Conforme a garota caminhava com dificuldade para fora da água e se aproximava, seus olhos se arregalavam e, quando finalmente chegou diante daquilo, deu um salto e correu para trás da primeira árvore que vira. Aquilo era um chapéu mesmo, um exatamente igual ao que aqueles homens maus usavam, com a única exceção de que havia uma caveira naquele ali no chão.
Seus olhos analisaram de longe a peça caída, até que ela teve uma brilhante ideia: Sorrateiramente ela pegou uma pequena pedrinha do chão e acertou no mesmo, porque, por qual outra razão aquilo estaria ali se não fosse uma armadilha?
Ela esperou, esperou e esperou; dez minutos se passaram e ninguém chegou, então a garota resolveu jogar uma pedra um pouco maior, olhando em volta para se certificar de que ninguém a visse ali escondida. Novamente outros dez minutos se passaram e ninguém apareceu; a jovem respirou fundo e temerosamente arrumou sua postura, dando um passo a frente. Bem, ninguém apareceu nem assim, pensou, ainda averiguando as redondezas com o olhar atento.
Quando finalmente se sentiu corajosa o suficiente, a moça caminhou até o chapéu, se agachou e o levantou do chão. Os olhos castanhos analisaram minuciosamente o tecido e um tímido sorriso brotou em seus lábios então. Aquilo poderia lhe ajudar de várias formas: À noite poderia se cobrir com ele, mesmo que não fosse de muita utilidade, uma vez que o frio dali pela madrugada era intenso, porém, era melhor do que nada; de dia poderia usar para proteger seus olhos do sol e, o mais incrível de tudo, poderia usá-lo para sentar-se na areia sem pinicar suas partes íntimas. Sorrindo, a moça abraçou o chapéu antes de colocá-lo em sua cabeça. Ela ergueu a vista para tentar ver a peça em sua cabeça e, no instante em que percebera que havia ficado vesga na tentativa, ela explodiu em uma doce gargalhada.
Sim, ela estava feliz, afinal de contas estava livre pela primeira vez em sua vida. Não precisaria limpar o convés de lugar nenhum, tampouco apanhar caso não fizesse o trabalho certo, sem contar que não precisaria servir aqueles grandes ogros nunca mais. Seu estômago roncou, tirando-a de sua grande bolha de magia, lembrando-a de que ela precisava comer.
Astutamente, os olhos castanhos percorreram a ilha e um enorme sorriso estampou seu rosto, seguido de um brilho nos olhos. Quase três dias sem comer e lá estava um enorme cacho de bananas, todinho para ela. Ela bateu palminhas de empolgação e correu mancando na direção de sua salvação, contudo, ao chegar lá um grande vinco dominou sua expressão. De longe não parecia tão alto, mas ali, de frente para a bananeira, ela percebeu que não alcançaria aquele cacho tão fácil assim. Determinada, ela deu dois pulos, sentindo as pontas de seus dedos tocarem no cacho.
Franzindo o cenho ela se abaixou e pegou uma pedra, jogando-a para o alto e falhando outra vez. Como ela faria aquilo? Ela sentia fome, muita fome, mas não conseguiria aquelas bananas.
De repente, um barulho assustador e um borrão passou diante de seus olhos, fazendo-a se encolher e olhar na direção do chão, pois as bananas então caíram no solo, bem diante de seus pés. Seus olhos fitaram o local onde as bananas estavam antes e então ela viu uma flecha estacada na árvore. Apavorada, ela olhou para o local o qual aquela flecha havia vindo, apenas para encontrar uma garota branca, vestindo calças e com um belo sorriso no rosto olhando-a.
-- Parece que esse chapéu me pertence, moça. -- Desesperada por não entender o que a garota havia dito, ela começou a correr para longe, ouvindo uma gargalhada histérica atrás de si. -- Dinah, pelos sete mares, não assuste a pobre moça. -- A voz disse, soltando o arco no chão para começar a correr. Instantes depois a garota machucada sentiu sua cintura ser enlaçada por um par de braços.
-- Non! -- Ela gritou, se virando unicamente para começar a desferir murros pelo corpo da outra garota.
