You've Gone Away • Ashton Irwin #Wattys2014

Capítulo 22

2014

-Sabes, nós não temos que estar a fazer isto, por isso agradece e cala-te de uma vez por todas, - reclama o Ashton.

Apesar de não o dizer em voz alta, o Ashton tem razão. Nós não temos que carregar o Zach até ao quarto dele, estamos a fazê-lo simplesmente porque achámos que seria simpático ajudá-lo. Mas da mesma maneira que o carregamos pelas escadas acima, também podemos mandá-lo delas abaixo com a mesma facilidade.

-Vocês são uns terríveis melhores amigos, - queixa-se o Zach, enquanto eu o deito na cama.

É que ele só pode estar a gozar com a minha cara.

-Para a próxima, carregas-te a ti próprio escadas acima, e a gente já fala, sim?

O olhar dele mostra-me a vontade que ele tem de me bater, mas a verdade é que o sentimento é mútuo. As últimas três semanas foram passadas no tédio, porque ele estava internado, e nem eu nem o Ashton o queríamos deixar sozinho, e ainda o carregámos pelas escadas de casa dele para o deitarmos na cama. E ele ainda se queixa!

-Eu e a Charlie vamos jantar fora que já não te podemos ver à frente, - avisa o Ashton. - Escusas de nos ligar se quiseres alguma coisa de nós.

O Ashton pega-me na mão e puxa-me para fora do quarto.

-Não me lembro de ter aceitado ir jantar contigo, - comento, em tom de troça.

-Isso é porque não pedi. Estou a raptar-te.

-Achava-te mais original, Ash.

Vamos para o carro dele, em direção a um restaurante escondido, de ar rústico, que praticamente ninguém conhece. Eu incluída.

Falamos durante a refeição toda, parando só mesmo para ir mastigando. É das coisas que mais adoro no Ashton: com ele nunca há silêncios constrangedores. É capaz de falar de tudo e nada, sem nunca parecer ridículo.

Claro que temos as nossas discussões. Ainda nestas semanas que o Zach esteve internado discutimos umas três vezes, as discussões acabando sempre com as mesmas palavras vindas da boca dele: "tu foste-te embora". Normalmente só nos voltávamos a falar dois dias depois.

-Passas a noite comigo? - pergunta o Ashton, quando saímos do restaurante de mãos dadas.

-Não, tenho que fazer chamada por Skype com com os meus pais e com a Emily e depois só quero mesmo deitar-me na minha cama e dormir...

-Eu entendo, - diz ele, com um sorriso. - Também tenho que tratar de uma coisa.

Levanto uma sobrancelha.

-Ah sim? O quê?

-Há uma música no álbum, - diz ele, olhando para todos os lados menos para mim. - Não a tenho no telemóvel nem no iPod para não a ouvires, mas fui eu que a escrevi, e...

-Estás a falar da Amnesia? - interrompo.

O Ashton olha para mim em choque.

-Foste vê-la ao YouTube?

-Não, achas? Deves achar que não tenho vida. Não, o Calum mostrou-ma pouco depois de eu voltar.

O Ashton começa a murmurar coisas demasiado baixo para eu entender, mas consigo ouvir umas ameaças de morte ao Calum muito pouco simpáticas.

-Se te serve de consolo, comecei a chorar quando ouvi a música.

Ele riu-se baixinho.

-Era assim tão má?