Capítulo 16

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Haviam alguns homens vestidos com armaduras próximos aos cavalos. A princípio nós estranhamos o motivo deles estarem ali, e pra acabar logo com a dúvida meu pai decidiu se confrontá-los e saber o que procuravam.

- Em que posso ajudá-los? - disse meu pai a um deles. Ele era forte e alto, carregava na lateral de sua armadura uma espada.

- Gostaria de conversar um pouco com vocês. - respondeu outro mais atrás.

Diferente do que meu pai havia abordado, esse parecia ser mais jovem e bonito. Seu semblante era muito familiar. 

Ele se aproxima e estende a mão para cumprimentar meu pai, em seguida faz o mesmo com minha mãe e depois comigo.  Nos entreolhamos um pouco, ainda sem entender o que estava acontecendo e o que eles procuravam.

- Sobre o que quer conversar? - pergunta meu pai. - Somos uma família humilde, não temos nada a oferecer. - O rapaz sorri um pouco ao ouvir.

- Não se preocupe, não queremos nada de vocês... Apenas algumas informações. - insistiu ele em conversar.

Apenas o jovem rapaz entrou conosco na casa, os demais ficaram esperando fora. Ele era muito educado e amistoso, lembrava muito o Arthur. Seria possível que fosse alguém de sua família em busca dele?

- A propósito, me chamo Henrique. - disse sentando-se em uma cadeira na sala.

Minha mãe ofereceu algo para comer ou tomar, mas ele só aceitou um pouco de água.

- Então, como posso ajudá-lo? - meu pai apressa-se em perguntar.

- Faz alguns meses que meu irmão mais novo desapareceu. - ele nem precisou continuar para que eu entendesse que aquele era o irmão do Arthur, o rei. - Procuramos ele desde então por todos os lugares incansavelmente. - ele para de falar para tirar uma fotografia de seu bolso e entregar a meu pai.

Havia uma foto do Arthur com ele. Meus pais estavam incrédulos com o fato de que finalmente a família ele havia nos encontrado, mas infelizmente um pouco tarde demais.

- Algum morador da cidade vizinha alega ter visto ele com alguém da região, e nos guiou até essa direção. - continuou explicando. Eu não quero nada de vocês, nem muito menos  quero assustá-los, mas se vocês conhecem meu irmão ou viram ele, por favor, me informe.

Antes mesmo dele terminar de falar minha mãe já se encontrava chorando em silêncio segurando a foto em sua mão. O irmão do Arthur estava aqui conosco, mas ele havia desaparecido novamente.

- Desculpa! - minha mãe falou entre as lágrimas. Henrique pareceu confuso e ao mesmo tempo preocupado.

- Ele estava aqui. - avisou meu pai. - Encontrei ele perdido na floresta, sem memória e trouxe ele pra casa. - ele deu uma pausa pra pensar antes de continuar explicando. - Até ontem ele estava aqui, mas ele sumiu. 

Henrique parecia estar surpreso com a revelação. Eu imagino o quanto isso deve ser difícil de ouvir, saber que esteve tão perto do irmão e acontecer isso. Eu também estava muito mal, tanto pelo desaparecimento do Arthur, quanto pela situação a qual nos encontrávamos agora.

- Eu sinto muito. - conclui meu pai.

- Como isso aconteceu? - ele estava nitidamente abalado.

- Foi culpa minha. - dessa vez eu resolvi me pronunciar. - Eu não devia ter deixado ele sair sozinho.

Eu realmente não deveria tê-lo deixado ir sozinho. Se eu tivesse o acompanhado ou tivesse dito para não ir, talvez ele ainda estivesse aqui conosco.

- Estávamos na venda de meu pai e ele saiu pra ajudar uma amiga, e não voltou mais. Se eu não tivesse deixado ele sozinho isso não teria acontecido. - falo abaixando a cabeça.

Não ficaria feliz com ele longe, indo para a casa da família, mas com certeza essa opção é melhor do que a atual. Me culpo por ter pensado nisso também.

- Não se culpe assim, eu sei que você não teve culpa. - fala Henrique. - Agradeço pelos cuidados que tiveram com ele todo esse tempo, um dia recompensarei vocês.

- Não precisa se incomodar com isso, fizemos de coração. Ele é um garoto maravilhoso. - disse meu pai.

Henrique iria continuar as buscas pelo irmão, isso era certeza. Mas agora ele poderia contar conosco, o ajudaríamos nessas buscas até encontrar Arthur.

Mesmo querendo voltar para sua casa, ele e os guardas se renderam a insistência de meus pais em ficar a noite para descansar. Isso foi ótimo, porque eu preciso conversar com Henrique sobre tudo que aconteceu. O porque ele fugiu de casa, o que ele vinha tentando evitar. Talvez sabendo disso pudêssemos encontrar uma estratégia de busca mais depressa.

Os meus pais ficaram incrédulos quando Henrique disse ser um Rei, que morava em um castelo. Eles se sentiram desconfortáveis por achar que ele se incomodaria em repousar na nossa casa humilde. Mas Henrique parecia não se importar com isso, pelo contrário, ele estava agradecido e com esperança por ter pelo menos uma direção agora.

Os guardas ficariam repousando na sala, enquanto Henrique ficaria na cama que era do Arthur. Era estranho ver outra pessoa tomando posse do lugar dele, mesmo sendo seu irmão.

- Tem algo que eu não falei por estar na frente de meus pais. - disse chamando-o atenção.

- O que? - pergunta ele atento as minhas palavras.

- Eu sei sobre ele... Na verdade sobre sua família. - falei.

- O que exatamente você sabe sobre minha família? - perguntou tentando entender onde eu queria chegar.

- Que são bruxos ou algo assim. - confessei.

Ele permaneceu calado me olhando por alguns segundos, como se estivesse procurando algo para falar em seguida.

- Não contei a ninguém, claro. - continuo falando. - Soube esses dias, quando teve um descontrole da magia.

- Então foi isso. - disse ele e fiquei sem entender. - Minha mãe sentiu alguma presença, então ela conseguiu canalizar isso e encontrar uma localização aproximada daqui. Foi assim que achei vocês.

Então eles tinham algum tipo de conexão, é isso? Sendo assim seria fácil encontrar Arthur, caso ele use a magia novamente.

- Tem mais uma coisa... - digo. - Ele não havia perdido a memória, mentiu porque estava assustado e com medo de machucar vocês diretamente, ou a sua tia tentar machucá-los de novo caso descobrisse que ele tinha herdado os poderes.

Conversamos bastante sobre tudo que havia acontecido no passado e o que ele passou aqui. Tenho certeza que acharemos um jeito de encontrá-lo bem.

Dois Caminhos (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora