You've Gone Away • Ashton Irwin #Wattys2014

Capítulo 17

2012

-Já estás cá? - pergunta a minha mãe, realmente surpreendida.

O Ashton traz a minha mochila para dentro de casa e cumprimenta os meus pais, algo que nem me dei ao trabalho de fazer.

-O Zach tinha um compromisso hoje, tivemos que voltar mais cedo, - explico. - Eu e o Ash vamos para o meu quarto.

Os meus pais não reclamam, pelo que pego na mão do Ashton e o puxo pelas escadas. Os meus pais estão a dormir no quarto maior, obviamente, mas também não me importo. As paredes daquele quarto estão pintadas numa cor laranja horrorosa; nem quero imaginar como deve ser acordar a ver aquela cor todos os dias.

-Então, o que é que vamos fazer? - pergunta-me o Ashton.

-Bem, eu vou pôr o meu iPod a carregar e pôr o rádio a tocar para te poder devolver o telemóvel, - digo, rindo-me.

Ponho a dar um CD qualquer que encontro e aproveito para devolver o telemóvel ao Ashton.

-Porque é que tens tanto a panca da música? - questiona ele, de maneira realmente curiosa.

Encolho os ombros enquanto ponho o meu iPod a carregar.

-Para ser honesta, não sei. Simplesmente é estranho não ter música a tocar nos ouvidos. É como se o mundo fosse muito mais silencioso e... deprimente. A música tira-lhe a depressão. Torna-o melhor.

O Ashton sorri com a minha resposta, e eu sorrio-lhe de volta.

-Mas não sentes falta do silêncio? Sei que é estranho ouvir isto vindo de alguém que quer fazer da música carreira, mas há momentos em que sabe bem simplesmente estar no silêncio.

-Talvez. Mas toda a minha vida vivi no silêncio. Chegou uma altura em que me fartei dele.

O assunto acaba aqui, com sorrisos trocados e um CD que só pode ser do meu pai a tocar.

Aviso o Ashton que vou lá abaixo buscar qualquer coisa para beber e aproveito para encher um copo de sumo também para ele.

-Vocês os dois... namoram? - pergunta a minha mãe, assustando-me.

-Não. Somos só amigos.

-Tens a certeza?

Faço que sim com a cabeça e volto lá para cima. O Ashton baixa o volume do rádio que eu tinha aumentado para poder ouvir lá em baixo e sorri quando vê o copo de sumo que lhe estendo. E então reparo no caderninho de capa preta aberto no colo dele.

-Onde é que encontraste isso? - pergunto, de olhos arregalados.

Ninguém lê o que escrevo naquele caderno. Ninguém.

-Estava caído no chão. Desculpa, não pensei que fosse privado.

Ele fecha o caderno e estende-mo.

-Mas só para que saibas, essas músicas estão mesmo bem.

Desvio o olhar, envergonhada. Nunca mostrei estas músicas a ninguém, são quase como que uma parte de mim que mantenho escondida.

Guardo o caderno numa gaveta e sento-me ao lado do Ashton na cama.

-Foste tu que as escreveste? - pergunta-me ele.

Faço que sim com a cabeça lentamente, evitando olhar para ele. Mesmo que ele tenha lido só um par de versos, sabe mais sobre mim do que pensei alguma vez contar a seja quem for.

-Ei, Charlie?

Olho para ele, que me sorri.

-Que achas de esta noite irmos sair? Só nós os dois.