12 - PARTE I

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ALISSA

Nós lutamos uns contra os outros como petróleo e água, mas você e eu temos química. E se espalharmos, não importa, porque você e eu temos simetria. 

(Symmetry JT Roach)


De manhã, as músicas do dia anterior ainda estão tocando em um aparelho de som colocado na área de lazer, mas eu não estou tão no clima para dançar e cantar, então sigo pelo local procurando algum sofá vazio e longe de pessoas onde possa me sentar e me esconder até a hora do almoço. Acordei meio estressada e músicas da Rihanna não me fazem sentir melhor.

Deve ser porque estou menstruada, o que é ridículo porque estou na praia, que é o lugar menos propício a se estar neste estado.

Para variar, ao passar pela piscina, encontro meu pai deitado em uma enorme espreguiçadeira branca. Ele está lendo uma revista despreocupadamente, aproveitando a brisa suave da manhã em frente à paisagem magnífica de uma piscina limpinha e brilhante. É, justo hoje a piscina terminou de ser limpa e está pronta para ser usada. Seu fundo azul muito bem visto através da água clara e cintilante parece zombar da minha cara

Estou tão indignada que passo reto e direto para a área coberta, mas, antes que eu chegue no sofá vazio que vinha cobiçando de longe, ouço meu pai me chamar.

– Você sabe onde estão seus irmãos? – Ele pergunta, ainda que de forma meio distraída. – Não os vi em nenhum lugar hoje.

– Devem estar dormindo, ainda são seis e meia.

– É, mas.. Bem, é verdade.

– Pois é, ninguém é burro feito eu que acorda cedo em plenas férias sem ter nada para fazer.

Ao notar o desgosto evidente em minha voz, ele baixa a revista e olha para mim com cautela.

– Ei, não fale assim de si mesma. Você tem o que fazer, olha a piscina!

– Certo.

– Alissa... – ele chama meu nome, de repente alerta.

– Tá bom, pai, já entendi.

Sem esperar por resposta, eu ando apressada até o sofá branco debaixo da cobertura da área de lazer, ao lado de uma rede vazia. Apesar do mau humor, eu preciso admitir que a rede é muito mais confortável e um lugar mais fácil de me esconder, onde posso me cobrir inteira, então acabo mudando de ideia e pulando dentro dela ao invés de no sofá.

Talvez por ainda ser cedo, o ambiente está muito silencioso a não ser pela voz de Sarah ao longe, que conversa com minha mãe, e o barulho de louça sendo mexida na cozinha. Muito provavelmente elas estão preparando o café-da-manhã.

Eu penso que poderia ir ajudá-las, mas sei que minha cara está péssima e não estou a fim de responder perguntas, então opto por ficar onde estou, longe de quem possa vir a piorar meu estado de espírito.

Deito na posição horizontal, forçando a rede a se abrir ao máximo para abrigar meu corpo inteiro, deixando apenas meus pés e meu cabelo - que jogo para trás - para fora. Sei que a intenção inicial era me esconder do mundo, mas não há ninguém por perto além do meu pai, então acredito que não haja problema em ficar tão visível.

Depois de passar o que juro ser um tempo praticamente interminável olhando para o teto, ouço a voz de Nathan. Inclino minha cabeça para o lado, pois ouço sua voz vindo do lado dos punhos da rede armada, e me deparo com seu rosto bem desenhado me encarando com curiosidade.

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