ALISSA
Nós lutamos uns contra os outros como petróleo e água, mas você e eu temos química. E se espalharmos, não importa, porque você e eu temos simetria.
(Symmetry – JT Roach)
De manhã, as músicas do dia anterior ainda estão tocando em um aparelho de som colocado na área de lazer, mas eu não estou tão no clima para dançar e cantar, então sigo pelo local procurando algum sofá vazio e longe de pessoas onde possa me sentar e me esconder até a hora do almoço. Acordei meio estressada e músicas da Rihanna não me fazem sentir melhor.
Deve ser porque estou menstruada, o que é ridículo porque estou na praia, que é o lugar menos propício a se estar neste estado.
Para variar, ao passar pela piscina, encontro meu pai deitado em uma enorme espreguiçadeira branca. Ele está lendo uma revista despreocupadamente, aproveitando a brisa suave da manhã em frente à paisagem magnífica de uma piscina limpinha e brilhante. É, justo hoje a piscina terminou de ser limpa e está pronta para ser usada. Seu fundo azul muito bem visto através da água clara e cintilante parece zombar da minha cara
Estou tão indignada que passo reto e direto para a área coberta, mas, antes que eu chegue no sofá vazio que vinha cobiçando de longe, ouço meu pai me chamar.
– Você sabe onde estão seus irmãos? – Ele pergunta, ainda que de forma meio distraída. – Não os vi em nenhum lugar hoje.
– Devem estar dormindo, ainda são seis e meia.
– É, mas.. Bem, é verdade.
– Pois é, ninguém é burro feito eu que acorda cedo em plenas férias sem ter nada para fazer.
Ao notar o desgosto evidente em minha voz, ele baixa a revista e olha para mim com cautela.
– Ei, não fale assim de si mesma. Você tem o que fazer, olha a piscina!
– Certo.
– Alissa... – ele chama meu nome, de repente alerta.
– Tá bom, pai, já entendi.
Sem esperar por resposta, eu ando apressada até o sofá branco debaixo da cobertura da área de lazer, ao lado de uma rede vazia. Apesar do mau humor, eu preciso admitir que a rede é muito mais confortável e um lugar mais fácil de me esconder, onde posso me cobrir inteira, então acabo mudando de ideia e pulando dentro dela ao invés de no sofá.
Talvez por ainda ser cedo, o ambiente está muito silencioso a não ser pela voz de Sarah ao longe, que conversa com minha mãe, e o barulho de louça sendo mexida na cozinha. Muito provavelmente elas estão preparando o café-da-manhã.
Eu penso que poderia ir ajudá-las, mas sei que minha cara está péssima e não estou a fim de responder perguntas, então opto por ficar onde estou, longe de quem possa vir a piorar meu estado de espírito.
Deito na posição horizontal, forçando a rede a se abrir ao máximo para abrigar meu corpo inteiro, deixando apenas meus pés e meu cabelo - que jogo para trás - para fora. Sei que a intenção inicial era me esconder do mundo, mas não há ninguém por perto além do meu pai, então acredito que não haja problema em ficar tão visível.
Depois de passar o que juro ser um tempo praticamente interminável olhando para o teto, ouço a voz de Nathan. Inclino minha cabeça para o lado, pois ouço sua voz vindo do lado dos punhos da rede armada, e me deparo com seu rosto bem desenhado me encarando com curiosidade.
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Emergidos
Teen Fiction‣ LIVRO 3 DA SÉRIE SUBMERSOS Daniel e Alissa estão exaustos da longa playlist de canções difíceis em que estão sintonizados. E justo quando pensam que estão terminando, a vida vem e mostra que só ela decide seu próprio fim. Sem tempestades, o mar es...