28

801 122 40
                                    

ALISSA

Nós escondemos nossas emoções sob a superfície e tentamos fingir, mas parece que há oceanos entre você e eu.

(OceansSeafret)


Meus irmãos levaram a sério a ideia de postar os vídeos dos seus covers na internet. Eles criaram um canal no Youtube com o nome "Boys Out Loud - música", então acho que acabaram decidindo o nome da banda, finalmente. Depois pediram a ajuda de Thalia para arrumar todo o visual do canal, além de seguirem seu conselho de também criar uma conta no Instagram.

Todos nós divulgamos a conta do grupo em nossos perfis pessoais e em pouco tempo eles conseguiram algumas dezenas de seguidores - em parte graças a popularidade Luke, que havia crescido absurdamente desde o início do ano.

O primeiro vídeo postado por eles na web foi a filmagem de sua apresentação na Semana de Exposições da escola, onde fizeram o cover de I Miss You, de All Time Low. Depois foi a vez do outro cover com a música de mesmo nome, mas de outra banda - I Miss You, de Blink 182 -, que cantaram durante as férias na praia. Por fim, por insistência de Luke, enviaram mais outros três vídeos mais antigos que haviam feito há bastante tempo na garagem de casa.

A mim, Gabe pediu auxílio para monitorar visualizações e possíveis comentários. Até mesmo Anna e Victor deram dicas sobre os melhores horários para divulgarem os vídeos e postarem interações com o público pelo Instagram. O casal blogueirinho realmente sabia do que estava falando, pois em poucos dias os meninos conseguiram algumas centenas de visualizações nos vídeos e o número exato de 50 seguidores no canal.

Não é preciso dizer que Luke surtou, mas foi exatamente isso o que aconteceu.

– Eu não acredito mesmo que quatrocentas e vinte e duas pessoas assistiram o nosso vídeo! – ele repete sem parar, perplexo, se referindo ao vídeo do grupo cantando ao redor da fogueira, na praia.

Estamos na sala de casa, checando o canal pelo meu celular. Gabe é o mais cético.

– Talvez tenha sido a mesma pessoa que assistiu quatrocentas e vinte e duas vezes – ele murmura, pensativo.

– Quem seria louco a esse ponto? – Luke contrapõe, mas de um jeito que parece que está cogitando levar a hipótese a sério.

Gabe o encara como se a resposta fosse óbvia:

– Nossa mãe, é claro.

– A mamãe não faria isso – eu intervenho, prevendo a paranoia e desconfiança de Luke, que encara toda a ideia da banda como algo vital. – Ela mal sabe mexer nas redes sociais.

– Ela sabe, sim. – Gabe desmente na mesma hora, indiferente ao meu olhar de protesto. – Ela ajuda na divulgação.

– Ela não sabe mexer no Youtube.

Ele vira a tela do seu próprio celular para mim:

– Ela deixou um comentário de "lindos meus filhos" em cada um dos vídeos que a gente postou.

Noto que Luke está ficando cada vez mais aflito e resolvo intervir novamente, virando-me para Gabe com uma expressão suplicante:

– O algoritmo do Youtube não funciona desse jeito, Gabe.

Talvez eu possa ter complicado ainda mais as coisas, porque Luke me questiona com astúcia:

– E de que jeito funciona?

EmergidosOnde histórias criam vida. Descubra agora