Cachoeira

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- Eu nunca vi algo tão lindo assim em toda a minha vida! - não me contenho em dizer.

Uma resplandecente cachoeira jazia bem à nossa frente. E com "resplandecente", é no sentido literal da palavra. A água cristalina refletia um brilho verde na queda até a piscina natural logo abaixo.

- Sabe o que é? - Morg indaga, com os olhos fixos na beleza dalí.

Estou sem palavras para responder a loira, mas consigo acenar positivamente com a cabeça.

Após mais algumas inspirações profundas consigo balbuciar algo.

- É uma cachoeira de Oregon - informo -. Há um texto sobre ela no diário do meu pai. Pensei que não veríamos aqui.

- Como não?

- Sabem a Aurora Boreal? Ocorre com o contato dos ventos solares com o campo magnético da Terra... luzes coloridas que aparecem no céu à noite. A diferença que está ocorrendo na água.

- Mas como é possível? - Hitan questiona. Sua expressão é de como não acreditar no que seus olhos veem. Não o culpo, nos dias de hoje, por mais incrível que possa ser as habilidades de um mutante, sempre há uma explicação científica por trás.

- Não devia ser - digo.

- Nina, então o que tá acontecendo? - Morg já está ficando assustada.

Pisco repetidas vezes, me forçando a voltar a atenção para meus amigos.

- O diário diz que só acontece em dois lugares no mundo: na cascata de Poseidon... e aqui. Mas nunca num mesmo período, enquanto lá brilha, a de cá permanece como qualquer outra bela cachoeira.

- Nunca ouvi falar nesse lugar - Hitan comenta, com um grande ponto de interrogação em seu rosto.

- Ninguém ouviu - continuo -. É secreto. Essas duas cachoeiras se encontram em exatos pontos opostos do planeta, formando uma linha reta entre elas que atravessa meio mundo. Tem uma lenda que conta que Poseidon criou aquela cachoeira para impressionar a deusa Atena. Dentro de uma câmara subterrânea no Atlântico. Hoje é como uma área 51 dentro do oceano. Segundo meu pai, conseguiram uma center que consegue manter o resplandecer da água apenas lá. De alguma forma, ela tem uma conexão com campos magnéticos.

- O que ainda não tira a pergunta de como isso acontece dentro da água - Morg observa. É comum que tenham dúvidas.

- Vivemos em um mundo onde tudo é possível, Morg. Só não estamos acostumados que nesse "tudo possível" possa haver algo lindo também.

- Bom... parece que não tem ninguém - Kevin comenta. O que nos faz darmos uma outra analisada em volta da água.

- A barra tá limpa - a loira ao meu lado dá o veredito com um sorriso travesso no rosto e se levanta, passando por cima do salto de terra que nos separa da maior maravilha do planeta e vai correndo até lá.

Nós, que não somos idiotas, vamos logo atrás, tirando nossas roupas no caminho e pulando na água que, para minha surpresa, estava morna.

Pelo menos a natação eu fui aprender quando Kevin me chamou, está sendo útil agora.

O som de algo que fazia tempo que eu não escuto ecoa pelo lugar.

As risadas dos meus amigos.

Me sinto abençoada nesse momento. Paro por uns instantes com a cabeça erguida para o céu estrelado, como fiz na primeira vez que pisei nessa ilha. Realmente, as estrelas brilham mais no Chipe. Fecho os olhos e penso na minha mãe, logo, o som dos risos atrás se tornam os dela... e a sensação dela a me abraçar nesse momento é tão real.

Nina: A Lenda de ChipeOnde histórias criam vida. Descubra agora