Capítulo 19

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Não havia dormido muito bem, acordei com uma tremenda dor de cabeça. Não fui o único que teve uma noite em claro, quase todos os outros não conseguiram também. Acredito que a tensão de que alguma coisa poderia acontecer.

As conversas durante a parte da manhã foram poucas, estavam todos pensativos. Acredito que todo mundo buscava um método eficaz e seguro de por logo um fim nessa história.

- Você está bem? - pergunta minha mãe me tirando de meus pensamentos. - Faz quase uma hora que você está sentado sozinho e não conversa com ninguém.

- Estou com um pouco de dor de cabeça. - disse.

- E o Arthur? Não conversou com ele hoje? - não a respondi, apenas fiquei observando uma abelha que repousava sobre as frutas que haviam em cima da mesa. - Filho, você sabe que nós amamos você e seja apoiaremos você no que for te fazer feliz. - concluiu dando um beijo no topo da minha cabeça.

- Obrigado mãe. Isso significa muito. - forcei um sorriso.

Eu realmente estava feliz em ouvir isso dela, significa muito pra mim ter o apoio dos meus pais em minhas decisões. Mas não consegui ficar totalmente feliz naquele momento.

Após passarmos o dia planejando como faríamos para ir até onde Arthur estava preso, conseguimos chegar a uma decisão que, apesar de não agradar a todos , era a única solução que encontramos.

- Eu preciso ir, não posso ficar aqui esperando vocês. Eu estou melhor, eu conheço o lugar e todas as entradas. - argumentou Arthur após saber que ele não estava dentro do plano.

- É muito perigoso que você saia assim nesse estado. - dizia Henrique.

- Também é perigoso que você saia, ou a mãe ou o senhor Pedro que não tem relação alguma com essa tragédia mas está colocando sua vida em risco. É injusto ele se envolver enquanto eu fico aqui de braços cruzados. - Dessa vez Arthur estava falando mais sério. - Eu tenho desenvolvido minha magia e posso me defender.

- Eu vou e fico com ele. - disse. - Ele tem razão, conhece tudo e tenho certeza que não irá acontecer nada. Posso ficar com ele fora esperando vocês. - olhei pra Arthur que sorriu pra mim.

Mesmo com muita dificuldade e após insistir bastante Arthur convenceu a todos de que ele deveria ir, mesmo sua mãe e seu irmão não estando totalmente de acordo.

Iríamos eu, Arthur, Úrsula, Henrique e meu pai junto com alguns soldados do seu reino. A rainha iria entrar primeiro com Henrique e alguns de seus soldados, enquanto meu pai entraria depois com os demais.

Eu e Arthur esperaríamos do lado de fora em algum local afastado da entrada.

- Está tudo bem, mãe. Não vou entrar com eles, mas preciso acompanhar o Arthur para não o deixar ele sozinho. - falei tentando acalmar minha mãe que estava muito preocupada. Ela tinha medo do que poderia acontecer, tendo em vista que sempre levamos uma vida calma e tudo era muito novo pra ela.

- Não deixarei que nada aconteça com ele. - desta vez foi Henrique direcionando suas palavras para minha mãe.

Ela me abraçou forte e em seguida foi falar com o meu pai. O clima estava mórbido, como se fosse uma despedida. Não era uma escolha ir ou não de encontro com o problema, mas uma hora ou outra Ágatha retornaria e dessa vez poderia ser fatal.

Já estávamos no meio da floresta indo em direção ao local onde Arthur estava preso todos esses dias. O caminho todo foi repleto de silêncio. Eu só ouvia o barulho das pegadas de cavalo e das folhas balançando com o vento. O clima era de pura tensão, minhas mãos estavam suadas e meu coração acelerado.

Chegando próximo do local, decidimos descer dos cavalos e continuar o caminho a pé para não causar nenhum tipo de alvoroço. Deixamos os cavalos abaixo de umas árvores e seguimos sem falar muito. Não demorou e logo avistamos uma caverna.

- É aqui. - disse Arthur apontando em direção a caverna. - Como havia dito, essa entrada não é a única, existe uma outra passagem na parte de atrás, podemos entrar por lá.

- Nós iremos, vocês ficam e esperam aqui como era o combinado. - disse Henrique.

Não criamos caso e apenas concordamos em ficar esperando. Henrique distribuiu algumas espadas, inclusive uma a meu pai e depois delegou algumas funções aos guardas.

- Toma cuidado filho, qualquer movimentação estranha corra e se esconda bem. Não tente ser um herói. - disse meu pai me dando um abraço em seguida. - Se algo acontecer cuida de sua mãe e sua irmã, não deixe que elas fiquem sozinhas.

- Não vai acontecer nada, vai ficar tudo bem. - Meus olhos se enchiam de lágrima novamente, toda essa tensão estava me deixando com medo e sensível. Eu sabia dos riscos e isso era o que mais me fazia temer.

Observamos eles caminharem até a caverna, se direcionando para o local onde havia sido designado como entrada.

- Você acha mesmo que isso pode dar certo? - pergunto sério.

- Eu espero que sim. - respondeu ele. - Ela acha que conseguiu fazer com que a magia negra despertasse. - falou.

Percebo que ele abre a bolsa que havia carregado durante o caminho e tirar de dentro umas cordas grossas.

- Eu vou precisar amarrar suas mãos e você entra comigo. Essa é a prova que ela precisa. Levar um grande amor até ela como sacrifício. - me explicou qual era o seu plano e continuou falando. - A parte de trás da caverna não vai os levar até ela diretamente, só vai atrasar eles até que possamos entrar e fazer tudo como o combinado. Tudo bem?

- Sim. - falei virando de costas para que pudesse amarrar minhas mãos. - Vai valer a pena, assim espero.

Estiquei os braços para trás e minhas mãos foram amarradas nas costas, sendo uma parte da corta indo em direção ao meu pescoço e dando duas voltas ao redor dele. Parecia perigoso, mas era convincente e eu faria até mais se fosse preciso.

Esperamos mais um pouco até que sumissem totalmente de nossas vistas. Saímos de onde estávamos para entrar na caverna, cada passo que eu dava meu coração acelerava mais e mais.

Dois Caminhos (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora