Capítulo 11: Quando O Meu Motivo Especial Veio À Tona

20 0 0
                                    

Estávamos caminhando até uma padaria onde Luíza adorava tomar café da manhã. Como eu não sabia onde a mesma ficava, apenas a acompanhava, andando ao seu lado, entrando nas mesmas ruas, dobrando as mesmas esquinas, caminhando lenta e solenemente. O sol ainda queimava a pele, mas eu ainda - graças a Deus - não me encontrava suado. Por fim, perguntei:

- A tal padaria fica em Alagoas? Porque estamos andando há algum tempo. Claramente estamos indo para algum outro estado próximo.

Ela riu.

- Vamos chegar em uns dois minutos - dobramos outra esquina e chegamos a uma praça bonita.

Bancos de madeira, árvores decoradas com luzes que talvez acendessem apenas às noites, postes com lâmpadas ainda acesas e pombos decoravam a bonita praça. Ao fundo, uma padaria com "Panificação Doce Sabor" estampado na entrada estava aberta, com algumas pessoas saindo com sacolas repletas de pães.

- É ali? - apontei.

Luíza assentiu.

- O que acha de comprarmos algo e comermos aqui, em um desses bancos, Fredo? - sorriu, fazendo-me sorrir também.

- O que você decidir é bom para mim.

Fomos na direção da padaria.

Lá dentro, pisamos no piso de cerâmica branca muito bem limpa, as paredes no mesmo tom, com ventiladores no teto e algumas prateleiras, onde duas mulheres estavam usando toucas e luvas, colocando pães de diversos tamanhos, formatos e sabores nas sacolas dos clientes. O cheiro estava agradável. Pão recém-saído do forno, amanteigado e, possivelmente, crocante. Luíza dirigiu-se a um balcão forrado em vidro com bolos, doces e sucos.

- O que você vai querer? - ela me perguntou, fitando-me. - Vou querer uma fatia daquele bolo de cenoura ali, com uma xícara com café com leite.

- Vou querer a mesma coisa - respondi, sorrindo.

- Você é sempre tão influenciado - fomos em direção ao balcão e fizemos nossos pedidos.

Alguns instantes depois, fomos em direção a um dos bancos da praça. Luíza sentou-a à esquerda, cruzando as pernas e pondo o prato descartável - com a fatia do bolo de cenoura - apoiado no joelho, segurando um copo também descartável na mão direita. Sentei-me e praticamente fiz a mesma coisa. Eu estava torcendo para não derramar café na minha bermuda.

Ela pegou uma colher e partiu um pedaço, pondo na boca e mastigando. Primeiramente tomei um gole do café e depois fiz o mesmo. Graças a Deus não fazia sol no lugar onde estávamos.

- Tá gostando do bolo? Você sabe que eu não gosto de ovo, mas abro exceções quando se trata de bolos - Luíza, após me perguntar, bebericou seu café com leite.

- Delicioso! - assenti, olhando para ela. Seu jeito de comer, de beber. - Você apenas elogiu a minha camiseta, mas não comentou sobre o fato de eu ter vindo do jeito que você pediu. Ou seja, de bermuda e sandália.

Ela riu, quase se engasgando.

- Eu havia esquecido. Perdão, carinha - a tiara em sua cabeça estava em destaque. Talvez até ofuscando as suas sardas, eu pensei. - Vir de calça e sapato seria muito cansativo. Precisamos estar livres de pesos.

- Então nós deveríamos vir pelados? - eu ri antes mesmo de saber a sua resposta. Beberiquei meu café e, instantaneamente, voltei a rir. Como se fosse uma das hienas do filme O Rei Leão.

Luíza não rira. Apenas comeu outro pedaço do bolo, enfiando a colher na cobertura, sem me responder ou esboçar sentimento algum. Merda! Eu sabia que havia dito alguma baboseira. Ela detestava as minhas piadas sem graça. E eu também, mas apenas depois que percebera que elas não possuíam sentido algum.

Infinitos São Os Nossos AtosOnde histórias criam vida. Descubra agora