16 - Tempestade

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Como a corujinha que sou, de madrugada aqui estou. 😌❤

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Quando a calma habita o seu ser, você vê um vendaval como algo relaxante, um ocorrido da natureza; você enxerga a chuva como uma dádiva, os raios como um adicional para a paisagem e os trovões como a natureza lhe dizendo um olá, contudo, quando o desespero é quem toma conta da sua alma, você vê um simples vento como risco para sua vida, uma simples chuva como o fim dos tempos. Agora imagine como Camila se sentia, tendo o desespero habitando seu ser e não sendo apenas uma simples chuva que havia se iniciado. Era uma tempestade e, para influenciar ainda mais seu pavor, ela estava no meio do mar.

-- Hey... -- Lauren murmurou baixinho assim que tentou sair da cama e sentiu a menor se debruçar sobre seu peito e se apertar contra si. Um pequeno e baixo fungar despertou todos os sentidos da maior. -- Eu já volt...

-- Non! -- Camila murmurou, fechando dolorosamente os dedos contra a roupa de Lauren. -- Quaeso, Lo! Non. -- O barulho dos trovões estava cada vez mais alto e era isso que havia acordado Lauren no meio da noite. A de olhos claros desejou com toda a sua alma que pudesse prender Camila naquele abraço e consolá-la de seus medos, porém, tinha algumas obrigações a serem cumpridas.

Ela tateou a cama ao lado, afinal não via nada além de sombras, e percebeu que Normani tampouco estava presente. Ela precisou se agarrar na cama quando o navio se moveu bruscamente, provavelmente pelas águas agitadas do mar em dias de tempestade.

-- Eu já volto, de verdade. -- Lauren repetiu, acarciando o rosto de Camila e se esquivando com cuidado do pequeno corpo que estava quase que inteiramente sobre si. -- Me olhe. -- Pediu, erguendo o rosto de Camila delicadamente. A luz de um raio que entrara pela janela fez Lauren enxergar com clareza aquele par de olhos brilhantes e assustados. -- Eu preciso fazer algo, bem rápido, mas eu vou voltar, está bem?

-- Lolo já volta? -- Camila murmurou entre um pequeno soluço e um suspiro. Lauren levou uma mão até o rosto de Camila e enxugou delicadamente suas lágrimas. Camila sentiu um medo assombroso, porque fora em um dia tempestuoso como aquele que seu pai havia sido assassinado. Ele se fora, como Lauren estava fazendo, e nunca mais voltou. -- Por favor... Non! -- Ela voltou a implorar, meneando a cabeça.

-- Camila... -- Lauren a chamou baixinho. -- Eu preciso mesmo ir para evitar uma tragédia, mas eu vou voltar. Eu sempre vou voltar... Está bem? -- Camila encolheu os ombros e fechou os olhos para desfrutar da sensação de sentir os lábios de Lauren aquecendo a pele fria de sua testa.

-- Camila espera Lauren. -- Ela sussurrou finalmente, rendida, sentindo um sorriso se formar nos lábios da maior, contra sua pele.

Lauren apenas se levantou dali antes que já não tivesse mais forças e correu até a janela, usando sua força, devido ao vento forte, para fechá-la e prender a viga de madeira que impedia a mesma de se abrir novamente. Logo ela abriu a porta e correu para fora dali, fechando a mesma e deixando Camila sozinha na habitação.

Ela sentiu a água fria chicotear seu rosto e fez força para a frente, impedindo o vento de carregá-la dali. Com muita dificuldade, ela olhou para cima, buscando entre o cinza de todo aquele céu, em qual dos mastros Dinah estaria. Nesse momento ela se desequilibrou e acabou sendo empurrada para trás, acertando as costas contra a madeira de uma das pilhas de barris. Seu olhar, franzido, contemplou o mar em sua mais pura fúria, a essa altura seu corpo inteiro já estava encharcado.

Para ganhar agilidade, ela se jogou contra o chão e começou a se mover assim, olhando para cima em busca de Dinah. Não era tão fácil encontrar ali, porque o dia ainda não estava totalmente claro, afinal, era umas cinco horas da manhã. Seus ouvidos foram atraídos por gritos de Normani e, sem pensar duas vezes, seguiu aquele som.

O canto da sereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora