Capítulo 5

3K 248 14
                                    

2012

A minha mãe toca-me no ombro ao de leve e abana-o gentilmente.

-Querida... querida, acorda...

Abro os olhos a custo. Os meus phones da noite estão postos, e aos poucos e poucos vou reconhecendo a Free Falling - a versão do John Mayer, que a original não me agrada minimamente.

-Vá, levanta-te que tens o teu amigo lá em baixo, - avisa a minha mãe.

Franzo o sobrolho.

-Que amigo? - pergunto, com a minha voz matinal que faz parecer que fumei três maços de cigarros de uma assentada.

-Aquele que conheceste no teu primeiro dia. O teu pai está a falar com ele lá em baixo.

Com os olhos arregalados, levanto-me da cama de um salto e corro lá para baixo, preocupando-me pouco com o facto de estar a usar só uma T-shirt larga e de ter o meu cabelo loiro em desalinho. O Ashton e o meu pai estão sentados em sofás opostos, e, para meu grande alívio, o meu pai está a sorrir para o Ashton.

-Charlie! - exclama o Ashton ao ver-me descer as escadas.

Mando-lhe um pequeno sorriso, ao qual ele retribui.

-Que estás aqui a fazer? - pergunto-lhe.

-Vim ver se querias vir à praia comigo. O Cal, o Luke e o Mike vão a Adelaide, e eu estou com pouca vontade de ir à praia sozinho quando posso ter uma ótima companhia.

Rio-me.

-Deixa-me só ir-me vestir.

Torno a subir as escadas, dando graças a Deus mentalmente por o Ashton ter agradado ao meu pai e tomo um duche rápido. O rádio ainda está a tocar o álbum dos 30 Seconds to Mars enquanto ponho o meu biquíni lilás, uns calções de ganga e um top de alças branco. Desço as escadas com a Heroes no ouvido.

-Vamos?

Despeço-me dos meus pais, obviamente aceitando o dinheiro que a minha mãe me estende para o caso de querermos almoçar e sigo o Ashton pelas ruas de Sidney. Nem dou por ele a pegar no phone livre e a pô-lo no ouvido dele até ele começar a cantarolar a Incomplete.

-Ashton? - chamo.

Ele olha para mim, a mostrar as covinhas que só aparecem quando ele sorri.

-Porque é que estás a tentar ser meu amigo?

Estou mesmo curiosa. Ele não me conhecia há uma semana, mas mesmo assim esforça-se imenso para me fazer rir, para não fazer troça da minha panca, e é sempre uma ótima pessoa comigo. Não sabia que havia pessoas assim. Todas as pessoas que conheço em Nova Iorque são egoístas, só pensam nelas próprias e no que podem obter de uma determinada ação. Não são genuínas como o Ashton aparenta ser.

-Não sei, - responde-me ele com honestidade. - Pareces-me boa rapariga. Generosa, amigável, e boa pessoa. Não conheço muitas raparigas assim. E acho que o teu amor por música ajuda. Não sei, acho que és o meu tipo de pessoa.

Sorrimos um para o outro, antes de ele desviar a conversa para outro assunto.

Quando chegamos à praia, ele deixa cair a mochila e a toalha e começa a correr que nem um louco em direção à àgua, tirando a T-shirt e atirando-a para a areia pelo caminho. Fico ao pé das nossas coisas, a rir-me muito alto enquanto a If You See Kay toca. Vejo-o mergulhar na água, sem se preocupar minimamente com o facto de estar gelada que nem um glaciar, e tornar a aparecer a abanar o cabelo armado em cão. Parece o Tarzan. Ele acena-me e faz gestos para ir ter com ele, mas faço que não com a cabeça vigorosamente. Nem pensar que me meto na água.

You've Gone Away • Ashton Irwin #Wattys2014Onde histórias criam vida. Descubra agora