Capítulo 23

2K 301 18
                                    

Não tem mais pra onde correr, tenho que resolver isso aqui e agora. Independente do que venha a acontecer depois eu quero vingar por todo mal que ela nos causou. Eu sei das consequências e estou disposto a aceitar todas elas.

- Essa aqui é pelo Ethan. - disse disparando sobre ela a energia que saia de minhas mãos. - Essa é pelo meu amigo Charlie. - disparei mais algumas vezes contra ela.

Ela continuava resistindo a todas minhas investidas para machucá-la e isso estava me estressando. Eu sabia que ela não me ensinaria tudo, mas eu sei que posso ser mais forte do que isso e vou continuar tentando.

- Arthur, por favor. Não faz isso. - Henrique estava pálido e visivelmente destruído com o que estava acontecendo.

Ele é meu irmão mais velho, a pessoa que eu mais tomei como exemplo durante toda minha vida. Ele me ajudou em todos os momentos de minha vida. Não foi só meu irmão, mas também um pai. E mesmo assim eu não ia deixar que ele me impedisse de concluir com o meu propósito.

- Se afasta. - disse em um tom sério. - Eu não quero te machucar, se afaste. - insisti e mesmo assim ele não recuou.

Me virei por completo para que ele pudesse ver o meu semblante e perceber que eu não estava brincando. Dei alguns passos em sua direção e novamente pedi para que se afastasse.

- Eu não vou deixar você fazer isso. - disse ele.

Isso me deixava furioso. Mesmo depois de tudo que Ágatha havia causado eles ainda insistiam em defender ela.

- Como você consegue defender ela depois de tanta maldade? - eu soava arrogante e prepotente. Era como se eu tivesse toda a força nas minhas mãos para fazer o que quisesse e nada nem ninguém pudesse me impedir.

- Isso te transformará em alguém como ela, veja como você está falando. - Henrique continuou argumentando. Mas não me convencia.

Eu não tinha medo do que eu poderia me tornar, tudo já havia desandado, minha mãe estava desacordada no chão. Não sei nem se ela conseguirá sobreviver. Eu não conseguia mais sentir minha pureza, nem esperança e muito menos acreditar que um dia eu poderia viver tranquilo como um dia eu vivi.

Sentia saudades de estar em casa, e dormir com a consciência tranquila de que eu acordaria no dia seguinte e todos estariam me esperando para tomar café. Tinha saudades de sentar para conversar com Charlie, viajar no mundo dos livros com ele. Era mágico. Esse é o tipo de magia que eu sinto falta.

Mas tudo isso foi tirado de mim, graças a minha tia. E eu não posso deixar que ela saia ilesa novamente. O que ela fez com o Ethan e Charlie, o que fez com minha mãe e com sua própria filha é imperdoável.

- Eu não me importo. - disse e empurrei meu irmão para longe. - Não tente se aproximar novamente.

Antes que eu pudesse me virar, sinto uma força me atingindo pelas costas, que me faz cair no chão a alguns metros de distância. Ela havia se recuperado muito depressa.

- Você acha mesmo que um fedelho igual você irá me machucar? - ela estava confiante demais. - Eu não vou abaixar a guarda pra você e nem pra ninguém. 

Ágatha soltou um sorriso sarcástico e cruel, era como se toda a maldade se acumulasse naquele sorriso tenebroso. Em um piscar de olhos ela lança um raio em direção ao pai do Felipe, o fazendo cair inconsciente.

- PAI! - grita Felipe indo em direção onde estava seu pai.

 - Isso só para você ter uma noção do que sou capaz. Eu não sou fraca como você é, eu não tenho mais humanidade como você tem, eu não deixo mais meus sentimentos dominarem como você deixa. - ela quase cuspiu as palavras na minha cara.

Eu estava em ira, eu estava machucado, estava sedento. Apesar de estar dolorido eu levantei e a encarei.  Todos os átomos do meu corpo estavam vibrando como se eu fosse uma barra de ferro na brasa. Eu não fazia ideia de onde essa força estava surgindo, mas ia aproveitá-la.

- Tia Ágatha... - minhas palavras saíram em tom de ironia. - Se você tem algo a dizer, dou a oportunidade de lhe dizer agora. Porque essa será a sua ultima chance de falar.

Sob minha cabeça flutuando, uma luz amarela começa a crescer como se toda a minha energia estivesse sendo acumulada ali. Ágatha tenta me atacar, mas é como se em volta do meu corpo houvesse um escudo que impedisse seus ataques. Eu havia escolhido meu caminho e nele o meu destino já estava traçado. Eu irei matá-la.

- Arthur, por favor. - ouço uma voz distante chamando por meu nome. - Não faça isso, por favor. - demoro a reconhecer a voz que saída da boca do Felipe. - É um caminho sem volta, precisamos de você conosco, eu preciso de você.

A voz do Felipe se aproximava, eu não movi a cabeça para não perder minha tia de vista, mas ele continuava se aproximando. Agora eu estava lutando comigo mesmo para não ceder a voz que vinha do Felipe.

- Olha pra mim, eu estou aqui. - agora ele estava próximo o suficiente para que eu escutasse até sua respiração ofegante.

- Não se aproxime. - disse com a voz trêmula. Ele estava mexendo comigo naquele momento.

- Eu te amo Arthur, eu quero voltar pra casa com você. Não permita que esse momento estrague nosso futuro. - eu não sabia como reagir a suas palavras. Eu havia fraquejado, mas apesar de uma parte do meu ser querer fortemente desistir  e abraçar Felipe, outra se fazia forte o suficiente para me manter na posição a qual eu me encontrava.

Uma outra luz incendeia todo o local, e suga toda a energia que eu estava segurando para matar Ágatha. Olho para todos os lados procurando de onde a luz estava saindo, e me deparo com minha mãe em pé.

- Eu amo vocês meus filhos, eu vivi para estar aqui. - disse ela como se estivesse partindo. - Nosso destino foi traçado irmã.

Após soltar a última palavra ela arremessou contra Ágatha toda sua energia, caindo em seguida junto com ela.

Dois Caminhos (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora