Capítulo 16: Eu Sempre Iria Ajudá-la

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Luíza me falou sobre a tia. Seu marido havia deixado-a quando soube da gravidez. A mulher passou os dois primeiros meses da gestação totalmente isolada, até que o crápula ordenou que ela deixasse a casa, tendo a casa dos pais de Luíza como único refúgio. Eu ainda não havia conhecido os pais dela, mas por algumas fotos penduradas pela casa, vi que a tia e mãe eram irmãs, pois eram idênticas, quase gêmeas.

Vi as mangas verdes ainda nos galhos. Não havia se passado muito tempo desde a última vez em que eu havia estado em seu quintal, o que, provavelmente, significava que ainda não estavam no ponto para comer com sal.

Após termos concluído a limpeza, sentamos novamente em alguns baldes. Deixei sua cabeça ficar apoiada em meu ombro. O tempo estava se fechando novamente. Fazia alguns minutos que não conversávamos, então quebrei o silêncio:

- Você já falou com a sua amiga sobre o nosso rolê?

Ela endireitou-se e olhou para mim.

- Não. E talvez eu nem vá. Ela não vai ter tempo disponível, eu tenho certeza.

- Ela trabalha? - perguntei, curioso.

Por mais que Natália não gostasse de mim, isso não me impedia de falar sobre ela. Até porque, não era nada demais.

- Porque ela ainda amamenta a Sarinha, além das tarefas de casa. Ela...

- Ela tem uma filha? - interrompi, perplexo. Eu não estava acreditando.

- Sim, de pouco mais de um ano. Sou a madrinha - Luíza sorriu. Os olhos fechados, como se proferir tais palavras fosse uma honra.

Considerei reclamar por ela não ter me contado isso antes. Mas não seria igual ao fato de eu não ter lhe contado antes sobre a minha questão sexual. Eram coisas totalmente diferentes. E eu sequer havia reparado. Sempre soubera que os seios das mulheres ficavam mais cheios por conta da gravidez. Mas eu não era o tipo de cara que ficava observando peitos. Não era um tarado, pervertido. Eu possuía meus valores. Mas, caraca.... Natália tinha uma filha.

Luíza, ao perceber minha surpresa, riu.

- Depois, se você quiser, podemos ir na casa dela.

Ponderei, pensando bem se era uma boa ideia.

- Sim, mas não agora. Fiquei muitas horas sem ver você - fiz um biquinho.

Como eu era ridículo.

Luíza levantou-se do balde e me abraçou. Logo depois, ela olhou para mim e fechou os olhos, querendo me beijar. Fechei os meus e movi minha cabeça para a frente, lentamente. No entanto, antes de encostar meus lábios nos dela, senti que iria espirrar. A maneira como a empurrei devagar para o lado e olhei para o chão, para não espirrar em seu rosto, foi impensável, meio que uma força do destino, que fez com que eu agisse o mais rápido possível. Espirrei de novo. De novo. E de novo.

Eu tentava não fazer contato visual com ela, pois sabia que meu nariz estava escorrendo, por isso eu apenas fitava o chão do seu quintal. Mas ouvi quando ela correu e entrou dentro de casa, voltando com alguns lenços de papel, que me entregou, dizendo "Saúde!" logo após.

Assoei o nariz algumas vezes, mas sentia uma congestão nasal. Meu nariz coçava. Parecia que eu estava tendo um ataque de micose. Com as costas da mão esquerda eu chacoalhei o nariz fortemente para que a sensação sumisse.

Endireitei meu corpo e lhe agradeci, sentindo uma fraqueza.

- Você tá bem? - ela me perguntou, apreensiva. Notei uma preocupação em sua voz.

- Eu não... - funguei... - sei muito bem o que... - funguei. - aconteceu.

Peguei meu celular e abri na câmera frontal. Meu nariz estava vermelho. Parecia que eu usava um nariz de palhaço.

Infinitos São Os Nossos AtosOnde histórias criam vida. Descubra agora