-- Hey! Calma! -- Lauren disse, se desviando dos tapas e murros que estava levando. -- Eu só quero o meu chapéu.
-- Auxilium! -- A menor gritou, tentando miseravelmente se soltar dos braços espertos de Lauren. -- Non! Non!
-- Eu não vou te machucar! -- Lauren gritou, usando sua força para imobilizar a garota. Ela se sentiu mal ao ver pavor nos olhos castanhos, mas aparentemente a garota era teimosa e não estava muito afim de lhe ouvir. -- Eu quero paz, tudo bem? -- Disse ofegante, sentindo a menor ainda se debater em seu aperto.
-- A garota é selvagem. -- Dinah, que assistia tudo de longe, disse em bom tom, sorrindo diante da cena de Lauren segurando à força uma selvagem nua.
-- Quaeso... -- A garota disse rendida, de forma suplicante. Seus olhos fitaram Lauren de um jeito aflito, de maneira que Lauren pôde ver que a garota tremia de medo. Só então Lauren percebeu que ela tinha o corpo molhado, então provavelmente esteve no mar há pouco. -- Quaeso...
-- Eu... Eu não te entendo. -- Lauren disse suavemente. Não queria assustar ainda mais aquela moça.
-- Quaeso... non! -- Ela repetiu com fragilidade, fechando os olhos tamanho era seu desespero, fazendo Lauren afrouxar o aperto.
-- Eu não vou te machucar, está bem? -- Afirmou. -- Olha... -- Umedeceu os lábios ao ter uma ideia para provar que era da paz, se virando para Dinah. -- Se isso sair daqui eu te lanço para os tubarões. -- Ameaçou sua amiga, fazendo-a se interessar ainda mais no que sua amiga faria. -- Um esfregão para meu convés limpar... -- Cantarolou ao fitar novamente a garota de sua frente, ganhando a total atenção da menor. -- Limpa, limpa, esfrega, esfrega, a sujeira eu vou tirar. -- Seu rosto ganhou um tom rubro, afinal ela sabia que sua amiga zombaria dela e não precisou esperar muito, porque no instante seguinte Dinah explodiu em uma gargalhada estrondosa.
-- Não tinha... -- Fez uma pausa para respirar e enxugar a lágrima do rosto enquanto ainda ria escandalosamente. -- Uma música melhor, não?
-- Eu só conheço essa. -- Lauren disse emburrada, se virando para a garota em sua frente novamente. -- Como é o seu nome? -- Lauren perguntou, mesmo imaginando que a garota não lhe entenderia. As esferas castanhas lhe fitavam vazias, deixando a maior ciente de que a outra não fazia a mais mínima ideia do que ela falava. -- Eu me chamo Lauren. -- Falou, soltando uma mão da garota para apontar para si mesma. -- Eu... Lauren Maioricatus. -- De repente, a cabeça da menor se inclinou ligeiramente para o lado, como se tivesse entendido aquilo. As orbes castanhas cintilaram algo, fazendo Lauren se sentir mais aliviada. -- Você? -- Indagou, apontando para a menor.
-- Camila Capillus. -- A voz soou rouca, lenta e temerosa enquanto ela apontava para si mesma.
-- Bom... -- Lauren proferiu, vendo um progresso. -- Muito bom! -- Disse em um suspiro de alívio; pelo menos algum progresso ela tivera. Agora só precisaria explicar para a moça que aquele chapéu era, de fato, seu. Como raios ela faria aquilo?
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Por hoje é só hausuaus, enfim, espero que estejam gostando e nos vemos logo logo ><
Ps: Comentem aqui ou com #OCDS no TT o que estão achando pq estou curiosa sobre a opinião de vocês, já que tenho um carinho mt especial por essa fic (nos rascunhos desde julho, a bichinha). enfim, até 😘❤
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O canto da sereia
FanfictionEm uma época onde reinos comandavam a terra, o mar era comandado pelos piratas. E em um tempo onde a liberdade era questão de posições, Lauren buscava, interminavelmente, a sua, até que certo dia, por fim, a encontrou. Iniciada em: 25/12/2018 AVISO:...