Capítulo 2

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Minha cabeça estava doendo de tanto chorar e o quarto era coletivo com mais algumas pessoas que estavam chorando o tempo todo também. Fiquei deitada, quando mais pessoas entraram no quarto, levantei rapidamente achando que era informações

- Bom, todos já me conhecem né, sou a enfermeira e estou aqui ao lado do prefeito da cidade, do empresário Marcelo Rocha e seus assistentes. Eles trouxeram doações. - Todos aplaudiram, menos eu .

- Também estou passando nos quartos para dizer os nomes das pessoas que os exames deram tudo certo. Vocês estão de alta e podem recomeçar suas vidas, vocês podem ir para o galpão da cidade ficar lá por um tempo, tem colchões lá pra vocês. Desse quarto 45 -ela olhou no papel- Apenas a Amália Lacerda está de alta

Mais um choque pro meu coração, como eu iria começar uma nova vida se o caralho da minha vida foi destruída?

- Agora a palavra vai para o prefeito.

- Bom, meus caros amigos, primeiramente meus sentimentls a todos por suas perdas, eu sinto muito...

Levantei da cama possuída de ódio

- Sente muito? Sente muito pelo o que? que nunca fez nada por nossa comunidade, sabia que era área de risco e nunca fez nada! Nem
escola tínhamos, todos os dias de madeugada pelas estradas a pé para chegar ma escola, porque nem ônibus o senhor mandava. Agora minha família inteira morreu e só sobrou eu, nessa droga de vida. Como que caralho vocês falam em recomeçar uma vida se eu perdi a minha por sua culpa e por culpa desse seu governo idiota? Pegue seus sentimentos agora que meus pais e meus irmãos estão mortos e enfie no seu cu, seu filho da puta

Um menino me segurou porque eu iria avançar em cima dele, mas ele me colocou de volta na cama

- Calma gatinha - Ele disse - Fica sussa aí

Não respondi e me subiu uma vontade de chorar, ele me abraçou e eu desabei ali

- Ô meu Deus - Uma mulher linda que estava lá falou se aproximandk e eu desfiz o abraço com o menino

- Obrigada. - Falei e ele sorriu

- Fica tranquila tá? nós vamos ajudar você. Eu sei muito bem como é perder alguém e não ter muitos privilégios na vida e olha onde cheguei, sou advogada, tenho filhos, muitas vezes pensei está só, mas no fim vi que não- Ela disse

- Mas eu perdi todo mundo, não sei nem por onde começar

- Você terminou seu ensino médio? -assenti- Então você pode ir para minha casa, tiramos seus documentos e você procura um emprego, faz faculdade e recomeça aos poucos. - Me espantei

- Porque a senhira está fazendo isso? - perguntei

- Também perdi meus pais quando estava grávida e já fiz muito mal a quem eu amava e hoje tento ser uma pessoa melhor. - Ela sorriu e eu enxuguei minhas lágrimas

- O bruno cuida de você, não é Bruno? - Ela disse ao menino que me abraçou

- Pode deixar, mãe

- Prazer, sou Nádia Sampaio - Ela estendeu a mão

- Amália - Apertei a sua mão mas ela me puxou para um abraço e eu agradeci mentalmente a Deus.

....

Estava no carro com ela e seu filho, eu nem sabia o que dizer e no fundo estava com medo deles me matarem na estrada e roubarem meus órgãos, mas não tinha nada a perder mesmo, além de meus órgãos, claro.

Chegamos em frente a um prédio e o carro entrou no mesmo.

Nunca tinha visto um prédio na minha vida, fiquei de boca aberta olhando da janela, su estava feia e de camisola suja ainda. Caramba, era muito alto.

Ela estacionou e o garoto abriu pra mim descer do carro.

- Vamos pegar o elevador para subir. - Ele disse - E eu me chamo Bruno, Amália

- Ta bom, Bruno- Rimos e seguimos a mãe dele até o elevador, ela entrou e ele também e eu fiquei do lado de fora e ele entre a porta

- vem Amália, ta tudo bem - Ela disse

- O que é isso?

- Isso é pra a gente subir lá pra nossa casa.

Fiquei olhando aquela caixa de alumínio

Com certeza eles iriam roubar meus órgãos

- Não vou!

Então uma senhora apreceu e entrou no mesmo elevador, ela parecia tão boa.

- Vem logo -Bruno disse e eu entrei pelo menos iria morrer eu e a senhorinha.

O negócio deu um impulso e eu dei um gritinho e todos riram. A pprta abriu sozinha e a senhorinha saiu, fiquei parada e quando fui seguir ela a pprta se fechou

- Ai meu pai - Disse

- fica tranquila, calma..- Nádia dizia, finalmente o negócio parou - Venha - Descemos e caminhamos até uma porta.

Era uma sala linda, muito chique e luxuosa, era a casa deles.

- essa é a nossa casa, vem, vou te mostrar. Aqui é a sala. - Ele disse e pegou na minha mão me guiado - Cozinha e sala de jantar - andamos até um corredor - Quarto da minha irmã que está na faculdade essa hora, quarto da minha mãe ali, meu quarto ali e do lado do meu o de hospedes que será o seu - Ele abriu e era um quarto lindo

- Meu deus é muito luxuoso - Ele riu

- É bem simples viu - Estava de boca aberta. - agora vou te mostrar a parte mais bonita, a varanda e a vista - Ele me guiou até a sala, abriu os vidros e fomos até a varanda, mas eu travei

- muito alto

- Relaxa, é seguro - sorri e me aproximei, vi o mar na minha frente

- Meu Deus é o mar...

- Você nunca foi?

- não..

- Amanhã te levo lá

- Eu posso mesmo ir lá?

- Claro, doidinha

Fiquei ali perplexa olhando o mar e chorando sozinha lembrando dos meus pais e dos meus irmãos

AMÁLIAOnde histórias criam vida. Descubra agora