O canto da sereia

17 - Penumbra da habitação

Oieeee!

Demorei, mas cheguei ❤

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O trovão que explodiu no céu fez Camila gritar e abraçar o próprio corpo, tentando se concentrar em qualquer outro som dentro de sua cabeça. Lauren não demoraria, ela só deveria aguentar mais alguns minutos, entretanto, dúvidas sobre a segurança de Lauren começaram a assolar sua mente. Será que tudo estaria bem com a maior?

-- Lolo bem... Lolo bem... Lauren bem... -- Desejou baixinho, se encolhendo mais na cama. O quarto estava completamente escuro, devido à todas as lamparinas estarem apagadas.

Era certo que Camila estava a cerca de uns nove ou dez dias ali apenas, todavia, ela já considerava Lauren alguém importante, afinal, em toda a sua vida, todos sempre a tratavam mal e ela jamais tivera algum amigo. Ela não entendia o porquê de ninguém, nunca, entender seu idioma e todas as vezes onde ela pedira a seu pai para lhe ensinar o idioma dos demais, porque queria tentar interagir em uma de suas longas paradas, o homem, com angustia no olhar, recusava alegando que ele não poderia fazer aquilo.

Com o tempo Camila fora se conformando e deixando de se importar, porque em todas as paradas ela era trancada dentro de algum lugar assombroso ou algum quarto escuro, vendo a claridade apenas quando alguém ia lhe levar comida. Quando o navio voltava a se mover sobre as águas, em mais uma viagem, Camila podia voltar a rotina de sair do quarto, mas apenas para limpar e servir seus senhorios.

Ela passou parte de sua vida no escuro e não entendia a razão para aquilo, porque via que as outras escravas não eram tratadas daquela forma. De fato, naqueles outros navios (porque passou por uns cinco ao longo de sua jornada), ela não precisava usar outro dia idioma, uma vez que só falava com seu pai.

Tal lembrança, ao invés de congelar seu coração, fez o mesmo se acalmar em meio áquela tormenta, porque um par de olhos verdes cruzou seu pensamento naquele momento.

Ah! Camila gostaria de dizer tantas coisas à Lauren; ela odiava não conseguir se comunicar mais do que com uma ou duas palavras, mas mesmo assim se sentia agradecida, porque aquilo já era um progresso maior do que o de sua vida inteira e tudo graças à generosidade de Lauren, que desde o primeiro instante a defendeu dos outros marujos, se colocando na frente dela com sua espada, posicionada como se estivesse em uma guerra e tudo o que Lauren sabia de Camila naquele momento era seu nome; não sabia se ela era do bem, se era do mal, se lhe trairia a confiança do futuro... Aquela era a razão de Camila ter se apegado mais à garota de olhos verdes do que a qualquer outro ser daquele navio e, bem, pela paciência e pré-disposição dela em ajudar Camila em tudo.

-- Maioricatus. – Camila saboreou o sobrenome em seus lábios, deixando um pequeno sorriso enfeitar sua expressão. Foi aquele sobrenome que a fez capaz de se apresentar também no outro dia. Maioricatus, provindo de Maioricatu, que no idioma de Camila significava irmão mais velho, o primogênito.

E Lauren atendia àquele nome, agindo como uma irmã mais velha para Dinah, Normani e, bem, para ela. O único inconveniente disso era que Camila tinha estranhas sensações quando estava muito perto de Lauren, ou quando as mãos da maior tocavam sua pele, ainda que por um único toque.

Aquilo não era normal, mas Camila não conseguia entender bem seus sentimentos, já que não teve contato com muitas pessoas ao longo de sua vida. Ela queria abraçar Lauren o tempo inteiro e era como se seu corpo fosse atraído até o de Lauren sempre, sem embargo, tinha medo da maior não gostar de tantos toques, ainda que fosse boa de coração, por tal razão, Camila guardava suas vontades para si e se contentava em esperar Lauren lhe tocar ou abraçar, para que se coração pudesse vibrar de alegria.

Um barulho da porta se abrindo fez a menor alçar sua cabeça, acordando de seus devaneios. A claridade do dia que já amanhecia fez a moça ter absoluta certeza de quem era ali.

Sem pensar em nada, nem mesmo em seu receio em tocar a maior, ela se levantou, correndo na direção da mulher ali parada, completamente encharcada.

-- Camila, nã... -- Tentou impedir a menor de se molhar, mas sequer pôde terminar sua frase, uma vez que sentiu a garota se atirar em seu abraço, deitando a cabeça sobre seu peito e envolvendo os braços em suas costas, a abraçando tão forte como se sua vida dependesse daquilo.

-- Lo volta! -- Ela exclamou, sentindo uma enxurrada de alívio recobrir sua alma. Lauren havia cumprido sua palavra mesmo, afinal. Ela havia voltado.

A mais alta desviou seus olhos para Dinah e Normani, que apenas deram de ombros e entraram no quarto, fechando a porta para tudo voltar a fica escuro mais uma vez, porém deixando-as protegidas da chuva. Enquanto Dinah acendia uma das lamparinas para que pudessem se trocar com algum resquício de luz, Lauren não resistiu e envolveu seus braços contra Camila, sorrindo bobamente para o gesto.

-- Sim, eu disse que voltava, Camz. -- Murmurou. -- Eu sempre vou voltar. – Completou, deixando que seus lábios frios, vagarosamente, tocassem a pele quente da testa de Camila. Isso acabou gerando um suspiro audível na menor.

-- Laur... – A menor sussurrou, sentindo a respiração de Lauren bater contra seu rosto, uma vez que ela abaixou a cabeça para ficar cara a cara com Camila, sem saber que aquilo deixaria a de olhos castanhos completamente sem fôlego devido à proximidade. Seus narizes quase se tocando fez Camila engolir em seco, desviando os olhos vagarosamente para os lábios de Lauren e, ainda que na penumbra do lugar, pôde ver bem de perto aqueles lábios rosados, semiabertos, a centímetros dos seus próprios.

-- Sim? – Lauren indagou baixinho, não querendo chamar a atenção das outras duas garotas ali no quarto. Ela não sabia dizer se o escuro estaria fazendo-a ver coisas, mas podia jurar ver o olhar de Camila contemplar seus lábios com adoração. Isso fez seu coração acelerar ainda mais, sentindo como se um raio tivesse atingido todo seu corpo, deixando-a sem ação, sequer podia pensar, pois tudo o que queria era experimentar a sensação de ter aqueles lábios sobre os seus.

-- Vocês vão se resfriar. – Normani, desatenta do momento, disse, ouvindo Dinah bufar.

-- Você não podia só ter ficado quieta? – Dinah reclamou ao ver Camila se afastar de Lauren e olhar para a própria roupa, agora molhada.

-- O que eu fiz? -- Normani indagou confusa e Dinah negou com a cabeça, começando a tirar a sua roupa sem responder.

-- Você não deveria ter me abraçado. -- Lauren vociferou em um riso gracioso. -- Agora terá que se trocar também. -- Concluiu ao ver Camila tocando a roupa molhada.

-- Lolo bem? -- Camila indagou ao voltar a fitar a maior e Lauren sorriu, assentindo.

-- Sim, estou bem. -- Replicou, concordando com a cabeça. -- Mas ficarei melhor quando trocar essa roupa e ficar livre do risco de se resfriar. -- Disse, apontando para o guarda-roupas.

Camila suspirou e se virou, indo em direção à Dinah, mas algum pensamento seu a fez estacar no lugar e se virar para Lauren. Seus olhos percorreram a maior, com as roupas coladas e a camisa levemente transparente, não que pudesse ver muito mais do que aquilo, a falta de luz não permitia.

-- Lo pirata... -- Começou, deixando o ar ser exalado pulmões afora. -- Deslumbrante. -- Camila murmurou, enrubescendo no momento seguinte, para logo se virar e começar a tirar suas roupas.

A mais alta piscou extasiada, mordendo o lábio inferior e sorrindo antes de sair de seu transe e ir fazer o mesmo, para poderem finalmente se aquecer.

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Capítulo ponte, ou seja, light, mas preparem os cús!

haussususu brincadeira, mas próximo capítulo teremos uma surpresinha Muhahahahá!

E quem quer elas se entendendo(no idioma), se acalmem que logo menos isso acontece. Paciência, babies 😂❤

Acho que nos "vemos" quando o dia clarear, que é quando eu acho que atualizo de novo. Até😘❤