20 - PARTE II

966 143 195
                                    

DANIEL

Não quero perder tempo, quero perseguir o relâmpago. Sob o céu da meia noite, garota, você é eletrizante.

(Electrify Oliver)


Não me surpreendo quando, logo depois de sair da piscina, Alissa vai direto até a mesa de bebidas e enche um copo do drink abominável preparado por Thalia.

Eu também vou até a mesa, mas apenas para procurar alguma sobra do coquetel livre de álcool que meu pai deixou pronto em algum lugar.

Quando finalmente o encontro, ele está com uma aparência tão feia que temo que alguém possa ter vomitado ou feito xixi dentro da jarra, mesmo que ninguém esteja tão louco a esse ponto. Acabo optando por não pegar nenhum copo, mas, antes de sair, espio com interesse uma caixa de leite condensado aberta e ainda com algum conteúdo largada no canto da mesa.

É só açúcar, não vou morrer se tomar açúcar.

– Tem refrigerante debaixo da mesa – Lilo surge ao meu lado de supetão.

Seu hálito é puro álcool, mas, assim como Thalia, ela não parece muito alterada. Talvez seja um dom particular das duas ser muito resistente, ou elas apenas disfarçam bem.

– Você só pode estar de brincadeira que eu estive tomando esse xixi de dinossauro desde o início dessa festa quando tinha refrigerante bem aqui? – eu reclamo, puxando uma caixa térmica cheia de gelo e algumas latinhas de Coca.

– Ué, era você quem estava de dieta e cheio dos frufrus – Lilo debocha.

Ela sorri para mim enquanto abro uma lata, mas, antes de tomar o refrigerante e sem nenhum remorso, viro a caixa de leite condensado, esvaziando o conteúdo restante na boca.

– Ok, senhor frufru! – Lilo exclama, soltando uma risada exagerada. – Cuidado aí.

– Estou sendo cuidadoso. Nem me sujei, viu só? – mostro a ela, que ri ainda mais alto.

Alissa bate um copo de vidro em cima da mesa ao nosso lado, causando um leve susto em nós dois. Ela passa a língua entre os lábios e se dirige até a pista de dança, como se nada tivesse acontecido.

Eu até penso em segui-la, mas sou interceptado por Lilo, que se joga bem na minha frente e segura minha mão, me arrastando para a pista, onde estão os outros.

Thalia me recebe fazendo farra, de um jeito que quase me deixa desconfortável, mas então bem nessa hora começa a tocar uma das músicas que selecionei por gosto próprio, e eu penso: por que não? Além do mais, ainda estou usando as mesmas roupas molhadas com as quais mergulhei, preciso me movimentar e me secar se não quiser tirar a camisa ou trocar de roupa.

Sob as luzes coloridas que piscam e se movem de um lado para o outro, eu fecho os olhos, buscando sentir a música de fora para dentro e de dentro para fora.

Thalia me conhece por tempo suficiente para saber o que fazer. No início, ela não encosta em mim, deixando que eu me mova livremente, de forma lenta e distraída, me inserindo na vibe. Mas aí, quando abro os olhos e flagro seu sorriso de aprovação, ela estende a mão para mim, que aceito de imediato.

Minha prima e melhor amiga dança de frente para mim com passos tão esquisitos e engraçados que eu nem tenho tempo para julgar meus próprios movimentos. É assim que vou aos poucos me sentindo cada vez mais livre.

Lilo se insere na nossa dupla, fazendo com que viremos um trio, e joga o cabelo de um lado para o outro, rindo a cada meio segundo sem se importar com nada. Eu e Thalia não temos outra escolha a não ser rir também.

EmergidosOnde histórias criam vida. Descubra agora