Dois Caminhos (romance gay)

Capítulo 26

Último Capítulo

Já haviam se passado alguns dias desde que eu tinha chegado na casa do Felipe, que agora era minha casa. Muitos dos pensamentos ruins que não saiam de minha cabeça agora pareciam que nem existiam. Claro que eu ainda estava de luto por tudo que aconteceu, mas a calmaria tomava conta do meu ser.

Ajudava o Felipe na venda e a Diana com as plantações. Dentre todas as coisas que eu fazia aqui o que eu mais gostava era ajudar a Paula com a leitura. Era estava aprendendo a ler e eu trazia vários livros infantis para acompanhar ela.

Ajudar a Paula me fez perceber que eu amava fazer aquilo, ler e ensinar era tudo que estava faltando para preencher todos os espaços felizes. E eu tive uma ideia, iria pedir ao Henrique para construir um espaço na vila, assim eu poderia ensinar todas as crianças que não tem essa oportunidade.

- Bom dia! - falo chegando na cozinha, ainda era cedo, Felipe estava comendo pães e conversando com sua mãe.

- Bom dia! - eles respondem.

Sento ao lado de Felipe que me passa uma xícara e o cesto com alguns pãezinhos.

- Acabaram de sair do forno. - diz ele.

- Obrigado. - agradeço sorrindo de leve. - Então, eu estava pensando em construir um espaço na vila para ensinar crianças a ler. O que acham?

- É um gesto muito nobre, Arthur. Mas como pretende fazer isso? - ela me questiona.

- Penso em pedir ajuda ao meu irmão, normalmente fazemos isso no nosso reino. Acredito que ele faria de bom grado. - digo sorrindo entusiasmado. - Claro, eu poderia escolher um turno para ensinar, assim não deixaria vocês na mão. - concluo.

- Não se preocupe com isso. - agora era Felipe que falava. - Iremos apoiar você no que te fizer bem.

Ele fala com tanta leveza que faz com que eu me sinta ainda mais amado por ele. Eu tinha o seu apoio, e isso era muito gratif

☯

Alguns meses haviam se passado e Henrique nos ajudou a construir uma pequena escola para que eu pudesse ensinar. Eu estava feliz por finalmente poder fazer o que eu mais gosto e mais feliz ainda por que meu irmão e Charlie estavam aqui conosco passando uns dias.

O espaço havia ficado lindo. Tinha apenas duas salas de estudo onde seriam lecionadas as aulas, uma sala menor como se fosse um escritório pessoal, e o que me deixou mais feliz é que havia uma área de alimentação que Henrique fez questão de construir, ele iria ajudar a manter com todos os suprimentos necessários para que as crianças não estudassem sem comer algo.

No espaço externo haviam alguns bancos, um gramado lindo e no centro uma fonte que jorrava água.  Era mais do que eu esperava, ver tudo aquilo pronto deixava meus olhos brilhando de felicidade.

Eu estava no escritório organizando alguns papéis para a primeira aula que começaria em alguns minutos. A porta se abre e Felipe entra em seguida.

- Está tudo incrível. - disse ele me abraçando por trás e beijando o meu pescoço. - Eu não poderia estar mais orgulhoso de você.

Me viro para abraçar ele. Eu nunca iria me cansar de sentir seu corpo quente junto ao meu. Tudo é como um sonho bom que eu não quero acordar tão cedo.

Me despeço dele e vou em direção a sala onde já haviam várias crianças sentadas ansiosas. Elas conversavam entre si e sorriam como se fossem um espetáculo de humor. Era nítida a felicidade que havia em seus rostos.

Alguns pais aguardavam na outra sala para receber algumas instruções de meu irmão de como seria feito tudo durante todo o ano. Eu não poderia tocar em frente sozinho, e alguns pais se voluntariaram a ajudar.

Entro na sala com um sorriso no rosto e todos fazem silêncio e me olham desejando bom dia em um coro só. Me apresento e falo um pouco do que iremos fazer. Pensei muito sobre e pretendo trazer de maneira divertida o ensino para que eles se apaixonem e criem amor por isso. Teatro, leitura em grupo, criação de poemas e até mesmo música. Os olhos delas brilhavam como a lua enquanto eu falava. Felipe se sentou no fundo da sala para observar.

- Ler é a brincadeira mais incrível que eu conheço. - dizia ainda falando com eles. - Vocês podem viajar para lugares onde vocês ainda não foram, podem imaginar como é um personagem, criar em sua cabeça tudo, é só deixar sua imaginação fluir que irão perceber o quão encantado esse mundo é. E eu ficarei feliz em apresentar pra vocês essa magia. - respiro fundo sorrindo. Isso era realmente o que eu precisava. - Alguém quer perguntar algo? 

Todos ficam se olhando entre si esperando alguém se pronunciar, apenas uma menina levanta a mão.

- É verdade que você é um príncipe? - pergunta ela me fazendo sorrir.

- É verdade. - respondo ainda sorrindo.

- Que legal! Então você mora em um castelo? - pergunta novamente.

- Não moro mais lá, agora moro aqui com vocês. - falo satisfeito.

- Mas você não tem uma princesa lá? - questiona novamente. 

Paro um pouco sobre o que falar e olho para Felipe no fundo da sala e voluntariamente abro um sorriso.

-  A pessoa que eu amo não está lá, está aqui. - digo sorrindo olhando para ele.

Olhando agora pra ele ali sentado percebo claramente que eu não escolhi gostar dele, porque defato eu não escolhi, apenas acabou acontecendo de eu amá-lo. E foi um dosmelhores acontecimentos que eu tenho vivido todos os dias. Amar me fazacreditar e sonhar com um futuro feliz e cheio de amor, me faz acreditar em diasmelhores, me faz querer lutar pra ter sucesso e construir assim uma vida pra nósdois, juntos. Ele me trouxe luz e esperança quando tudo era sombrio.

Eu sei que nunca vou esquecer do que aconteceu, mas se eu posso tirar algum aprendizado disso é que nós não devemos se esconder do nosso destino e sim encará-lo sem medo, assim como minha mãe fez, assim como Pedro e Helena fizeram também. Serei eternamente grato a eles, que me deram a oportunidade de estar aqui hoje, vivendo um sonho ao lado do meu amor.

Tudo que vivemos parece uma história tirada de um livro sobre contos mágicos.

- Um dia espero poder escrever sobre nós, Felipe. - digo enquanto caminhamos de mãos dadas voltando para casa. - Quero que todos sejam testemunha de nosso amor. - sorrio. Ele sorri e beija o topo de minha cabeça. 

Com ele eu encontrei o caminho certo, o caminho de casa.

Fim

...

~ Nota Final ~

Nossa caiu um suor do olho aqui  (rs). Eu estou orgulhoso por ter conseguido finalizar esse conto o qual tenho profundo carinho e amor, e estou feliz por ter tido vocês acompanhando. Podem ter certeza que se eu pensei em algum momento em não continuar, vocês (e o Arthur) foram os responsáveis por não deixar isso acontecer. Meu coração transborda felicidade e espero que o de vocês também. Nos encontramos na próxima? Com amor, rô!