Minha cabeça estava doendo de tanto chorar e o quarto era coletivo com mais algumas pessoas que estavam chorando o tempo todo também. Fiquei deitada, quando mais pessoas entraram no quarto, levantei rapidamente achando que era informações
- Bom, todos já me conhecem né, sou a enfermeira e estou aqui ao lado do prefeito da cidade, do empresário Marcelo Rocha e seus assistentes. Eles trouxeram doações. - Todos aplaudiram, menos eu .
- Também estou passando nos quartos para dizer os nomes das pessoas que os exames deram tudo certo. Vocês estão de alta e podem recomeçar suas vidas, vocês podem ir para o galpão da cidade ficar lá por um tempo, tem colchões lá pra vocês. Desse quarto 45 -ela olhou no papel- Apenas a Amália Lacerda está de alta
Mais um choque pro meu coração, como eu iria começar uma nova vida se o caralho da minha vida foi destruída?
- Agora a palavra vai para o prefeito.
- Bom, meus caros amigos, primeiramente meus sentimentls a todos por suas perdas, eu sinto muito...
Levantei da cama possuída de ódio
- Sente muito? Sente muito pelo o que? que nunca fez nada por nossa comunidade, sabia que era área de risco e nunca fez nada! Nem
escola tínhamos, todos os dias de madeugada pelas estradas a pé para chegar ma escola, porque nem ônibus o senhor mandava. Agora minha família inteira morreu e só sobrou eu, nessa droga de vida. Como que caralho vocês falam em recomeçar uma vida se eu perdi a minha por sua culpa e por culpa desse seu governo idiota? Pegue seus sentimentos agora que meus pais e meus irmãos estão mortos e enfie no seu cu, seu filho da putaUm menino me segurou porque eu iria avançar em cima dele, mas ele me colocou de volta na cama
- Calma gatinha - Ele disse - Fica sussa aí
Não respondi e me subiu uma vontade de chorar, ele me abraçou e eu desabei ali
- Ô meu Deus - Uma mulher linda que estava lá falou se aproximandk e eu desfiz o abraço com o menino
- Obrigada. - Falei e ele sorriu
- Fica tranquila tá? nós vamos ajudar você. Eu sei muito bem como é perder alguém e não ter muitos privilégios na vida e olha onde cheguei, sou advogada, tenho filhos, muitas vezes pensei está só, mas no fim vi que não- Ela disse
- Mas eu perdi todo mundo, não sei nem por onde começar
- Você terminou seu ensino médio? -assenti- Então você pode ir para minha casa, tiramos seus documentos e você procura um emprego, faz faculdade e recomeça aos poucos. - Me espantei
- Porque a senhira está fazendo isso? - perguntei
- Também perdi meus pais quando estava grávida e já fiz muito mal a quem eu amava e hoje tento ser uma pessoa melhor. - Ela sorriu e eu enxuguei minhas lágrimas
- O bruno cuida de você, não é Bruno? - Ela disse ao menino que me abraçou
- Pode deixar, mãe
- Prazer, sou Nádia Sampaio - Ela estendeu a mão
- Amália - Apertei a sua mão mas ela me puxou para um abraço e eu agradeci mentalmente a Deus.
....
Estava no carro com ela e seu filho, eu nem sabia o que dizer e no fundo estava com medo deles me matarem na estrada e roubarem meus órgãos, mas não tinha nada a perder mesmo, além de meus órgãos, claro.
Chegamos em frente a um prédio e o carro entrou no mesmo.
Nunca tinha visto um prédio na minha vida, fiquei de boca aberta olhando da janela, su estava feia e de camisola suja ainda. Caramba, era muito alto.
Ela estacionou e o garoto abriu pra mim descer do carro.
- Vamos pegar o elevador para subir. - Ele disse - E eu me chamo Bruno, Amália
- Ta bom, Bruno- Rimos e seguimos a mãe dele até o elevador, ela entrou e ele também e eu fiquei do lado de fora e ele entre a porta
- vem Amália, ta tudo bem - Ela disse
- O que é isso?
- Isso é pra a gente subir lá pra nossa casa.
Fiquei olhando aquela caixa de alumínio
Com certeza eles iriam roubar meus órgãos
- Não vou!
Então uma senhora apreceu e entrou no mesmo elevador, ela parecia tão boa.
- Vem logo -Bruno disse e eu entrei pelo menos iria morrer eu e a senhorinha.
O negócio deu um impulso e eu dei um gritinho e todos riram. A pprta abriu sozinha e a senhorinha saiu, fiquei parada e quando fui seguir ela a pprta se fechou
- Ai meu pai - Disse
- fica tranquila, calma..- Nádia dizia, finalmente o negócio parou - Venha - Descemos e caminhamos até uma porta.
Era uma sala linda, muito chique e luxuosa, era a casa deles.
- essa é a nossa casa, vem, vou te mostrar. Aqui é a sala. - Ele disse e pegou na minha mão me guiado - Cozinha e sala de jantar - andamos até um corredor - Quarto da minha irmã que está na faculdade essa hora, quarto da minha mãe ali, meu quarto ali e do lado do meu o de hospedes que será o seu - Ele abriu e era um quarto lindo
- Meu deus é muito luxuoso - Ele riu
- É bem simples viu - Estava de boca aberta. - agora vou te mostrar a parte mais bonita, a varanda e a vista - Ele me guiou até a sala, abriu os vidros e fomos até a varanda, mas eu travei
- muito alto
- Relaxa, é seguro - sorri e me aproximei, vi o mar na minha frente
- Meu Deus é o mar...
- Você nunca foi?
- não..
- Amanhã te levo lá
- Eu posso mesmo ir lá?
- Claro, doidinha
Fiquei ali perplexa olhando o mar e chorando sozinha lembrando dos meus pais e dos meus irmãos
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AMÁLIA
Teen FictionApós um desabamento causado pela chuva em uma área bastante perigosa e restrita da cidade, Amália, perde toda sua família e passa a viver como uma refugiada. Até que sua beleza angelical, sua pureza e doçura laça o coração do filho de um importante...