Eu estava em um banheiro público, próximo a alguns coqueiros. Antes, nós dois havíamos jogado vôlei com algumas pessoas, pois havia uma rede presa em um ponto da praia. Havia sido incrível! Luíza conseguira saltar alto e marcar alguns pontos. Como eu sempre gostara de vôlei, consegui bloquear um cara loiro, parecido com o Owen Wilson. Minha comemoração foi tamanha que, cheguei a pensar, ele considerou um deboche da minha parte.
O fedor do xixi dos caras estava impregnando o ar. Pensei comigo mesmo, enquanto tentava encontrar uma cabine menos fedida: "O que esses imundos bebem? Sopa de urubu com pedaços de gambá?". Luíza estava me esperando do lado do fora do banheiro.
Quando encontrei uma cabine menos fedida — mas ainda assim um nojo!!! — entrei e fechei a porta. Tive que usar uma das mãos para proteger meu nariz, enquanto a outra... bom, eu não precisava explicar isso. Mas eu estava com medo de, acidentalmente, molhar minha bermuda, pois seriam "dois incidentes" em um mesmo dia.
Como não havia descarga, senti-me um nojento por isso e saí de lá. Por sorte — graças a Deus — havia uma pia próxima à entrada, então pude lavar minhas mãos.
Ao sair, encontrei-me com ela em pé, os braços cruzados, até que me avistou.
— O bolo de cenoura fez mal à sua saúde? — ela forçava o riso.
— Nossa, que engraçada! — respondi, sem graça. — Estive procurando uma cabine que estivesse menos nojenta do que a maioria estava. Encontrei uma, mas sem descarga. Mas foi apenas xixi, sua besta!
Ela riu, soltando o riso de uma vez por todas.
— Entendi — riu mais um pouco e respirou fundo. — Ai, ai.
— O que vamos fazer agora, Luíza?
Ela entrelaçou seu braço no meu, como se fôssemos duas amigas andando juntas pela escola. Eu não sabia bem que hora era, mas desconfiava que já passava do meio dia, pois os restaurantes estavam lotados de pessoas e notei seus pratos: comidas normalmente servidas durante o almoço.
— A partida de vôlei até que me deixou faminta — Luíza olhou ao redor da praia, até que apontou para uma senhora negra com turbante e roupas brancas, carregando uma cesta. — Fredo, poderíamos comer cocada, o que acha? — o sorriso que se formou em seus lábios foi tão encantados que, instantaneamente, assenti.
— Só se for agora.
Demos as mãos e fomos juntos.
Era confuso. Andávamos de mãos dadas, mas... ela não havia dito "Também amo você" para mim. Isso não significava que ela não me amava, mas eu fiquei curioso em relação a isso. Ora, eu a amava. E ela? Não sentia o mesmo por mim?
Tudo bem que era apenas uma hipótese, mas ela havia me beijado. E achei que ela não faria isso se realmente não gostasse de mim. Luíza não era esse tipo de garota.
— Duas cocadas, por favor — ela havia dito para a vendedora, que prontamente pegou uma pinça enorme e retirou duas cocadas brancas com formatos de miojo e envoltas em guardanapos. — Muito obrigada. — e então a pagou.
— Obrigado e boa tarde — falei, pois eu precisava dizer algo também, ora. A vendedora sorriu e começou a andar, levando sua cesta consigo.
Avistamos alguns bancos de concreto próximos à pista para ciclismo. Luíza mordiscou sua cocada e respirou fundo, totalmente extasiada pelo gosto do côco. Fiz o mesmo... foi incrível! Já sentados, não fizemos nada além de mordiscar nossas cocadas, mas sempre observando o fluxo de pessoas na praia.
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Infinitos São Os Nossos Atos
RomanceO que fazer quando duas pessoas compartilham infinitos semelhantes? Fredo (Alfredo Diniz) é um simpático, engraçado, confuso e gentil rapaz de dezenove anos, que mora em São Paulo. Diferentemente de Artur, seu irmão mais velho e irresponsável, o jo...