7 - Privilégios de senhorios.

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Chegou a mais de 100 estrelinhas o primeiro capítulo, cara, e comecei a postar hoje, entaaaão, vou postar mais um porque eu amo demais esse site 😂❤ Ps: Obg, nenês!

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Os passos duros sobre o convés entregavam o estado atual de humor que Lauren se encontrava, afinal, havia pedido para seu amigo para deixar Camila na ilha, que um navio não era seu lugar, entretanto, o homem afirmou que a sereia estava fadada a passar seus dias como prisioneira, cantando todas as noites para eles como castigo por tentar enfeitiçar um de seus piratas, no caso, Lauren.

Como já era esperado por Lauren, a garota se debatera assim que percebeu que seria levada para o navio. Alguns arranhões depois ela estava no pequeno barco, sendo segurada por Lauren, já que Paul havia segurado a garota com certa brutalidade instantes antes e Lauren não gostou de maneira alguma daquilo, que decidiu ela mesma segurar a garota para o bem dela.

Saindo de suas lembranças, a garota deu uma última olhada para o mar, inspirando fundo enquanto ouvia batidas incessantes na porta de sua habitação, vindas do lado de dentro. Ela retirou as grandes vigas de madeira da porta com cautela, liberando a passagem.

De repente as batidas pararam e quando ela entrou no ambiente ela pôde ver a respiração arfante da moça por ter subitamente se afastado da porta. Pela primeira vez Lauren pôde reparar bem em Camila; a moça tinha o corpo ainda nu, escassas gotas agora habitavam seu corpo, uma vez que com o movimento todo a água havia escorrido. Os cabelos estavam ligeiramente armados, liso em cima e ondulado nas pontas, dando à moça um ar um pouco selvagem, deixando Lauren deduzir que Camila havia desfeito suas tranças enquanto esteve trancafiada ali; os olhos castanhos jamais se desviavam, mostrando coragem, ainda que também transmitissem medo.

-- Eu não irei te machucar, eu já lhe disse. -- Lauren disse, arregaçando as mangas de sua camisa antes de abrir alguns poucos botões. Os olhos de Camila se arregalaram e Lauren negou com a cabeça ao perceber o que aquele gesto insinuava.

-- Tudo bem por aqui? -- A voz de Normani ecoou no quarto, fazendo Lauren olhar para trás.

-- Sim, feche a porta, por favor, não quero nenhum daqueles imbecís olhando-a. -- Disse, vendo sua amiga realizar seu pedido.

Os olhos castanhos de Camila aproveitaram para analisar o local; basicamente, a habitação em estilo europeu consistia em um único grande recinto, sem divisões internas. Os olhos atentos estudaram o pequeno número de móveis e a falta de ventilação, já que havia uma única janela ali, que ficava quase sempre fechada para manter o calor da habitação, no entanto, fazia calor e por tal razão Lauren havia aberto naquele dia. O chão era de maneira, uma vez que se tratava do convés.

O aquecimento dali era proporcionado por uma fogueira, quase sempre acesa no canto do ambiente e protegida por uma caixa de ferro, para não permitir que o fogo se alastrasse para a madeira do navio. Não havia chaminé, então a fumaça saía pela única janela do ambiente, que além de deixar sair a fumaça também permitia a entrada da chuva quando dormiam e esqueciam a mesma aberta, fato que costumava apodrecer o piso no inverno, levando o pirata líder a ter algumas despesas extras para trocar aquela parte da madeira.

-- Ajude-me. -- Lauren pediu, erguendo um grande balde de madeira do chão, o recipiente estava lotado de água e Normani rapidamente se aproximou, ajudando Lauren a carregar aquilo para o canto da habitação.

-- Vai se banhar agora? -- Indagou a negra, vendo Lauren negar com a cabeça.

-- Ainda não. -- Avisou. -- Ajudarei Camila a se livrar da água salgada do corpo e lhe darei algumas roupas minhas.

-- Oh! -- Normani replicou, deixando o balde onde deveria e pegando mais algumas coisas para ajudar Lauren. -- Então lhes darei uma dose de privacidade. Volto pela noite com Dinah. -- Avisou e Lauren assentiu, ocupada em preparar tudo para o banho de Camila.

-- Obrigada. -- Disse cansada. -- Ela é menos hostil conforme o número de pessoas ao redor diminui. -- Explicou, recebendo um solidário sorriso de sua amiga que, ao colocar os galhos de mastigação ao lado da enorme banheira também feita de madeira, se levantou e caminhou tranquilamente para fora do ambiente.

Elas dividiam a habitação, já que o navio não era dos grandes. Geralmente dormiam mais pessoas num mesmo quarto, porém, o Barba Negra abriu uma exceção para elas por serem mulheres, então o quarto era dividido por ela, Normani e Dinah.

O único problema era que a cama do ambiente havia sido feita especialmente para elas, assim que possuía mais largura do que comprimento. Os pés ficavam suspensos no ar, porém havia espaço para elas ali. Camila teria de se juntar a elas dali para frente até que encontrassem terra à vista novamente.

-- Vem. -- Lauren pediu com doçura, acenando com a mão para que Camila entrasse na banheira.

-- Quaeso... -- As orbes castanhas, de súbito, se encheram de lágrimas e a garota logo balançou negativamente a cabeça.

-- Olha... -- Lauren começou, suspirando. Camila ainda achava que ela faria algum mal a ela, pobre moça. -- Eu não te entendo, Camila.

-- Quaeso... -- A menor repetiu, juntando as duas mãos em frente ao rosto em forma de súplica. Lauren ficou feliz de entender, finalmente, uma palavra.

-- Isso seria "por favor"? -- Indagou, repetindo o gesto. -- Quaeso? -- Perguntou com um sotaque enrolado, vendo a moça em sua frente assentir temerosamente. -- Ótimo. Quaeso... por favor. -- Disse com propriedade.

-- Por... favor? -- Camila tentou, vendo a garota assentir. -- Uh, non, por favor? -- Disse novamente sua frase, satisfeita de poder usar uma palavra do idioma de Lauren. Ela entendia algumas poucas coisas daquela língua, seu pai havia começado a ensiná-la, porém ele havia morrido e ela ficou totalmente sem chances de aprender aquele idioma, já que não conhecia ninguém que falasse a mesma língua que ela ou que se dispusesse a tentar entendê-la.

-- Eu só vou te ajudar. -- Lauren disse, apontando para a banheira e depois para Camila. -- Por favor, eu não vou te machucar. -- Com um suspiro cansado, ela se aproximou de Camila e estendeu-lhe a mão. A menor estudou o gesto, cética se deveria acreditar naquele tom calmo de sua voz, ainda que não entendesse nada Lauren, de alguma forma, lhe transmitia calma e, por perceber isso, se atreveu a segurar a mão que estava suspensa no ar, vendo Lauren lhe sorrir compreensiva para logo ser guiada para a banheira então.

Seus pés tocaram a madeira da mesma e ela novamente estudou Lauren reparando que a garota, em momento algum, lhe faltara com respeito analisando seu corpo. Uma única dúvida assolava seus pensamentos: Se banho em uma banheira, dentro de uma habitação era restringido apenas para os senhorios, por que ela havia sido levada para aquele navio se teria os privilégios de seus antigos donos?

O canto da sereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora