Capítulo 11

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Não sei como aquilo havia acontecido, nem o porque tinha acontecido. Eu estava me sentindo bem e nunca mais havia tido nenhum tipo de sinal de que a magia estava viva. Tudo tão tranquilo, eu estava começando a acreditar em um futuro com paz.

Era noite e eu estava no lago tentando processar tudo que havia acontecido, enquanto meus olhos transbordavam em lágrimas. Eu tentava parar de chorar e me acalmar, mas não conseguia, todas as tentativas eram em vão.

Não demora muito e ouço alguém se aproximando. Era Felipe, parado um pouco distante e fica me olhando ainda em pé.

- Não se preocupe, eu não vou fazer nenhum mal a vocês. - disse fitando a resta da lua sobre a água.

Ele permaneceu calado, ouvi apenas o barulho de uma respiração profunda, como se estivesse tentando manter a calma. De todo coração eu espero que ele consiga, porque eu não estou conseguindo.

Ainda sem falar ele se aproxima e senta ao meu lado, pegando um pequeno galho que havia no chão.

- Estou confuso e um pouco assustado... Não vou tirar nenhuma conclusão precipitada, mas preciso que seja totalmente sincero comigo. - falou me olhando no fundo dos olhos.

     ☯   

 Dez horas antes

Já havíamos chegado em casa a um bom tempo, Felipe havia ido para o quarto deitar e eu fui para a cozinha ajudar Diana no que ela precisasse. 

Não gostava de ficar de braços cruzados aqui, é como se eu fosse mais incomodo do que seria se estiver ajudando. Mesmo que a maioria das vezes ela e Pedro digam que está tudo bem descansar, ou não fazer nada, eu não me sentia bem com isso.

- Eu adoro seus bolos. - disse enquanto macerava alguns grãos de cacau torrado. Ela sorri com o elogio.

- Obrigado meu anjo, é muita gentileza a sua. - agradeceu contente.

Algo que havia aprendido com minha mãe era de ser sempre grato pelo que tínhamos e sempre deixar as pessoas com palavras boas. Ela não tinha obrigação nenhuma de fazer aquele bolo, mesmo que sendo pra sua filha, então o mínimo que poderia fazer era agradecer e elogiar. 

- Com quem você aprendeu a cozinhar tão bem assim? - pergunto.

- A vida ensina muito a gente. - começou falando. - Claro que minha mãe me ensinou muita coisa, mas a maioria só aprendemos na prática do dia a dia. Já errei várias vezes, já queimei vários bolos. Mas tudo isso é parte do processo, não é mesmo? Acredito que tudo que sabemos na vida é resultado de nossas tentativas falhas.

Suas palavras eram tão bonitas e verdadeiras. Me fez ficar atento a tudo que ela falava e refletir um pouco sobre as coisas que tanto me atormentavam.

- Acho que você tem o dom da mãe. - disse e ela sorriu.

- O dom da mãe? - pergunta curiosa e ainda sorrindo.

- Sim. Digo, você fala e faz com que eu me sinta bem. Suas palavras são sinceras e verdades, é como se fosse uma lição para a vida. - falo sendo sincero. - Não sei, mas desperta algo bom em mim, como se de alguma forma eu pudesse sentir que minha mãe me falaria algo assim. 

Tentei não ficar muito emotivo, mas meus olhos se enchiam de lágrimas. A lembrança de minha mãe me vinha a cabeça e a saudade apertava no coração.

- Você ainda não conseguiu lembrar de nada? - pergunta Diana.

- Infelizmente ainda não. - falei. - As vezes eu sonho com a floresta, mas é tudo tão confuso que não consigo associar nada. 

Dois Caminhos (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora