Capítulo 17

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Já se passaram quase duas semanas desde que Arthur havia desaparecido. Todos os dias durante a primeira semana, eu o procurava incansavelmente. Mal conseguia dormir a noite com tanta angustia.

Seu irmão, Henrique, continuava as buscas por todos os lugares possíveis. Ele repousava em nossa casa alguns dias e pela manhã bem cedo saíamos com a esperança de encontrar Arthur . Era cansativo, mas não podíamos deixar o cansaço nos vencer.

Todos esses dias, não consegui deixar de pensar um dia sequer na última vez que o vi. Aquele momento foi tão intenso que eu poderia me alimentar de felicidade todos os dias só de relembrar.  Essa memória agora me dói. Não só porque ele não está aqui, mas porque eu poderia ter cuidado melhor dele, eu sei que poderia.

- O que está pensando? - questiona Henrique sentando ao meu lado.

- Eu sinto que poderia ter impedido de algo assim acontecesse. - disse falhando a voz na última palavra. - Eu estava com ele um segundo, e no outro ele não estava mais comigo. - me esforço para não começar a chorar, mas uma lágrima já estava rolando em meu rosto que abria passagem para outras que apareceram em seguida.

- Não se culpe, você não teve culpa de nada. - Henrique falou tentando me acalmar. - Eu sei que ele é muito importante pra você e não faria nada de propósito pra machucar ele.

Eu senti que Henrique sabia dos meus reais sentimentos por Arthur, mas isso não me preocupava.

Estávamos em uma povoado não tão distante de onde morava. Henrique tinha um retrato de seu irmão e mostrava a várias pessoas, mas sem sucesso. Seu rosto estava pálido e sem vida. Eu imagino o quanto ele deve está sofrendo, em saber que ficou tão próximo de encontrar seu irmão, mas agora voltou para a estaca zero.

Caminhávamos por todos os lugares na esperança de alguma notícia boa. Meus pés doíam e meu corpo as vezes queria fraquejar. Já fazia muito tempo que estava nessa rotina com ele, mas não iria desistir.

Já era quase fim da tarde quando decidimos parar e continuar outro dia, em outro lugar. Iríamos voltar para descansar, mas retornaríamos as buscas no dia seguinte. Antes que saíssemos por completo do povoado, avistamos de longe uma movimentação incomum. Algumas pessoas paravam para observar o que acontecia. Eram cavalos, como se fossem uma grande tropa.

- Acho que sei de onde são esses cavalos. Vamos! - disse Henrique se apressando para montar em seu cavalo. Eu o acompanhei. Eles iam em direção a minha casa.

Eram cavalos do reino que desciam novamente em nossa casa. Desta vez uma senhora elegante desceu e olhou em volta. Alguns cavaleiros já conhecidos a guiaram até aqui. Não demorou muito para Henrique reconhecer e ir em direção a ela.

Eles se abraçaram visivelmente emocionados, e fiquei só observando mais distante. Era a mãe dele, a mãe do meu Arthur. Meus olhos ficaram marejados presenciando esta cena.

- O que você faz aqui, porque saiu de casa? - questionava Henrique preocupado. - E o Charlie?

- O Charlie está bem, ele queria me acompanhar mas achei melhor que ficasse cuidando de tudo. Eu precisei vir, não podia mais ficar esperando em casa de braços cruzados, principalmente depois do que senti. - ela exitou em continuar falando após me ver.

- Mãe, esse é o Felipe, ele e sua família que cuidou do Arthur todos esses dias. Não se preocupa, ele sabe de tudo. - fui apresentado a ela que caminhou até onde eu estava e me abraçou. Após alguns segundos senti seu corpo relaxar, como se fosse de alívio e então ela sussurrou em meu ouvido.

- Você tem o cheiro do meu filho em seu corpo... Não se sinta culpado, eu sei que voltaremos a vê-lo.

Por algum motivo aquelas palavras me acalmaram um pouco. Parecia o flavor da camomila entrando em meus pulmões.

Minha mãe e meu pai estavam em casa e foram apresentados a Úrsula, eles se sentiram tímidos em receber uma rainha em nossa casa. Afinal éramos pobres e não tínhamos nada de luxo. Mas ela não parecia se importar, assim como Henrique não se importou. Pelo contrário, suas palavras só demonstravam gratidão e apreço.

Úrsula nos contou que havia sentido uma energia muito forte, como se Arthur estivesse usando seus poderes com mais frequência. Ela disse sentir medo, porque não sabe como ele estava desenvolvendo e o que isso poderia refletir em sua vida.

- Algo me disse que eu precisava vir até aqui e contar a você o que havia sentido. Eu tenho medo, mas também tenho esperança. - dizia ela a seu filho.

- Não se preocupe, iremos encontrá-lo e retornaremos todos bem.

Ao ouvir essas palavras saírem da boca do Henrique, meu coração apertou. Eu sei que é egoísmo pensar dessa maneira, mas eu não queria que ele fosse embora. Eu também sei que aqui não é o lugar dele. Infelizmente não é e não tem nada que eu possa fazer para mudar isso.

Deixei eles conversando e sai para tomar um ar. Ainda não havia parado pra pensar nessa situação. Com certeza quando ele irá voltar com a família quando tudo estiver resolvido. Apesar de saber que isso é o certo, meu coração aperta só de pensar em ficar longe dele.

Mas agora minha única preocupação é achá-lo bem. E iremos conseguir.

Caminho até próximo ao riacho e fico sentado um pouco pensando um pouco. O cansaço já tomava conta de meu corpo por inteiro. Precisava retornar.

Antes de levantar ouço um barulho de galhos quebrando e de folhas secas mexendo. Levanto a cabeça e minha visão vai em busca de algo que ainda não sei o que é.

Meus olhos alcançam alguém vindo em minha direção, minhas pupilas se dilatam tentando enxergar melhor pelo escuro. Eu já estava em pé de prontidão esperando que se aproximasse.

- Não pode ser. - pensei alto. - Arthur? - meus olhos espantados enxeram de alegria e ao mesmo tempo preocupação em ver Arthur caindo bem na minha frente. Ele parecia muito debilitado.


° Nota

Olá, tudo bem com vocês? Gostaria de primeiramente me desculpar com os leitores por ter deixado a história de lado. Houveram muitos acontecimentos na minha vida pessoal na época e acabei deixando de lado. E claro que isso não é justificativa, mas sendo sincero, foi o suficiente pra me fazer perder a vontade de continuar escrevendo pra vocês, infelizmente. De alguma maneira tive a curiosidade de reler tudo e me deparei com algo mágico...  Descobri então onde havia esquecido a magia, bem aqui na história.

Sei que estiveram viúvos por esse tempo, mas estou dando minha palavra que não vai parar aqui e vou sim continuar, essa e outras que já estão bem adiantadas. No mais espero que continuem acompanhando, parte da minha motivação vieram dos seus bons comentários que aqui me deparei. Amanhã tem mais.  

Beijos, rô!

Dois Caminhos (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora