Continuamos a conversar durante algum tempo. Decidimos que não iríamos ficar no balanço, pois o mesmo precisava ficar algum tempo sem sentir a bunda de uma pessoa. Nesse ínterim, conversamos sobre coisas nossas que talvez outras pessoas não soubessem. Foi bem divertido. Luíza riu de algumas situações que eu havia enfrentado; eu não parava de sorrir enquanto ouvi-a falar de sua vida simples, mas repleta de luta.
Coisas que descobri sobre ela:
1: Luíza não gostava de ovo;
2: Não gostava de funk;
3: Adorava assistir novelas;
4: Era ótima em matemática;
5: Não tinha vergonha de falar em público;
6: Detestava pessoas metidas;
7: Havia terminado recentemente um relacionamento.
Fiquei um pouco mexido com a última revelação, mas achei que consegui esconder minha cara de curiosidade e apreensão. Ora, talvez ela ainda gostasse do cara. Ou da garota... vai saber.
- Você é hétero? - perguntei, curioso. Independentemente da resposta, nossa amizade não iria mudar em absolutamente nada.
- Sou, Alfredo - Luíza franziu o cenho. - Por que me perguntou isso?
Engoli em seco.
- Curiosidade, talvez - respondi, ainda entalado com a sua resposta e réplica. - Mas se você não fosse, eu juro por Deus, nossa amizade continuaria a mesma - acrescentei, rápido e perdido.
Merda! Eu não deveria ter feito uma pergunta como essa. Ela poderia pensar que eu era homofóbico - coisa que eu nunca fui e nunca seria -, por isso eu logo fiz questão de emendar com mais algumas palavras confusas.
- Relaxa, mané - ela riu, deixando-me um pouco mais tranquilo. - Sei que você me perguntou isso porque eu não especifiquei o meu último relacionamento, não foi?
-Sim...
- Foi um cara. Chamado Otávio. Namoramos por alguns meses, mas descobri suas traições e terminei o namoro com ele - cheguei a pensar que ela ficaria um pouco amuada com a revelação, mas não... Luíza estava serena, despreocupada. Como se tivesse sido uma "glória" terminar com o tal Otávio. - Você tem alguma namorada?
Meu bem, eu nunca havia namorado sério. Quem dera se eu conseguisse ser tão direto assim.
- Não. Faz algum tempo que não sei o que é beijar uma garota.
- Então sabe o que é beijar um garoto, acertei?
O quê? Não. Eu deveria ter respondido de forma mais concisa. Já deveria esperar que ela fosse fazer alguma brincadeira comigo. Ah, Luíza...
- Estou brincando. Mas se você fosse gay, seria interessante também - arqueei uma das sobrancelhas, confuso. Ela foi mais específica: - Você é uma pessoa de bom coração. Sua opção sexual seria o menor dos problemas.
Bom, eu poderia contar que o meu irmão costumava me chamar de "viadinho" pelo fato de eu ainda não ter feito sexo com uma garota, mas achei que seria melhor ocultar isso. Não por vergonha, mas porque realmente não valia à pena.
Eu sabia que, em alguns casos na sociedade, as pessoas achavam que um homem ser virgem em determinada idade significava que ele não se interessava por mulheres. Isso sempre fora uma coisa repugnante. Era como se, aos treze anos, todos já devessem ter feito sexo pelo menos uma vez. Mas que bosta de sociedade era a nossa?!
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Infinitos São Os Nossos Atos
RomanceO que fazer quando duas pessoas compartilham infinitos semelhantes? Fredo (Alfredo Diniz) é um simpático, engraçado, confuso e gentil rapaz de dezenove anos, que mora em São Paulo. Diferentemente de Artur, seu irmão mais velho e irresponsável, o jo...