Caverna

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Eu vejo a luz.

Eu morri?

Junto as sobrancelhas sentindo a claridade do sol queimar sobre meu rosto. Ergo a mão na tentativa de fazer o mínimo de sombra para conseguir abrir os olhos. E a outra mão eu uso de apoio para levantar. Consigo me sentar com dificuldade devido as múltiplas dores em diversos lugares do meu corpo, e esse ato me faz soltar alguns gemidos de dor. O lugar em que estou também não me favorece, é muito desconfortável.

Quando finalmente meus olhos se acostumam com a luz, é que consigo ver o porquê. Estou sobre um chão arenoso e cheio de minúsculas pedrinhas pontiagudas, das quais são pressionadas na minha pele contra meu peso. Ajeito meu traseiro no chão e olho em volta, ignorando a dor na busca por meus amigos.

Consigo avistar Kevin largado logo atrás de mim, ao lado oposto ao meu. Mesmo com a dor agoniante, me levanto e vou até ele o mais rápido que consigo.

- Irmão - o chamo pelo nome que eu o apelidei quando finalmente o alcanço e me ajoelho ao seu lado. Coloco a mão sobre seu peito e o gemido de dor que ele profere me faz respirar aliviada por ver que ele está vivo, mas também tiro a mão rapidamente, por lembrar que ali está sua costela quebrada... ou costelas quebradas -. desculpe - sussurro.

- Ai! - é o Hitan.

Olho em volta eufórica a procura do loiro. Até que consigo avistar a sua jaqueta de couro preto em uma parte mais inclusa do lugar, o vendo posicionado de lado. A jaqueta está bem suja da areia clara do chão. Com a mesma dificuldade de locomoção de antes, vou até ele.

- Hitan - ponho minha mão sobre seu ombro -. Você está bem?

- Nina - ele me chama de forma rouca e baixa, sua voz transmite claramente que ele está com dor. Ele, lentamente, coloca sua mão sobre a minha. Me inclino e o abraço da forma que consigo, acariciando a sua cabeça e deixando um curto beijo alí.

- Estou bem melhor agora - ele sussurra um pouco mais bem humorado, mas seu sorrisinho logo dá lugar a uma careta de dor.

- Conseguem se levantar? - pergunto mais alto para que os dois me ouçam.

Apoiado em mim, Hitan se levanta, mas percebo o esforço em dele em não passar tanto o peso de seu corpo para cima de mim. Mesmo nós dois não estando tão machucados quando  Kevin e Morgana, nosso corpo dói de uma forma estranhamente intensa. Quando finalmente Hitan se põe de pé ele vai até Kevin, ajudando o mesmo se levantar também, já que não consegue sozinho.

- Cadê a Morgana? - procuro desesperada pela loira.

- Galera, espera um minuto - Kevin fala, fazendo uma expressão de confuso. Enfia sua mão na beirada da camisa e a levanta, revelando... Um curativo?

Me aproximo para ver melhor, me inclinando para frente e ajeitando meu óculos quando já estou bem próxima.

A parte de fora era um pedaço de folha seca de bananeira. Mas era possível ver que a mesma cobre alguma espécie de mistura com argila, pois, pela beirada, era possível ver uma meleca escorrendo por alí. Que, por sinal, também tem um cheiro forte. Consigo ver também o mesmo material em uma versão bem menor sobre a testa de Hitan. Passo a mão pelo meu pescoço e também a sinto alí.

Como não vimos isso antes?

- O que é isso? - questiono, olhando para Hitan.

- Eu não faço ideia - ele se aproxima de mim e olha meu curativo de perto -. Só espero que se trate de algo medicinal.

- A gente tem que achar a Morg - ignoro tudo aquilo e começo a caminhar aleatoriamente na tentativa de achar algum sinal dela.

- Mas onde estamos mesmo? - ouço Kevin indagar para Hitan.

Nina: A Lenda de ChipeOnde histórias criam vida. Descubra agora