12 - PARTE II

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ALISSA

Nós lutamos uns contra os outros como petróleo e água, mas você e eu temos química. E se espalharmos, não importa, porque você e eu temos simetria.

(Symmetry JT ROACH)


Depois do café, nos juntamos espalhados pelos pufes, sofás e redes da área de lazer. O resto do pessoal já acordou e a piscina está uma zona de guerra, de um lado meus irmãos junto com Noah e Eric dominam com saltos e estardalhaço, enquanto do outro lado estão Anna, Thalia e Lilo tentando tomar um banho mais tranquilo.

A farra dos meninos dura apenas alguns minutos, pois logo Celine chega e rouba toda a atenção. Eles se acalmam para dar espaço a ela e a convidam a ficar no lado deles da piscina, mas Celine parece um pouco em dúvida. Depois de relutar um pouco, ela acaba se juntando aos garotos.

Estou observando tudo deitada na rede onde estivera mais cedo antes do passeio quando minha mãe se põe de pé bem na minha frente, bloqueando minha visão.

– O que você está fazendo aí? – ela me pergunta, de um jeito que dá a entender que está tentando puxar assunto.

– Só estou deitada.

Ela se aproxima e se inclina para dentro da rede, me forçando a afastar para lhe dar espaço meio contra a vontade. Depois de se acomodar, ela diz:

– Seu pai falou que você estava estranha hoje cedo.

– Estou normal.

– Por que não vai para a piscina com as meninas?

– Não posso.

– Por quê? Aconteceu alguma coisa?

Eu olho para trás, para Nathan que está sentado na rede depois da minha e mais além dele, onde Daniel está num sofá suspenso. Ele está sentado na posição clássica de ioga, com as pernas cruzadas em círculo, um livro no espaço entre elas, e lê com atenção.

Minha mãe acompanha meu olhar, mas nem tanto, e ela acaba entendendo tudo errado. Com um ar preocupado, ela vira de volta para mim:

– É Nathan? Ele disse algo? Ou você viu, não sei, está pensando algo sobre ele?

Eu a encaro quase sem entender, até perceber que não tenho tanta certeza se faria algum sentido falar com ela sobre o que realmente quero conversar. Minha mãe está visivelmente preocupada com meu irmão e sua recuperação.

É a primeira vez que Nathan passa tanto tempo fora da clínica sem dar tanto trabalho. Os seis primeiros meses do ano foram bem complicados e parece que meus pais estão bem atentos a tudo que pode acontecer com Nate.

Por melhor que ele pareça, eu sinto seu distanciamento e sei que nem tudo está tão bem assim. Só ele mesmo deve saber o que está passando e sentindo dentro do seu próprio corpo, no seu coração. Meus pais se preocupam com isso mais do que tudo ultimamente.

Não acho que seja certo que eu envolva minha mãe em meus problemas idiotas. Desabafar ou sequer mencionar a menor das dúvidas sobre meus sentimentos nesse momento seria muito egoísmo. Não é um grande problema, mas conhecendo a minha mãe como eu conheço, sei que ela vai levar muito a sério e começar a ficar de olho em mim também.

Já foi difícil convencê-la a me deixar dormir em uma casa separada da sua nessas férias, ainda que sejam vizinhas, imagina se eu for falar sobre a aproximação confusa e sutil que estou tendo com Daniel. Ela vai encher sua cabeça de preocupações desnecessárias por minha culpa e eu não quero ser um problema a mais na vida dos meus pais. Posso me resolver sozinha quanto a isso.

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