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ALISSA

Bem, eu sei quando você está por perto, porque eu conheço o som. Eu conheço o som do seu coração.

(The Sound The 1975)


– Sinceramente, eu odiei.

– Nossa, valeu. Era tudo o que eu precisava ouvir agora.

– Estou só sendo sincera.

Victor fuzila Thalia com os olhos enquanto ela apenas dá de ombros e finge que não está nem aí para o fato de ter dado uma opinião maldosa sobre seu novo corte de cabelo. É que ele cortou mesmo, tipo, pra caramba.

Quando ele me disse por telefone que estava vindo direto do cabeleireiro para minha casa, pois havia dado uma aparada no cabelo, pensei que ele tinha cortado um pouco a franja como sempre fazia, mas aí ele chegou aqui e... Uau.

Vic raspou as laterais do cabelo, cortou totalmente a franja e agora, em seu lugar, havia um pequeno topete castanho claro. Provavelmente ele também escureceu as madeixas.

– É só cabelo, vai crescer de novo. – Thalia revira os olhos, impaciente com o drama.

– Mas vai demorar uma vida! – eu murmuro mais para mim mesma, mas Victor escuta.

Ele se olha no espelho da minha cômoda e pergunta para nós duas:

– Eu fiquei feio?

Chego a rir com a pergunta. Victor feio! Enquanto termino de arrumar minha cama, eu falo:

– Não, pelo amor de Deus. Não acho que você ficaria feio nem se raspasse a cabeça inteira.  –  Quando percebo seu olhar sérios obre mim, acrescento rapidamente: – Espera, não leve isso a sério. Não raspe a cabeça!

Ele ri e vem me ajudar, esticando o lençol de cama enquanto eu dobro um cobertor. Thalia nos assiste sentada no meu puff, nem um pouco tentada a ajudar. Mostro a língua para ela, que devolve o gesto com um meio sorriso.

– Não seria uma má ideia – ela comenta para Victor.

– Realmente, é uma péssima ideia – eu conserto, preocupada que ele a leve a sério.

Thalia se levanta do puff e vem sentar na beira da minha cama, amassando um pouco os lençóis que Victor acabou de esticar. Ela me olha de uma forma curiosa.

– Nunca pensei que você fizesse o tipo conservadora, Alissa.

Empurro meu cobertor dobrado para debaixo do travesseiro e encaro Thalia com um olhar cético.

– Conservadora, eu? Eu acabei de pintar meu cabelo de vermelho.

Victor para de tentar expulsar Thalia da cama e se vira para mim num giro perfeito de 90º. Ele toca uma mecha do meu cabelo, examinando cuidadosamente com seus grandes olhos claros mais abertos que o normal.

– Você pintou o cabelo?

Sinto meu rosto esquentar e reprimo a vontade de puxar meu cabelo de volta. Também não tenho certeza se gostei da mudança que fiz.

– Mal dá pra ver, né?

Thalia nem se mexe, mas fala com a voz preguiçosa:

– Ela passou um castanho avermelhado que quase não se destaca da cor original do cabelo dela. Agora você precisa parar para observar com muita atenção ou esperar para ver o cabelo na luz do sol se quiser notar a diferença.

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