capítulo trinta e um;

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Yuta tomava seu banho tranquilamente, apenas aproveitando a água morna de seu chuveiro. Havia acabado de chegar de seu mais nova emprego – ele agora trabalhava como modelo para uma das agências afiliadas da SKY.

O trabalho atual era menos cansativo que o antigo, mas mesmo assim, sentia falta de algumas coisas – e, por incrível que pareça, não era sexo. Assim que saiu sua entrevista na nova edição da SKY, muito de seus fãs ficaram contentes por ele simplesmente não desaparecer. Suas redes sociais continuavam ganhando seguidores diariamente, mas ele não se importava muito com isso.

Saiu do banheiro com uma toalha branca enrolada em sua cintura, e ouviu o barulho de seu celular, avisando que tinha mensagens novas. Sentou-se na cama e pegou o aparelho, digitando sua senha e o desbloqueando. Sorriu ao ver quem era o responsável pelas mensagens.

taeyong: está ocupado demais no seu novo emprego para arrumar um horário para mim?

you: dependendo do horário, sou todo seu.

Aquela frase podia ser interpretada de várias maneiras. E é lógico que os dois interpretariam pela pior.

taeyong: sabe, eu estava lendo sua entrevista, e li alguma coisa sobre transar comigo.

taeyong: não sei se li direito, ou se era alguma coisa no meu olho.

Yuta riu.

you: não sei, talvez.

taeyong: af

taeyong: enfim, você pode sair agora?

you: talvez

taeyong: enfia o talvez no cu, nakamoto

you: aonde iriamos?

taeyong: pra minha cama

you: oPA

taeyong: mas antes vamos comer

taeyong: só não disse o que

you: vou me trocar e já estou indo pra sua casa

taeyong: você nem sabe onde é a minha casa

you: sei sim

taeyong: duvido

you: você divide apartamento com o yugyeom

taeyong: como vc sabe?

you: tenho meus contactos

*

Yuta esperava por Taeyong na frente do prédio que o mesmo morava. Sorriu ao ver o mesmo passar entre as duas grandes portas principais, e reparou no quanto o mesmo estava lindo. O rapaz agora estava loiro, e trajava uma camiseta branca e uma calça com alguns rasgos no joelho. Os dois se abraçaram – já que de certa forma, viraram amigos.

— Está lindo. — O japonês diz, arrancando uma risada gostosa do Lee.

Depois de um curto diálogo, ambos adentraram no veículo de cor preta, partindo para o restaurante que combinaram em comer juntos. Já haviam ido lá algumas vezes junto a Youngho e Chittaphon – até mesmo Jaehyun –, então seria a primeira vez indo sozinhos. Aquilo não poderia ser considerado um encontro, ou poderia?

— Você também não está nada mal. — Brinca.

— O que vai querer comer? — Nakamoto pergunta assim que ambos se acomodam na última mesa do local, próxima as grandes janelas de vidro.

— Acho que pizza. — Diz, lendo no cardápio — Estou fazendo dieta, mas hoje vou comer o que tiver vontade. — Deixa o livro de porte médio sobre a mesa.

— Não sei porque faz dieta, eu adoro seu corpo assim. — Ele queria dizer "amo", mas preferiu deixar em off.

— Obrigado pelo elogio? — Saiu mais como uma pergunta do que um agradecimento.

Já decididos do que iriam comer, apenas chamaram o garçom e fizeram seus pedidos. Enquanto aguardavam, conversavam sobre coisas aleatórias.

— Sua saída do site abalou muita gente. — Taeyong comenta, colocando o canudo de seu refrigerante entre os lábios cheinhos, os quais o japonês não conseguia parar de encara-los. — Para falar a verdade, até eu mesmo fiquei surpreso.

— Eu precisava mudar de vida. — Deu de ombros. — Como todo mundo sabe, eu estou há muito tempo no site, e uma hora ou outra, você tem que perceber que aquilo tudo não é para sempre. E bem, eu não quero ser conhecido somente como um ator pornô.

— Acho que entendo. — Lee profere. Ele, realmente, entendia. — Não foi uma escolha minha ser ator pornô. Eu precisava de dinheiro, muito dinheiro. E foi ai que Taeil me encontrou e me ajudou.

— Seus pedidos. — O garçom diz, colocando os pedidos sobre a mesa, e servindo ambos os clientes.

Yuta sabia que Taeyong tinha uma história conturbada – mais especificamente seu passado –, alguns de seus antigos colegas da PornHub comentavam com ele, mas ninguém nunca descobriu o real motivo.

O garoto à sua frente era uma caixinha de segredos.

— Eu também soube sobre sua mãe. Meus pêsames. — Taeyong profere, após terminarem de comer.

— Hum, tudo bem. Na hora, eu realmente fiquei muito abalado, mas eu não podia fazer nada. — Levou uma garfada de massa até os lábios. Mastigou bem, e depois engoliu. — Mas ainda machuca saber que até o último segundo de vida dela, ela não me perdoou.

— Perdoar pelo que, exatamente? — O Lee pergunta curioso. Sabia que o assunto era delicado, mas não conseguia controlar sua língua.

— Bem, ser ator pornô não exatamente o emprego que seus pais querem que você siga. — Explica, bebendo um pouco de vinho. — Muito menos planejam que o mesmo será homossexual.

— Entendo.

— Mas e você, Lee? Qual é a sua história para ter parado em um site pornô — Nakamoto pergunta com um sorriso ladino no canto de seus lábios.

— Como assim?

— Todos nós temos alguma história de como fomos parar naquele site. — Tomou o líquido doce. — Qual é a sua?

— Não fui parar naquele site porque eu quis ou por conta de dívidas. — Profere, se ajeitando na cadeira. — Foi por causa de uma aposta idiota. Um vídeo idiota.

— O que aconteceu?

— Bem, eu e alguns amigos estávamos bêbados, e decidimos fazer aquele jogo idiota de apostas. — Revira os olhos. — E apostaram se eu e um outro garoto transariamos. E bem, como estávamos bêbados, logicamente atendemos a essa aposta. Uma coisa que não contávamos era que estaríamos sendo gravados. — Riu sem humor. — O vídeo se espalhou rápido pela internet e, consequentemente, chegou nas mãos dos meus pais. O resto, você já deve saber. Fui expulso de casa, blá, blá, blá, encontrei Yugyeom que já trabalhava na PornHub, e um dia conheci o Taeil e... BOOM! Cá estou eu.

— Não sei o que dizer. — Nakamoto diz, Taeyong ri baixinho.

— É que esse tipo de coisa não foi feito para se ter alguma reação. — Deu de ombros.

Conversaram mais um pouco, e Lee comentou brevemente que Yugyeom não estava em casa, pois estava ocupado demais com BamBam e um outro rapaz – que o mais novo não quis dizer o nome.

— Por que não vamos assistir um filme lá em casa? — Sugere assim que saem do restaurante. — Você pode dormir lá, já que Yugyeom não vai estar mesmo.

— Não sei... — Nakamoto diz pensativo.

— Ah, por favor! — Pede manhoso, balançando o braço de Yuta.

Tudo bem.

PH.COMOnde histórias criam vida. Descubra agora