Tina
Estava no meio da sala de parto, com vários idiotas ao meu redor, que não me auxiliavam em nada como deveriam.
- Não podemos fazer uma cesária?
- O bebê não está pronto pra vir..
Tudo doía, até meus dentes, eu ficava fazendo força mas nada da Alice, eu estava soando frio, sem fôlego, eu não estava mais aguentando.
- Alice, por favor...- Pedi baixinho
- Doutor, ela não vai conseguir...- Foi ouvir isso e comecei a chorar, eu só queria saber o que estava acontecendo
- Ok, senhorita Alvarez, nós precisamos que a senhora se esforce mais, eu sei que está doendo e que é difícil, mas a senhora consegue, talvez a Alice não esteja pronta pra vir ao mundo agora, não sei se é seguro uma cesária - O médico me fala e eu só assentia
Respirei fundo e tentei fazer força mas parecia que eu iria explodir de dor
- Não consigo...rasga tudo aí e faz com que ela fique bem...- Falei em desespero e os idiotas começaram a debater entre si de novo
- Eu estou falando que se abrirmos, ela não vai conseguir- Outro doutor fala
Ok, eu ou a Alice estávamos nos nossos últimos momentos de vida, respirei fundo
- Vem logo filha, eu nem sei se vou te ver, mas vem...- Falei chorando e a enfermeira que estava do meu lado ouviu e segurou minha mão, olhei pra ela
- Continue, é bom - Ela disse
- Vamos colocar a senhora de volta na sala de emergência e esperar que a dilatação aumente, apesar que está no máximo, mas se não aumentar, vamos fazer uma cesária e a senhora vai correr muito risco e até mesmo a bebê, por ser prematura.
- Não doutor, não...Eu não estou aguentando tanta dor...- Pedi mas ele me ignorou, me organizou e me colocou de volta na sala de espera com e a outra grávida entrou. Minha vista estava escura
- A mamãe quer muito ver você - Falei baixinho chorando igual criança- Mas se não der, você tem seu papai, sua dinda, seus tios.
Ouvi alguém entrar, era o Arthur, com a capa e todo higienizado. Ele me viu e correu pra perto de mim
- Ô amor...- Ele beijou minha testa e eu comecei a chorar mais ainda, mas de felicidade porque ele estava ali
- Eu te amo tanto - Falei entre o choro
- Eu também amo você, mas por favor, não chora assim - Ele disse enxugando meu suor
- Não estou aguentando, bando de inúteis, não conseguem me ajudar, falaram que é arriscado e que eu não vou conseguir - Falei
- Você vai conseguir sim, vai ficar tudo bem
- Não vai, Arthur...- Ele enconstou o rosto no meu enquanto eu chorava- não vai ficar tudo bem, eu sei que não vou conseguir, meu bebê corre risco por causa da mãe, sou tão fraca...
- Valentina, para com isso, eu não vou sair daqui, pelo amor de deus, fica calma mulher
- Se acontecer alguma coisa, escolhe a Alice - segurei nas mãos dele
- Não é questão de escolha, é fatalidade, tira isso da sua cabeça lorque não vai acontecer nada, eu te prometo - Ele disse olhando nos meus olhos
- Eu tô com tanto medo - Falei e ele me deu um selinho
- Vai ficar tudo bem - Ele beijou minha mão
- Filha...aii- Comecei a gritar de dor e a enfermeira entrou
- A senhora tem que ficar sentada para influenciar a dilatação- Ela me levantou e a dor só aumentou
- Moça, o que é isso? Porque ela está aqui e não lutando pra dar a luz? - Arthur perguntou
- Aqui não realizamos procedimentos de auto risco e é a única rede que o plano dela cobre, estamos tentando entrar em contato com outro hospital para transferência e também tem a opção da dilatação aumentar, é um parto de risco, pode afetar a vida das duas, a melhor opção é esperar
Respirei fundo e ela saiu
- Valentina Alvarez? - Um homem, acho que médico, apareceu na porta- Vamos realizar uma cesária, em 5 a senhora vai ser levada pra sala dois. Vamos realizar o procedimento de risco, então aconselho que fique tranquila para ter uma boa hora
- Ta bom, doutor - Falei pra ele sair logo, eu só queria que aquilo acabasse logo, eu não estava aguentando mais. - ele pode me acompanhar?
- Se ele foi adequadamente higienizado e vestido pra isso
- Eu fui sim, estou com a pulseira de acompanhante - Arthur disse e levantou o pulso
- Ok, acompanhe ela, até já - Assenti e ele saiu. Olhei pra o Arthur e abracei ele
- Se eu não voltar...- Falei
- Shiu...Vai dar certo
- Me deixa falar - segurei o rosto dele- Se eu não voltar, você e a Amália vão cuidar da Alice, vocês vão ensinar ela a ser independente e fala pra minha mãe que independente de tudo, eu a amo e queria que ela estivesse aqui, e pro meu pai que ele é a minha vida, deixa eles conhecerem a Alice. - Ele começou a chorar- Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, Arthur Lacerda, eu amo você e amo nossa filha, diga pra ela o quanto a mãe amou ela, e abriu mão de tudo por ela
- Para vai...não faz isso comigo..- Ele disse chorando
- Eu sou fraca demais, amor. - Segurei o rosto dele com mais força ainda- Não prenda nossa filha, deixe ela livre pra viver a vida dela, construir quem ela é. Diz a todo mundo que eu amo eles demais, que esse tempo foi o melhor de todos. A minha avó....- Comecei a chorar- Cara meus avós - Ele me abraçou
- Não fala mais nada por favor - Ele disse- Promete que não vai pensar nisso, faça sua parte como mãe e fiqe tranquila pra dar uma boa hora a Alice - Assenti
- Prometo.
Ele baixou até minha barriga, minhas pernas tremiam de tanta dor
- Oi papai - Ele começou a falar sussurrando- Vem logo pro mundo, não está na sua hora planejada, mas o pai tá te esperando. Vem em segurança e com saúde filha, tua família tá esperando aqui fora
Ele enxugou as lágrimas
- trás tua mãe de volta pra mim, pra a gente - ele beijou minha barriga de leve e se afastou
A enfermeira entrou para me aplicar a anestesia, e eu comecei a gemer de dor, em seguida já comecei a ficar meio grog
Seja o que tiver que ser...
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AMÁLIA
Teen FictionApós um desabamento causado pela chuva em uma área bastante perigosa e restrita da cidade, Amália, perde toda sua família e passa a viver como uma refugiada. Até que sua beleza angelical, sua pureza e doçura laça o coração do filho de um importante...