Dois Caminhos (romance gay)

Capítulo Especial

Já faziam mais de três meses que o Arthur havia sumido. Eu sei que ele está assustado com a possibilidade de ter o mesmo poder que sua mãe e tia. Mas ele poderia ter conversado comigo, ou com sua família. Deve ser difícil ter de lidar com tudo isso sozinho. 

Eu realmente espero que ele esteja bem e que volte logo pra casa. As coisas não tem o mesmo sentido sem ele aqui.

O castelo ficava muito vazio, sem Arthur, sem Valentina que agora estava morando com meu irmão. Eu tentava ao máximo dar suporte não só a Henrique, mas a Úrsula também. Ela a maioria das vezes parecia ser forte, mas ainda sim era nítida a sua tristeza.

Ouço alguém abrir a porta do quarto me tirando de meus pensamentos.

- Oi amor, como você está? Alguma notícia? - digo me aproximando de Henrique e repousando um beijo em seu rosto.

Ele parecia muito cansado, e estava com o rosto triste. Mas mesmo assim força um sorriso ao me ver. Não era como se ele não quisesse sorrir. Eu entendo sua tristeza.

- Não temos nenhuma notícia ainda. Nenhum paradeiro ou pista. - disse sentando na cama e abaixando a cabeça.

Desde que Arthur sumiu uma equipe procurava diariamente por ele. As vezes Henrique ia pra ajudar nas buscas, mas até agora nenhum sucesso. Úrsula já havia tentando localiza-lo por sua magia, mas ela não conseguia. Ela acredita que ele não a usou ainda e por isso não consegue localizar.

Lembro no início ela falava que conseguia sentir sua presença distante, e que não eram todos os dias. Mas agora não consegue mais. Tentamos não pensar nada de ruim, acreditar que ele apenas está deixando a magia adormecer. É possível, afinal Úrsula havia feito isso também.

Tentávamos seguir com a vida no reino, as questões burocráticas e sociais. Mas era muito complicado ter de lidar com isso tudo. Por diversas vezes Ethan vinha me auxiliar quando o Henrique não estava presente, e eu aprendi muito com ele.

Eu e meu irmão estávamos muto próximos e pudemos conhecer melhor um ao outro nesses meses. Ele se mostrou ser uma pessoa totalmente diferente do que era quando estava enfeitiçado. Atencioso e preocupado, não só comigo, mas com nossa nova família.

- Vem aqui. - diz Henrique estirando o braço para que eu segurasse sua mão. E assim o fiz.

Ele me puxou para sentar em seu colo e me abraçou apertado. Senti seu coração palpitando depressa e sua respiração em minha nuca. Eu o amava muito e me partia o coração vê-lo triste dessa maneira.

- Obrigado por ser paciente e me apoiar... Eu não conseguiria sem você. - desabafou ainda me abraçando.

Me desfiz de seu abraço e segurei seu rosto com minhas mãos, acariciando um pouco sua face. Dei um beijo em seus lábios.

- Você não precisa me agradecer. Eu amo você e amo o Arthur. Eu sei que vamos encontrá-lo logo. -  ele sorri um pouco após minhas palavras.

- Eu também amo você.

Seu rosto se aproxima do meu, passando sua barba que estava rala em minha bochecha, em um movimento de subir e descer. Então encosta seus lábios nos meus, e lentamente sua língua abre passagem para um beijo. 

Esse é o único momento que eu sinto paz.