Após muita dificuldade, gritos de dor e alguns arranhões, finalmente conseguimos descer o monte e chegar em terra firme. O próximo passo é chegar até os nossos bangalôs, da qual já sabemos a direção por meio de busola improvisada que fizemos com folhas, água e um grampo.
O problema atual é não termos ideia do que nos espera durante o trajeto e nem se tem alguma trilha próxima para seguirmos com mais tranquilidade. Também não temos ideia de que horas são ou quanto tempo ficamos desacordados lá em cima. E a única center entre nós está impossibilitada de usar seus poderes devido seu ferimento.
O que mais poderia acontecer para piorar?
- Eu tô morrendo de fome! - Morg exclama, e isso faz meu estômago roncar, me lembrando que estou faminta também.
Acabou de piorar...
Ponho minha mão sobre meu abdômen sentindo até um leve fraquejar pela fome.
- Bom... - Kevin diz, um pouco mais animado do que nós - Por sorte, ainda temos muitos sanduíches aqui - sorri ao abrir sua mochila. Sorriso este que morre assim que olha lá dentro. Ele fecha a mesma e põe nas costas, continuando a andar um pouco chocado.
- Algum problema? - pergunto, achando estranho a reação dele.
- Seja quem for que ajudou a gente... levou toda a nossa comida - ele diz, com os olhos sem piscar. Olhando fixo para frente enquanto caminha.
- Nada é de graça hoje em dia mais - Morg comenta, seguida de fazer uma careta de dor com a mão sobre o curativo - ou o que sobrou dele -, nos fazendo parar e olharmos apreensivos para ela - Ai!
Esperamos alguns instantes até que ela se recomponha. Respira fundo algumas vezes com os olhos fechados, após tomar água, e endireita sua postura.
- Está melhor? - questiono, para ter certeza se podemos prosseguir.
- Tô - responde -. É só que... - ela pensa um pouco - Às vezes é como se dessem um choque na ferida.
- É possível que a faca estivesse envenenada - Hitan comenta -. Alguns tipos de venenos podem dar essa sensação.
- Então agora eu estou envenenada também?
- Se estivesse envenenada, já estaria morta - respondo -. Ou é só uma resposta das suas terminações nervosas ou naquele curativo tinha algo que eliminou a ação do veneno.
Ela dá de ombros, um pouco mais tranquila.
- Vamos andando - Hitan chama -. É uma longa caminhada até a área não-mortífera da ilha.
- Tenho minhas dúvidas quanto a isso - comento em um tom de voz quase inaudível.
Eu realmente não acredito mais que haja algo aqui que não seja capaz de nos matar.
- Olha! Frutinhas! - Kevin corre em direção à uma moita no meio da mata. A mesma ostenta vários pequenos círculos em um vermelho vivo e bem polido.
Espera...
- Kevin, não coma - falo antes que ele pegue alguma. O mesmo para no ato de apanhar e logo olha para mim -. Lembro-me algo sobre esta fruta quando estava fazendo uma pesquisa sobre as amoras. São venenosas.
Ele arqueia uma das sobrancelhas e me encara com um leve ar de deboche.
- Tá querendo me dizer que uma frutinha desse tamaninho vai me matar? - indaga, totalmente desacreditado.
- Matar não - corrijo -. Ela não mataria uma pessoa adulta, mas vai paralisar você se comer.
Ele solta um sorriso descrente e continua a levar a mão sobre os minúsculos círculos escarlate.
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Nina: A Lenda de Chipe
RandomEm uma realidade onde existe mutantes, Nina Hawkins acabara de perder sua mãe para a tuberculose. E é prosseguindo em sua nova vida que ela descobre que pode não estar tão sozinha quanto pensa ao encontrar uma suposta pista sobre o paradeiro de seu...