela não viu e pulou a cerca, ouvi um carro cantando pneu e comecei a chama-la desesperada.

-Luly? Luly!

O carro vinha em alta velocidade e não deu tempo de frear, ela gritou e ele passou por cima da minha Luly, corri em direção a ela, ouvi minha mãe gritando atrás de mim, me joguei de baixo do carro e puxei ela.

-Luly, acorda garota, por favor...

-Você está louca, podia ter atropelado uma criança!?-ralhou minha mãe.

-Mil perdões eu...

A olhei e era aquela lora azeda que andava com o meu ladrãozinho, comecei a chorar desesperadamente quando não senti a respiração dela.

-Não Luly... por favor garota...

-Filha?!-Meu pai gritou e correu.-O que ouve aqui!?

-Essa maluca atropelou a Luly!

-Foi sem querer...

Minha mãe discutia com a lora enquanto eu tentava acordar a Luly, meu pai se aproximou de mim.

-Filha, não adianta mais nada...

-Pai ela é minha...

-Eu sei filha, mas não tem mais nada que possamos fazer!

Me abracei na Luly .

-Vem filha?!

-Não pai!

-Vem!-ele me pegou no colo.-Meg pegue a Luly!

-Não mãe!

Minha mãe praticamente a arrancou de meus braços, me abracei no meu pai e ele me levou pra casa, estava cheio de gente em volta, fechei meus olhos e não conseguia pensar em outra coisa a não ser que aquela garota fez aquilo de gosto, eu a odeio com todas as minhas forças, meu pai me sentou na cama e me tirou o moletom que estava sujo de sangue da Luly.

-Pai, ela fez de gosto!

-Não diga isso filha!

-Eu sei que foi!

-Filha você tem que se acalmar, sabe que isso não é bom pra você!

-Eu sei...

Comecei a chorar e meu pai me abraçou, chorei até adormecer.

...

Acordei com um barulho em minha janela, olhei pro relógio, é duas da madrugada, ouvi outro barulho, passei a mão de baixo da minha cama e meu taco de basebol não estava lá, droga, a janela se abriu e eu peguei meu travesseiro e liguei o abajur.

-Você é louco!-sussurrei.-Quer ser preso?

Meu coração estava na garganta, peguei minha garrafinha de água e empinei.

-Você ia me bater com um travesseiro?-sussurrou ele.

-Ia não, eu vou!

Lhe dei uma travesseirada, ele riu marcando suas covinhas.

-Ai que ódio, como um ladrão pode ter covinhas?!

-Eu sei que sou gato, mas não sou um ladrão!

-Então por que entrou escondido pela janela?

-Eu vim hoje mais cedo e você não estava, eu queria me desculpar e te dar um presente!

-Não poderia ter esperado até amanhã?

-Não estava conseguindo dormir sem falar com você, ei seu rosto está inchado, estava chorando?!

Coloquei o travesseiro na frente do meu rosto.

-Não quero falar sobre isso!

-Tudo bem!-ele baixou o travesseiro.-Te trouxe um presente!

Ele me deu um pacote com papel de presente, peguei o pacote e sentei na minha cama.

-Achei que ladrões roubassem e não presenteassem.

-Não sou ladrão Nina, o que fiz foi um desafio de um jogo!

-Que jogo?

-Verdade ou consequência, escolhi consequência e mandaram eu entrar na casa e roubar alguma coisa da novata do bairro!

-Você mora no bairro?

-Pra ser mais exato, duas casas a esquerda do outro lado da rua.

-Aquela casa amarela cheia de flores?

-Essa mesma!

Você roubou meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora