Capítulo 40

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POV Harry
A Bo estava um pouco estranha nos últimos dias. Parecia que a sua mente estava noutras coisas. Eu rezava para que ela não se tivesse arrependido de fazer sexo comigo. Os meus gestos para com ela estavam um pouco reservados, cautelosos, não querendo magoá-la mais do que eu já tinha. Eu ainda estava um pouco desconfortável com a ideia do que aconteceu no seu quarto, com raiva de mim mesmo por perder o controlo. A Bo nunca deveria ter sido submetida a este lado de mim.
Quando entrei na sala de estar, a Bo estava de costas para mim, remexendo na sua mala. A sua metade superior coberta com uma camisa de xadrez escura e minha que ela tinha vestido. As mangas estavam dobradas e um pouco largas para os seus braços. As suas calças perfeitamente agarradas com as curvas do seu corpo, algo que eu sempre amei de ver nela. Eu sorri, indo atrás da Bo. O seu corpo sacudiu nos meus braços enquanto eu a envolvi. Eu levemente apertei-a, descansando o meu queixo no ombro de Bo. A nossa posição permitiu-me inalar o seu cheiro doce.
“ Sou eu.” Eu levemente ri.
Uma das minhas mãos viajou até ao seu colo, apertando a minha mão acima dos seus seios. O seu coração estava acelerado, batendo contra o meu toque.
“Tu estás bem?” Eu perguntei um pouco preocupado.
“ Eu-Eu estou bem, tu só me assustaste.” Ela gaguejou.
Os meus lábios pressionaram beijos delicados no seu pescoço num esforço para acalmá-la. Mas eu fiquei dececionado quando ela aumentou a distância. Ela afastou-se de mim, empurrando o seu laptop entre nós quando eu tentei mover-me em direção a ela. Bo absorveu a minha expressão desentendida, os meus traços confusos levaram-na a falar.
“Eu estou a ter problemas com meu iTunes, eu queria saber se tu poderias dar uma vista de olhos?”
Ela olhou com cautela para mim, a pergunta terminou com uma mordida no seu lábio inferior. Bo sorriu timidamente quando eu peguei no aparelho que estava nas suas mãos. Os nossos dedos tocaram-se momentaneamente.
“ Claro.” Eu respondi.
A sua mão foi colocada no meu ombro quando ela se inclinou, plantando um pequeno beijo na minha bochecha. O calor dos seus lábios permaneceu na minha pele.
“ Obrigado. Eu vou só à casa de banho.”
Sentei-me no sofá quando a Bo apressadamente saiu da sala. Eu balancei a minha cabeça em preocupação, caracóis a cair pelo meu rosto. O seu laptop estava pousado nas minhas coxas quando eu abri o ecrã para cima, e pressionei o botão para ligar.
POV Bo
Eu fechei a porta o mais silenciosamente que eu podia. Não querendo alertar o meu namorado sobre a minha presença no seu quarto. Eu fechei a porta virando-me para examinar o espaço ao meu redor. Eu imediatamente comecei a procurar, abrindo as suas gavetas e vasculhando as roupas. Ela tinha que estar aqui em algum lugar.
Eu abandonei a gaveta das suas t-shirts, virando-me para o guarda-roupa. As portas foram abertas e eu ajoelhei-me para olhar no fundo. Eu não tive sorte, a minha visão mudou para cima. Eu levantei-me, esticando-me pela ponta dos pés, tentando alcançar o topo do guarda-roupa. Um bufo foi emitido da minha boca quando minha ação não foi bem-sucedida, os meus dedos não estavam nem perto do meu alvo. Eu trabalhei rapidamente em arrastar uma cadeira, subindo em cima dela para tentar pela segunda vez. Com a minha nova altura, passei a minha mão cegamente sobre a madeira, murmurando em desagrado quando a encontrei vazia.
Eu desci da cadeira e fui até à sua mesinha de cabeceira. As minhas bochechas coraram com as minhas descobertas, o meu olhar observava a variedade de preservativos que Harry tinha na gaveta. Todas as cores diferentes, lubrificantes, texturas. Eu balancei a cabeça, guardando um pacote roxo para vasculhar o fundo da gaveta. Deixei o meu movimento momentaneamente, esforçando-me para ouvir o caminhar de pés descalços no corredor. Palavrões escorregaram da minha boca enquanto eu rapidamente fechei a gaveta antes de correr para o guarda-roupa. Eu não tinha tempo para arrastar a cadeira de volta para a sua posição anterior.
“Bo, o iTunes está bom, não há nada de errado com ele.”
A minha distração não me proporcionou o tempo que eu esperava. Eu sabia que o Harry devia estar à minha procura, a sua voz repetia o meu nome antes da maçaneta da porta ser empurrada para baixo. Mal tive tempo de fechar o guarda-roupa, muito menos arrumei as roupas que eu tinha desarrumado e mesmo as gavetas continuavam abertas na minha pressa para encontrar respostas.
O Harry parecia um pouco confuso quando ele entrou, a olhar para a bagunça que eu tinha criado. A expressão que apareceu na sua testa deixou bem claro que ele não estava contente. Quando eu deixei o seu olhar questionador sem resposta, o seu foco total caiu sobre mim. Engoli em seco quando ele fechou a porta com o pé, lentamente movendo-se para mim. O hálito quente ventilou no meu rosto quando eu resisti ao contato com o olhar do Harry. Ele estava à minha frente, a sua altura a criar uma sombra.
“ Tu encontraste?” Ele perguntou humildemente.
Tentei parecer calma, apesar da ansiedade que eu estava a lutar desesperadamente para esconder. Era surpreendente como ele podia se transformar numa questão de segundos. A postura, geralmente reconfortante do Harry era agora grande e intimidante, como quando nos conhecemos.
“Encontrei o quê?” Eu fracamente perguntei.
“Seja lá o que for que estavas à procura.”
“Eu não estava à procura de nada.” Eu sussurrei.
A minha respiração tornou-se superficial quando o meu lutador de cabelos encaracolados moveu-se incrivelmente para perto de mim. Ele colocou a cabeça para o lado, os lábios roçando a pele e formigando no meu pescoço. Os meus olhos fechados a lutar para conter as lágrimas.
“Tu e eu sabemos bem que isso não é verdade.”
O seu tom era controlado, mas o senso de autoridade por trás das suas palavras era, evidentemente, claro. Medo tomou conta de mim, o meu corpo moveu-se para trás do seu. Olhei em volta quando a parte de trás das minhas pernas esbarrou na estrutura de madeira da cama. Quando a minha visão se virou para o Harry, o seu olhar estreito estava sobre mim.
“Diz-me.”
Eu balancei a cabeça nervosamente.
“Eu não estava à procura de nada.”
“Não me mintas.” Ele rosnou.
O aumento repentino no volume da voz do Harry fez-me pular, a sua voz áspera a saltar para fora das paredes. A veia grossa no pescoço ficou saliente, um sinal do seu aborrecimento óbvio. Assim como o seu olhar endurecido, que estava a manter-me em cativeiro. Eu arrastei-me para o lado, na tentativa de desviar-me do seu corpo. O meu coração acelerou quando a sua grande mão apertou a maçaneta da porta antes que eu pudesse alcançá-la. Foi então que eu percebi que ele não me iria magoar. O gesto mais extremo que o Harry poderia fazer era gritar comigo e ele já tinha feito isso. Eu empurrei o meu cabelo para trás dos meus ombros, permanecendo em pé.
“Deixa-me sair.” Eu pedi com calma, encontrando o seu olhar verde a queimar em mim.
“ Não, até que me digas o que estavas a procurar.”
A sua expressão zangada transformou-se em surpresa, o meu corpo quase pressionado ao seu em ousadia quando eu mantive a minha posição. Eu não estava com medo dele.
“O que é que tu disseste ao Dan?”
Foi a sua vez de parecer um pouco desconfortável. O seu toque afastou-se da maçaneta, quase como se agora ele realmente quisesse que eu saísse. O Harry estava a evitar a minha pergunta.
“ Harry.” Eu insisti.
Ele permaneceu em silêncio, sem saber para onde olhar.
“ É verdade, então.”
As minhas palavras eram quase inaudíveis, confirmando para mim mesma, em vez do Harry. Uma parte de mim estava à espera que o Dan me tivesse mentido, uma tentativa de mau gosto de causar problemas entre mim e o Harry. Mas, neste momento, eu sabia que era verdade. Doeu-me ter que fazer a próxima pergunta, inevitável.
“Tu tens uma arma?”
As palavras pareciam ficar entre nós. Eu poderia dizer que o Harry não estava acostumado a ser confrontado assim, especialmente por uma mulher. Se fosse um rapaz que estivesse a ter esta conversa com ele, o Harry teria o levado ao chão em segundos. Eu precisava de saber, então eu pressionei.
“Tu ameaçaste matar o Dan.”
A acusação chamou a atenção do Harry para mim. Os seus olhos estavam brilhantes, desesperados. Os seus lábios rosa abriram-se para falar, mas as palavras não saíram. O Harry não tinha ideia de como lidar com esta situação. As minhas mãos estavam a começar a tremer com o pensamento de que um tiro poderia fazer com uma pessoa e sobre as consequências que isso traria para a pessoa que disparou.
Mordi o lábio, afastando-me de medo, nojo, tristeza. As emoções que rodavam no meu corpo eram esmagadoras. O Harry era perigoso. Eu andei sem rumo para as gavetas deixadas em desordem. O Harry ainda estava perto da porta, de cabeça baixa, sem saber o que fazer.
“ Desculpa por ter desorganizado a tua roupa. Eu-eu vou arrumá-la e depois vou embora.” Falei baixinho, a minha voz a oscilar ligeiramente.
Comecei a pegar nas t-shirts que estavam no chão, dobrei e coloquei outra vez na gaveta de madeira. A última peça foi guardada, eu respirei fundo para me acalmar antes de me virar.
O Harry parecia ter compreendido o que realmente estava a acontecer. O seu corpo avançou até mim, sem pensar duas vezes, abaixando o seu toque. Ele parecia uma criança pequena, assustada e desesperada para não ser deixada sozinha no escuro.
“Por favor, não vás.”
A vulnerabilidade na sua voz fez-me querer tê-lo nos meus braços e abraçá-lo. Mas não o fiz.
“ Eu não pensei no que disse, estava com raiva dele.” O Harry falou.
Fiquei quieta, o Harry nervosamente mordeu o lábio inferior. Presumi que ele pensou que eu ainda queria ir embora quando ele saiu da frente da porta. O Harry passou por trás de mim, sentando-se na cama em derrota. Eu fiquei lá pelo que pareceram minutos, com os olhos fixos na minha fuga. Teria sido tão fácil para mim andar em linha reta. Mas eu sabia que a dor emocional seria insuportável. Eu estava apaixonada por um rapaz que eu sabia que era perigoso. Mas não havia absolutamente nada que eu pudesse fazer sobre isso.
Eu bruscamente virei-me para o Harry, os seus olhos brilhantes, arregalados, quanto a sua cabeça subiu até ao meu olhar. O seu olhar surpreso, com esperança. Era quase como se ele não pudesse compreender as minhas ações quando me sentei ao lado dele, as nossas coxas tocaram-se. O seu calor era sentido através do nosso toque, mas ele não fez nenhum movimento para conectar os nossos dedos como normalmente ele faria.
“ Harry, tu tens uma arma, o-ou é outra pessoa que tem?”
Ambos olhávamos para o chão.
“Alguém tem.” A voz rouca do Harry ecoou pelos meus ouvidos.
Eu não tinha certeza se eu deveria estar aliviada com a informação dada, ou continuar assustada porque o Harry tinha conhecidos que mexiam com armas.
“Mas porque raio tu conheces alguém que tem uma arma?”
A sua cabeça virou-se para mim, os seus olhos conectaram os meus. Ele absorveu o meu rosto por um momento, levando conforto no fato de que eu tinha escolhido ficar, dando a ele o benefício da dúvida.
“ Tu lembraste quando eu te disse sobre ter sido preso?”
A minha mente viajou de volta para o parque de diversões quando o Harry tinha casualmente colocado esse assunto numa conversa. Na época, eu tinha pensado que o incidente tinha acontecido por orgulho, por uma discussão estúpida sem importância.
“ Tu foste levado sob custódia.” Confirmei
Ele acenou com a cabeça. O Harry fez uma pausa, quase como se fosse para avaliar a minha reação. Ele ansiosamente brincou com os seus dedos que estavam no seu colo.
“ Houve uma discussão num clube onde eu costumava ir. Foi um pouco confusa aquela noite, as pessoas estavam bêbadas. Um dos rapazes do grupo estava a disparar alguns tiros.”
Eu realmente não tinha notado, mas enquanto o Harry estava a falar, eu peguei na mão esquerda dele, apertando enquanto eu esperei pacientemente para ele continuar.
“ Ninguém foi atingido.” Ele disse. “E eu não fazia nem ideia sobre a arma até então.”
Eu balancei a cabeça em compreensão. Ele parecia um pouco aliviado com a minha reação.
“ A polícia chegou e levou-nos a todos para a esquerda. Eu não estava armado.”
Ficamos sentados por um curto período de tempo, a minha mente trabalhava no que tinha escapado pela boca do Harry. Depois voltei a tomar atenção e levei a minha outra mão à sua. Eu achei difícil de compreender como é que alguém poderia ser tão bonito como Harry, mas ainda assim ter um lado sombrio inconfundível. Os dois pareciam muito contraditórios.
“Eu estava com raiva.” Harry balançou a cabeça.“Eu não gostei da maneira de como ele estava a agir contigo.”
Eu não entendi, o Dan não tinha sido nada além de bom para mim, mas o Harry recusou-se a ver isso. Eu tinha conhecimento do seu comportamento possessivo e ele estava a aumentar desde a noite que passamos juntos no meu quarto. Sempre que estávamos na presença um do outro, eu encontrava-me a compartilhar o seu calor corporal. Os braços do Harry à volta das minhas costas ou ombros, chamando-me, os dedos inconscientemente entrelaçando-se. Mesmo quando dormíamos, o Harry era como um cobertor extra, as suas pestanas a roçar no meu rosto enquanto ele me mantinha incrivelmente perto. Se não tivéssemos responsabilidades, eu tinha a sensação de que ele nunca me iria deixar ir.
“Tu és minha e eu faria tudo que estivesse ao meu alcance para te proteger.”
“ Harry, tu não precisas de te preocupar com o Dan.” Tentei acalmá-lo.
O meu corpo baixou para o edredom, alívio a correr dentro de mim, saber que nós tínhamos tido a conversa que eu estava com medo de ter com o Harry desde que eu tinha falado com Dan. Eu pude relaxar um pouco com a confirmação de que não era o meu namorado que possuía um objeto que poderia facilmente acabar com uma vida.
Ele apanhou-me de surpresa quando um par de lábios se pressionou aos meus, os meus olhos estavam a vibrar e ainda abertos. O Harry recuou, deslocando o seu corpo em cima do meu. Dedos longos a mexerem na corrente de prata que estava por de fora da minha roupa, a brincar com ele por um tempo. O gesto foi uma lembrança da noite de quando ele me havia dado, o quanto ele gostava de mim.
“Tu sabes que eu nunca te faria mal.” Ele estremeceu um pouco nas suas próprias palavras e como elas contrastavam com o número de feridas no meu corpo. A sua cabeça tremeu quando ele franziu a testa. “Não intencionalmente.” Suas palavras abafadas.
“Eu sei.” Eu sussurrei, um pequeno sorriso curvando nos meus lábios.
Não houve mais palavras trocadas, apenas beijos e toques gentis. Era como se ele estivesse a tentar levar o medo embora. O seu nariz levemente raspou na minha bochecha, desejando que eu retribuísse. Os meus dedos deslizaram para cabelo de Harry, puxando os caracóis para forçar um gemido na sua boca. Seja num momento aquecido, apaixonado ou um gesto reconfortante, eu tinha aprendido que o Harry amava quando alguém brincava com os seus caracóis macios. Os meus dedos levemente coçaram o seu couro cabeludo para provocar outro som vindo dos seus lábios. Mas uma grande mão viajou para a camisa xadrez que eu estava a usar, eu vacilei quando o Harry apertou os meus seios. Os seus movimentos imediatamente acalmaram. Uma descoberta brilhou através dos seus traços.
“Tu estás sensível?”
Eu tentei escapar um pouco da sua pergunta, não estava completamente confortável em discutir os prós e contras do meu corpo. O Harry continuou a questionar-me enquanto eu estava por de baixo dele.
“Tu estás no teu período menstrual?”
“ Harry.” Eu gemi, as minhas bochechas começaram a queimar.
A curva dos seus lábios disse-me que ele se divertiu com minha indisposição.
“Não há necessidade de ficares envergonhada.”
“ Tu estás deitado em cima de mim enquanto nós discutimos o meu ciclo menstrual, eu vou com certeza achar isso um pouco desconfortável, Harry.”
Ele riu da minha resposta afiada, e rolou para o lado. A nossa conversa anterior aparentemente esquecida.
“ Posso fazer alguma coisa por ti?”
O verde dos seus olhos brilhava, olhando-me sob alguns caracóis soltos antes de empurrá-los para trás.
“Tu estás com dores? Eu acho que tenho alguns medicamentos no armário.”
O Harry levantou-se para caminhar em direção à porta antes que eu pudesse responder. Ele olhou para mim quando eu chamei o seu nome, lábios entreabertos enquanto ele aguardava.
“ Eu estou bem.” Sorri. “Mas talvez tu possas arranjar algo quente para eu colocar na minha barriga.”
***
Saí da casa de banho e descobri que o Harry havia desaparecido, não estava mais onde eu o deixei, sentado na ponta da cama. A minha visão observou o quarto, reconhecendo que algo estava a faltar, mas eu não percebi o que era. Um suspiro pesado foi emitido antes de eu caminhar até a porta do quarto. A minha atenção foi despertada, os meus pés carregaram-me pelo corredor, estava cativada por um som suave e musical.”
Os meus dedos apertaram a moldura da porta da sala em curiosidade. O meu olhar, de imediato, caiu sobre o Harry. Ele estava sentado num dos sofás. A viola, cuja ausência eu tinha reconhecido no quarto do Harry, repousava no seu joelho direito. Caracóis caíam sobre a sua testa enquanto ele cantarolava em concentração. Tudo o que eu podia fazer era ouvir, perplexa, como o belo som da sua voz rouca ecoava pela sala quente. Os seus dedos seguravam uma palheta, dedilhando as cordas. Eu nunca tinha imaginado o Harry a cantar, mas foi algo que eu achei um ótimo contraste com o seu trabalho. Mas ouvindo ele agora, o tom de sua voz acariciando as palavras que eu conhecia, fez meu coração derreter, a minha compostura a ser levada com ele.
Eu calmamente dei a volta pela a parte de trás do sofá, o Harry parou quando a minha presença se tornou conhecida. Ele olhou para mim, os meus lábios deram um beijo na bochecha dele.
“Por favor, continua.” Eu sussurrei.
O belo som continuou a filtrar o ar. Eu sentei-me ao lado dele.
“But if I kiss you, will your mouth read this true,
Darling how I miss you, strawberries taste how lips do,
And it’s not complete yet, mustn’t get our feet wet,
‘Cause that leads to regret, diving in too soon,
And I’ll owe it all to you, oh, my little bird, my little bird.”
Eu estava hipnotizada pelo homem que captou a minha atenção completa. Eu observei o perfil lateral do seu rosto enquanto ele cantou a letra. O formato dos seus lábios cor de rosa, fazendo beicinho em certas palavras. As suas pestanas escuras pareciam maiores quando eu estudei o Harry na minha posição, varrendo o topo das suas bochechas quando ele piscou os olhos. Os músculos dos seus braços estavam aparentes nas mangas da camisa, dedos longos facilmente a viajar para cima e para baixo pelas cordas. Ele parecia calmo, exibindo o controlo que eu sabia que ele possuía.
Quando a música terminou o Harry virou-se para mim, e colocou a viola para o lado. O ligeiro tom rosa nas suas bochechas fez-me acreditar que ele não estava acostumado a ter audiência.
“Tu és incrível. Eu não sabia que tu cantavas.” Sorri.
“ Eu já não canto há muito tempo.” Ele respondeu calmamente.
Havia tristeza nas suas palavras, algo que obrigou-me a aproximar-me. Os meus dedos tocaram na sua testa, reorganizando os caracóis bagunçados.
“Porquê?”
Um braço envolveu-me no seu calor, o Harry deixou um beijo no topo da minha cabeça.
“ Eu costumava cantar para minha irmã… para bloquear o barulho do meu pai quando ele chegava a casa bêbado. Ela sempre disse que era a única maneira para ela conseguir dormir. Quando o meu pai nos deixou não havia razão para eu continuar a cantar.”
Eu apertei a sua cintura enquanto o Harry brincava com os meus dedos.
“ É uma sensação diferente agora.”
A minha cabeça inclinou-se para encontrá-lo a sorrir para mim, ele beijou o meu nariz. Eu esfreguei o meu contra o seu enquanto ele se riu.
“Eu procurei, mas eu acho que não tenho uma botija de água quente.”
Sorri para a expressão no seu rosto adorável. O cuidado do Harry sobre mim causou uma sensação de formigueiro no meu estômago, suprimindo os músculos tensos por um segundo de alívio.
“Tu podes usar isto.” Eu sugeri, pegando nas suas mãos.
A extensão das suas mãos era algo extraordinário. Eu endireitei os dedos dobrados, espantando-me com o comprimento dos seus dedos. O meu polegar atropelou-se nas linhas das suas palmas, acompanhando os vincos na sua pele quente. Eu continuei a explorar a vasta área, virando-as para encontrar os pequenos cortes nos seus dedos, que ainda não estavam totalmente curados da luta.
Inclinei a cabeça para encontrar o Harry a observar atentamente como eu investigava a parte específica do seu corpo.
“Gostas das minhas mãos?” Ele perguntou a brincar.
Eu sorri, balançando a cabeça enquanto eu corava.
“ Elas são enormes.”
O riso rouco do Harry soou, pegando as minhas mãos nas dele.
“ Talvez as tuas é que são pequenas.” Ele sugeriu.
Eu ri quando o Harry começou a gozar com a minha altura, fazendo-me cócegas.
“ Mas, agora a falar a sério, elas são anormalmente grandes.” Eu falei, passando os dedos em torno do seu indicador.
Ele ponderou sobre a minha declaração por alguns segundos, olhando para onde fazíamos contato.
“ Eu consigo segurar uma lata de coca-cola entre os meus dedos.” Afirmou.
A minha boca abriu-se enquanto ele presunçosamente sorriu para mim.
“Não consegues nada! Eu quero ver.” Eu disparei.
Eu pulei, arrastando um Harry bastante divertido atrás de mim para a cozinha.
***
Tínhamos acabado a nossa pequena experiência, que consistia principalmente em entregar objetos ao Harry para ver quantas coisas que ele conseguia segurar com uma mão. Fiquei bastante surpresa com os resultados.
Estávamos agora na sala de estar, um filme havia sido colocado no aparelho de DVD. Eu estava praticamente em cima do Harry, que estava deitado no sofá. Ele usou a extensão da sua mão quente para esfregar em círculos na minha parte inferior das costas, aliviando a tensão que eu sentia. Um cobertor tinha sido estendido sobre nós depois do Harry voltar com duas canecas de chá.
Enquanto assistíamos o filme 007, que eu tinha escolhido, a minha mente começou a vagar. A personagem principal na televisão havia despertado alguns pensamentos curiosos na minha cabeça. Depois do terceiro vilão ser morto a tiros, eu virei-me em cima do Harry.
“Tu já seguraste alguma arma?” Eu perguntei.
Eu coloquei os meus cabelos soltos atrás da minha orelha para que a minha visão ficasse clara. O silêncio do Harry continuou por um tempo curto, enquanto estudava o meu rosto. Quando tudo o que encontrou foi curiosidade, ele respondeu.
“Sim.”
Eu me virei novamente, a minha cabeça estava no seu peito enquanto eu considerava a sua resposta. O movimento da sua mão ainda estava a acalmar a dor nas minhas costas.
“E disparaste?”
“Sim.”
A minha mudança repentina fez o Harry gritar baixinho, o meu joelho acidentalmente bateu na sua virilha. Pedi desculpas antes de continuar.
“ Em alguém?” Eu disse boquiaberta.
O verde dos seus olhos arregalaram-se, agarrando-me para mais perto.
“ Não, não. Eu estava num campo de tiro, um ambiente totalmente controlado.” Ele respondeu apressadamente. “ Eu não disparei contra ninguém, Bo.” O Harry bufou.
“ Será que tu realmente serias capaz de matar o Dan?” Eu perguntei calmamente no seu peito, quase com medo da resposta.
O meu corpo mudou com a ascensão e a queda do peito forte do Harry. O ritmo constante deu-me conforto, assim como o cheiro familiar do Harry.
“ Se ele te magoasse. Eu não sei o que eu faria.”
Foi a resposta que eu estava à espera, a natureza protetora do Harry brilhava. Os meus dedos brincaram com a barra da sua camisa, percorrendo o tecido até desenhar padrões aleatórios sobre a pele macia do seu quadril.
“Eu não preciso de uma arma para acabar com ele.” Ele afirmou calmamente.

Dark - Tradução PTOnde histórias criam vida. Descubra agora